terça-feira, 26 de outubro de 2010

AUMENTO DE SALÁRIO

Ir.: Valdemar Sansão

O verdadeiro aprendizado acontece depois que você acha que já sabe tudo!

AUMENTO DE SALÁRIO – É a elevação de um Grau a outro, que lhe é imediatamente superior. Tem a denominação genérica de elevação. Segundo os graus, estas cerimônias têm outrasdesignações como: passagem, exaltação, iniciação, eleição, nomeação, investidura, consagração. Na Maçonaria de Ofício, ou seja, nas corporações operativas, o salário era real e feito pelo senhor, ou patrão, das obras; na Maçonaria atual, a dos Aceitos, ele é simbólico e recebido na formade ensinamentos e doutrinação, na Coluna que lhe compete, através do Vigilante dessa mesma Coluna. O aumento de salário depende da aprovação da Loja e envolve, evidentemente, certas condições de merecimento e avaliação do aperfeiçoamento do Obreiro. Isto é medido através dos trabalhos prestados, da freqüência às Sessões da Loja e das provas de conhecimento do Grau em que o Maçom se encontra. Ninguém pode ter aumento de salário sem ter mérito e sem ter adquirido os conhecimentos necessários para isso, devendo ser justificados por uma conduta irrepreensível no mundo maçônico e no mundo profano, além da idade exigida
constitucionalmente e pelo interstício necessário. As Instruções louvadas em um guia seguro (Ritual do Grau) são aulas expostas didaticamente pelas quais vamos nos redescobrindo até despertar nosso interior. É a compreensão das leis da vida maçônica. Aprendemos a conhecer-nos, a crer em nós mesmos e a crer no Grande Arquiteto do Universo, que é Deus. Aprendemos que o homem é alguma coisa mais do que um simples animal que traja roupas e que a sua natureza íntima e divina, ainda que a sua divindade se conserve oculta, adquire o hábito da Virtude, a aluminação da Inteligência e a purificação da Alma que o faz refletir, pois, sem isso, o homem seria um animal entregue aos mais grosseiros instintos. Com o Cinzel, dá forma e regularidade a massa informe da Pedra Bruta. Por ele aprende que a Educação e a Perseverança são precisas para chegar a perfeição; Aprende, também, que o homem não é simplesmente um fenômeno da vida ou um joguete da casualidade, mas uma potência e o Criador e o destruidor da casualidade. Por meio de sua força interior vencerá sua indolência, libertarse-á da ignorância. Então sentirá amor por tudo o que vive e se constituirá em poder inexaurível para o bem da espécie, neste mundo de permutas, de confusões, de vicissitudes e de incertezas. Aprende que o objetivo da Maçonaria para o futuro é que o homem aja, então, com toda a justiça e ame seu irmão como a si mesmo, porque ele e seus semelhantes são parte de um todo e que o todo é “Uno”; ele não pode ferir o seu irmão sem ferir a si mesmo.Desbastadas as asperezas, a Pedra Bruta étransformada em Pedra Polida. Recomenda o Ritual do 1º Grau que todos os membros de uma Loja devem se esforçar quanto possível, para compreenderem as vantagens dos ensinamentos das instruções. Apresenta mensagens que devem ser assimiladas para que tenham sempre em mente o dever de pautarem seus atos individuais de todos os dias, por esse rico e antiqüíssimo manancial de sabedoria. O Aprendiz tendo recebido a LUZ e podendo caminhar sozinho no T..., embora ainda auxiliado pelos conselhos dos IIr... e pela experiência dos MM..., sente-se responsável por si mesmo e sabe que seus pensamentos, palavras e obras devem demonstrar, sempre, a consciência de seu juramento ao ingressar no Templo do Ideal cujo serviço aceitou livremente, sem constrangimento, nem restrição de espécie alguma. A vontade de evoluir oportuniza-lhe chances de crescimento e de progresso. O uso persistente e tenaz dessa
faculdade soberana permite-lhe modificar sua natureza, vencer todos os obstáculos. Aprende a meditar, a concentrar-se, sintonizando com as esferas superiores e com as nobres aspirações.
Conhecendo passo a passo, a extensão dos recursos que nele germinam, fica deslumbrado, não mais teme o futuro, tampouco se julga fraco. Conhece, agora, o templo Simbólico, e sabe perfeitamente que ele não se constrói com pedras e madeiras, mas com Virtude, Sabedoria, Força, Prudência, Glória, e Beleza; enfim, com todos os elementos morais que devem ser ornamento dos Maçons. Consciente de si mesmo compreende seus recursos latentes, sente crescer dia-a-dia suas forças na razão de seus esforços, acredita na possibilidade de ele próprio alterar seu presente e seu futuro. Assim ele há de se conservar firme na vontade inabalável de enobrecer-se e elevar-se. Atrai, com o auxílio de seus Mestres e de sua inteligência, riquezas morais e constrói para ele uma personalidade melhor. Concluídas as instruções de Aprendiz nos sete meses de vivência maçônica, diz-se que o instruendo está apto a galgar o segundo degrau para elevação, representada como subida, fazendo-se reconhecer que todos somos Irmãos, aprendendo a eliminar o apego, o egoísmo, a intolerância, a intranqüilidade, a desarmonia. Sabe também que tudo que recebemos de Deus, devemos irradiar para todos, sem buscarmos qualquer recompensa. Em se tratando de “aumento de salário” o maçom é honrado pela concessão do ingresso em uma nova coluna, trocando os instrumentos de trabalho para melhor se ajustar na busca de outras luzes. É um erro julgar que podemos fazer tudo sozinho, sem o auxílio dos demais. É também um equívoco acreditar que o trabalho só sairá bom se formos nós os executores. Nenhum de nós sabe e pode tudo, nosso saber e poder são relativos. Todos estamos na condição de Aprendizes, em regime de interdependência, destinados a aprender uns com os outros o que ignoramos. Também deverá ser apurado o que o candidato haja feito em favor dos semelhantes, quais os cuidados que tenha dispensado ao seu próprio aprimoramento pessoal. Uma advertência que poderíamos considerar é de que não pode ser homem de bem aquele que não é justo. Contudo, não deixamos de ser injustos e imperfeitos pelo simples fato de abraçarmos os princípios maçônicos: “Um erro muito freqüente entre alguns neófitos é o de se julgarem “justos e perfeitos” após alguns meses de estudo. Há nessa pretensão de não mais necessitar de conselhos e de se julgar acima de todos, uma prova de incompetência, pois não atende a um dos preceitos da Ordem: tornar-se sempre um elemento Humilde, de Paz, de Concórdia, de Harmonia no seio da Maçonaria. Não são apenas os novos adeptos; muitas vezes, alguns mestres, antigos e experientes, equivocadamente, também pensam assim. Depois, quando, no término do trabalho de aperfeiçoamento moral, simbolizado pelo desbastar das asperezas dessa massa informe, a que chamamos Pedra Bruta, pela Fé e pelo Esforço, conseguimos transformá-la em
Pedra Polida, então sim, deve ter lugar o “aumento de salário” concedido com consciência tranqüila, a fim de que, mais tarde, tais decisões não venham a dar causa a arrependimentos. Apta à construção do edifício, podemos descansar o Maço e o Cinzel, para empunharmos outros utensílios, subindo a escala da hierarquia maçônica, ou seja, recebendo o merecido AUMENTO DO SALÁRIO.

Fonte de Consultas:
- Dicionário Etimológico Maçônico (Castellani)
- Ritual do Simbolismo Aprendiz Maçom do REAA (GLESP)
- Bem-Vindo à Maçonaria – Valdemar Sansão (aguardando publicação)

MONTE HERMON – MONTES DE SIÃO – MONTE MORIÁ

Ítalo Aslan/M.:M.:(*)

“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os Irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e que desce para a gola de suas vestes.É como o orvalho do Hermon, que desce sobre os Montes de Sião. Ali ordena o Senhor a Sua benção e a vida para sempre.”

MONTE HERMON

Em hebraico significa “Montanha Sagrada”. Em árabe, “Montanha do Xeque” ou “Monte Nevado”. Seja qual for o seu significado, em qualquer língua, é a mais exuberante e pujante montanha de Israel. Do alto de seu topo, a mais de 2800m, quase sempre coberto de neve, esparrama o frescor e a vida por sobre uma região aquecida e inóspita existente ao seu redor. Por ser o ponto mais elevado da costa leste do Mar Mediterrâneo, e totalmente coberto pela neve durante o inverno e a primavera, seu degelo é importante para o fluxo do Rio Jordão, fronteira natural entre Israel e a Jordânia, cujas águas se despejam no Mar Morto. É o Baal-Hermon, citado em Jz cap. 3, vers. 3, referindo-se aos “povos pagãos no meio de Israel”, “que habitavam as Montanhas do Líbano, desde o Monte Baal-Hermon, até a entrada de Hamate”. Hamate era uma cidade e reino da Síria. Fazia parte dos domínios de Salomão, tendo este, na ocasião, mandado construir as cidades-armazéns. Era Hamate um recinto sagrado, uma fortaleza, situada no vale do Rio Orontes que nasce na Cordilheira do Antilíbano, a uma altitude de cerca de 1800m e, com uma extensão de 571 km, passa pelos territórios do Líbano, da Síria e da Turquia, indo desaguar no Mar Mediterrâneo, já no litoral turco. Importante centro comercial, tornou-se conhecida, não só por isso, mas também em virtude de seu avançado, para a época, sistema de irrigação que, através de grandes rodas, elevava a água do Rio Orontes até a cidade alta. Hoje é conhecida pelo nome de Hama, e pertence ao território sírio. Com a morte de Salomão, Hamate tornou-se estado livre, conservando a sua independência por algum tempo, até ter sido conquistada sucessivamente e passado ao domínio de vários povos. No Liv. I Cr cap.5 vers. 23, lê-se: “os filhos da meia tribo de Manassés habitaram naquela terra de Basã até Baal Hermon, e Senir e o Monte Hermon; e eram numerosos”. Basã refere-se a uma região ao norte da Palestina e Baal Hermon nos dá a idéia da reverência e do respeito em que era tido o Monte Hermon pelos adoradores de Baal, entre eles os romanos e os drusos. Era o Hermon considerado sagrado para esses adoradores. Os povos semitas ocidentais adotaram e passaram a reverenciar diversos deuses com o nome de Baal, todos com características semelhantes. Baal, El e Mot constituíam as principais divindades dos cananeus. Baal era o deus da fertilidade, associado à tempestade e à chuva. El, o deus da prudência da maturidade. E Mot era o senhor da seca e da morte.Com ele Baal travava lutas periódicas. Com relação ao termo Senir, vemos em Deut cap. 3 vers. 9: “os sidônios a Hermon chamavam Siriom; porém os amorreus lhe chamavam Senir”. Eis, portanto, que os amorreus chamavam o Hermon de Senir. Esses amorreus, a que se refere esse versículo, constituíam um povo guerreiro que habitava a Babilônia no século III a.C. e do qual, suspeita-se, tenha se originado a dinastia dos Hamurabis. Alguns autores consideram cananeus e amorreus como relativos a um só povo; são nomes diferentes, mas atribuídos aos membros da mesma tribo semita, provenientes da Arábia e que invadiram a região por volta do século XXIII a. C. Assim, tem sido o Hermon conhecido historicamente por Siriom e Senir. O termo “sidônio”, constante no citado versículo do Deut cap.3, refere-se aos habitantes de Sidom, porto marítimo ao norte da Palestina. Eram famosos nas artes, manufaturas, comércio e marinha. No livro I de Rs cap.5 vers. 6 e no livro I Cr cap.22 vers. 4 constam que cooperaram na construção do Templo de Salomão. Homero relatou a presença de seus navios no cerco de Tróia.

MONTE DE SIÃO

Do grego Sion e derivado de Tsiyon, “elevado”, “monte”.Originalmente era o nome dado especificamente à fortaleza jebusita próxima da atual Jerusalém. Refere-se a uma das três colinas que formam o planalto sobre o qual Jerusalém foi construída. Era o local onde se situava a casa da realeza, sendo, por isso, muitas vezes, chamada a “cidade de David”. Outras vezes refere-se a toda a Jerusalém. O trabalho crítico sobre a Bíblia feito pelos Judeus, considerou para Jerusalém, entre outras, a forma Yerushalem: Yeru (cidade) e Shalem (Deus). Segundo o pesquisador Pr. Enéas Tognini, o nome aparece em textos antiqüíssimos. Em egípcio aparecem grafados Rusalimun e Urusali-Mum. E em aramaico bíblico, Yeruselem. O lugar onde está situada hoje a cidade de Jerusalém era conhecido por Shalem, simplesmente. Significa Paz. Após o episódio do quase sacrifício de Isaque, Abraão passou a chamar o lugar de Yireh, isto é, “Deus vê”, ou “Deus providencia”. Este nome (Yireh) unido ao anterior (Shalem) originou a palavra Yerou-Shalaïm: “Deus proverá a paz”. No início do 3º milênio a.C., os primeiros habitantes de Jerusalém fixaram-se na Colina Ofel, posteriormente chamada de Sião, local que se elevava por sobre três grandes vales, lugar ideal e preferido devido as suas características de segurança, sob o ponto de vista militar, bem como sob o aspecto da subsistência, por estar situado próximo a mananciais de água e de rotas de caravanas. A partir dos meados do século XIV a.C., começam os jebuseus a serem citados nos textos orientais. Eram eles habitantes de Jerusalém, acreditando-se que se trata de um nome que se referia a uma mistura constituída de amorreus, hititas e cananeus. A cidade tornara-se, então, um grande centro cosmopolita, de feição social complexa e heterogênea, desempenhando um papel de destaque na política do Oriente Médio. Ocupava, ainda, uma posição privilegiada como ponto de confluência de várias rotas de comunicação de toda a região. Registra-se que, por volta do ano 1000 a.C., David tomou de assalto a fortaleza jebuséia de Sião, tendo o rei Ornam e os seus moradores aceitado a conquista judaica, constituindo-se, com isso, a monarquia unificada sob David e Salomão. Após a vitória, a fortaleza passou a chamar-se “cidade de David” (livro 2 de Sm cap. 5 vers. de 6-9), tendo sido para lá levada a “Arca da Aliança”, e o monte, a partir de então, a ser considerado sagrado. Palavras de Yitzhak Rabin, em setembro de 1995, dois meses antes de ser assassinado por um ativista compatriota: “Três mil anos de história nos contemplam hoje, na cidade de cujas pedras a antiga nação judaica se ergueu; e deste ar de montanha, 3 religiões absorveram sua essência espiritual e sua força... Três mil anos de história nos contemplam hoje, na cidade onde as bênçãos dos sacerdotes judeus misturam-se aos chamados mulzins muçulmanos e aos sinos das igrejas cristãs; onde em cada alameda e em cada casa de pedra foram ouvidas as admoestações dos profetas; cujas torres viram nações se erguerem e caírem – e Jerusalém permanece para sempre... Três mil anos de Jerusalém são para nós, agora e eternamente, uma mensagem de tolerância entre religiões, de amor entre povos, de entendimento entre as nações”.

MONTE MORIÁ

Local onde Abraão ofereceu seu único filho Isaque em holocausto a Deus ( livro de Gen cap. 22 vers. 1-18 e Alcorão;Surata Al-Safat 37:102-110).No citado cap. e vers. do livro de Gen lê-se: Dirigindo-se a Abraão, “Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes, que eu te indicarei”.Deriva do hebraico MORRIYYAH, com o sentido de “no monte onde Javé é visto”.
Situado na parte sudeste de Jerusalém, David o conquistou ao jebuseu Ornam, com o propósito de ali construir um altar, sendo que, posteriormente, lá Salomão mandou edificar seu fabuloso Templo. David deixou a seu filho essa portentosa tarefa pois não estava apto para tal: suas mãos eram de um guerreiro, “maculadas com muito sangue”. Por ter sido o local para o qual se dirigiu Abraão para oferecer seu filho Isaque a Deus, o Monte Moriá foi sempre muito venerado pelos judeus. Impedindo Deus que se consumasse o sacrifício do pequeno Isaque, demonstrou o Seu repúdio às imolações de seres humanos que, por vezes, eram praticadas pelos cananeus. Ficou também sobejamente demonstrada a fé do Patriarca hebreu, o primeiro a divulgar publicamente a sua crença em um único Deus, Criador do Universo, e a conseqüente desaprovação aos demais deuses, ineficazes na construção da felicidade humana. Foi, então, Abraão hostilizado pelos cananeus e outros povos. Tendo sido Isaque salvo do sacrifício, com a direta interferência de Deus, adquiriu o local um respeito sagrado, e foi, por isso, chamado EVEN HE SHETIYAH (“A Pedra Angular do Mundo”; “A Base do Mundo Inteiro e seu Centro”). Os sábios de Israel disseram: “E foi chamada a Pedra de Fundação, porque o mundo foi fundado nela”... Legitima-se ainda mais essa veneração: foi ali que Javé apareceu a David (I Cron 21:18), justificando o local do futuro templo. Etienne Dahler, professor de Filosofia e estudioso da Bíblia, autor do livro “Lugares Bíblicos”, referindo-se a Jacó, cita o vers. 11 do cap. 28, do livro de Gênesis: “Chegou a um lugar, onde se dispôs a passar a noite”. O que ocorreu é conhecido: como o sol já havia se posto, Jacó “tomou uma das pedras do lugar e fê-la de travesseiro” ... “e sonhou: eis posta na terra uma escada, cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela.” Em seguida erigiu uma coluna e derramou óleo por cima, chamando o lugar de Betel “Casa de Deus”. Etienne Dahler considera então que o lugar onde o sonho se passou já eraconhecido dos patriarcas, que lhes era familiar, sendo, portanto, segundo Dahler, insistimos, “certamente, o lugar do famosovsacrifício de Isaac” e que este lugar “é, sem dúvida, o Monte Moriá”. Palavras e conclusões do Sr. Etieene Dahler. Após algumas providências, no 4º ano de seu reinado (961 a.C.), Salomão entregou-se à tarefa de construção da Casa do Senhor, no Monte Moriá. No livro I de Reis e no II de Crônicas descrevem-se a magnificência da obra. Concluído o Templo, as doze tribos passaram a ter um centro religioso, político e cultural em Jerusalém. Dali os sacerdotes anunciavam a Palavra do Senhor, ali eram celebradas as festas e consumados os sacrifícios. Salomão morreu em 922 a.C.. Após a sua morte, brigas políticas internas cindiram o reino em dois: Israel ao norte e Judá ao sul. Os registros bíblicos acusam: “a divisão fora um castigo de Deus pelos casamentos entre diferentes raças e religiões”.

CONCLUSÃO
Ficamos com a impressão, quase certeza, não fossem algumas informações, às vezes, confusas, que nos oferecem alguns versículos da Bíblia, que os nomes Monte de Sião e Monte Moriá referem-se ao mesmo local. No versículo 48 do cap. 4,27 de Deuteronômio, lê-se:“...ao monte Siom, que é Hermon”. E em outra: “... ao monte Sirion, que é Hermon”. São nomes diferentes referindo-se ao mesmo monte. Esta majestosa montanha, como é sabido, situa-se a mais de 2800 m de altura e o Monte de Sião, onde se localiza Jerusalém, está a cerca de 1000 m acima do nível do mar. Para ser mais claro: os amorreus (cujo rei era Siom) chamavam o Hermon de Senir e os sidônios o chamavam de Sirion. Confundem-se os dois “montes”, de nomes diferentes, no que se narra sobre eles, quando olhados com suas respectivas denominações. David conquistou a fortaleza jebuséia de Sião que passou a se chamar “Cidade de David”. Tinha ele um propósito para o local: levar para lá a “Arca da Aliança”, construída de acordo com as orientações de Javé diretamente a Moisés. A “Arca” se constituía para o povo judeu, o povo escolhido por Deus, como o objeto representativo da própria divindade, por conter as duas tábuas com o Dez Mandamentos, um pote de Maná e o Cajado de Arão, que floresceu. Construiria, então, David, no local, um tabernáculo que abrigaria a “Arca”. Não poderia ser maior a força que envolvia tal símbolo para o povo judeu. E as suas virtudes sacratíssimas se difundiam, certamente, sobre tudo que o abrangia. Estavam, portanto, os Montes de Sião/Moriá destinados a serem sacramentados com essa qualidade divina e sobrenatural. Ali, no Monte indicado por Javé, repugnou Ele os sacrifícios de seres humanos, impedindo Isaque de ser imolado pelas mãos do pai. Naquele local, ainda por intervenção divina, ergueria David o Altar que abrigaria a sacra relíquia. E, finalmente, não foi outro o local escolhido, através das mãos limpas de Salomão, para a construção do famoso Templo. O “Elevado” (Tsyion) “onde Javé é visto” (Morriyyah) viu nascer sobre ele a cidade (Yeru) de Deus (Shalem), a Yerushalem. Ali surgiram as três principais religiões monoteístas. Jerusalém constituiu-se em cidade sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos. Nela coexistem. O Muro das Lamentações, o Domo da Rocha e a Igreja do Santo Sepulcro permitem essa coexistência.

FONTES CONSULTADAS
1) A Bíblia Sagrada (Antigo e Novo Testamento); traduzida em Português por João Ferreira de Almeida; Sociedade
Bíblica do Brasil; Rio de Janeiro.
2) ASLAN, Nicola; Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia; 1ª Edição da Editora “A Trolha”;
Londrina/PR; 1996.
3) MACKEY, Albert G.; An Encyclopaedia of Freemasonry; The Masonic History Company; Chicago, New York,
London; 1925.
4) Enciclopédia Mirador Internacional; Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda; São Paulo Rio de Janeiro;
1976.
5) DAHLER, Etienne; Lugares Bíblicos; Editora Santuário; Aparecida/SP; 1997.
6) Internet

O MAIS ANTIGO DOCUMENTO DA MAÇONARIA OPERATIVA

O Poema Regius, de 1390 d.C., é o mais antigo documento maçonico conhecido ???? Não, nada disso.
O mais antigo documento da Maçonaria Operativa não é inglês, mas sim italiano, da Emilia Romagna e é datado do ano de 1248 d.C. É a verdadeira certidão de nascimento da Maçonaria Operativa. Foi redigido em Latim. O original encontra-se no Arquivo de Estado da cidade de Bologna.Intitula-se:
STATUTA ET ORDINAMENTA SOCIETATIS MAGISTRORUM TAPIA ET LIGNAMIIS
Este documento mostra-nos que em 1248 d.C., há 757 anos atrás, a Maçonaria era caracterizada por: Ser composta só por homens. Ser formada por Mestres e Aprendizes (não havia Companheiros). Admitia membros não operativos nobres, tabeliões e frades). O tempo de aprendizagem era de cinco anos. Na admissão o candidato prestava juramento (primeiro artigo
dos estatutos). As reuniões eram registradas em Acta. Pagava-se uma mensalidade e uma taxa de admissão, exceção feita para os filhos dos mestres. A sociedade dos Mestres Maçons tinha um secretário, comissão de finanças e um hospitaleiro. A postura e o uso da palavra eram disciplinadas durante as reuniões. Os dirigentes eram eleitos com mandato para período
determinado. Havia sessão de Pompas Fúnebres quando falecia um dos membros.
A Sociedade não era só católica; como era protegida pela Igreja, as reuniões eram realizadas na então catedral, a igreja de São Pedro (atualmente a catedral de Bolonha é outra, dedicada a São Petrônio) ou na casa do Bispo.São 61 artigos do mais puro espírito Maçônico.
EIS O SEU TEXTO QUE DISPONIBILIZAMOS NO SITE DA GRANDE LOJA NACIONAL PORTUGUESA, traduzido para AntónioFadista (Brasil):Na cidade de Bolonha – Itália, em 1248 Ano Domini, há portanto 757 anos atrás - foi redigido o primeiro documento maçônico conhecido. O "Statuta Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamiis" ou "Carta de Bolonha", foi redigido originariamente em latim por um notário, por ordem do Magistrado (Prefeito) da cidade de Bolonha, Bonifacii De Cario, no dia 8 de agosto de 1248. Atualmente, este documento faz parte do acervo do Arquivo de Estado da Cidade de Bolonha. Tão importante documento foi incompreensivelmente ignorado pelos estudiosos da história da Maçonaria – por mais que as causas de seu esquecimento sejam óbvias, dado o empenho generalizado de ressaltar somente as origens inglesas da Maçonaria, apesar do documento ter sido publicado por A. Gaudenzi em 1899 no nº 21 do Boletim do Instituto Histórico Italiano, sob o título "As Sociedades das Artes de Bolonha" seus Estatutos e seus Membros. O arquivo que corresponde à "Carta de Bolonha" é integrado por documentos datados de 1254 e de 1256 e foi reproduzido integralmente e com fotografias do original em um livro intitulado "Em Bolonha, Arte e Sociedade, desde suas Origens até ao Século XVIII", publicado em 1981 pelo Collegio dei Costruttori Edili di Bologna.
Consciente da importância maçônica de tal documento, o Irmão Eugenio Bonvicini o publicou em 1982 juntamente com um Ensaio de sua autoria, apresentado oficialmente no "Congresso Nacional dos Sublimes Areópagos da Itália do Rito Escocês Antigo e Aceito" reunido naquele ano em Bolonha. A Revista Pentalfa, de Florença, publicou um resumo do trabalho do Irmão Bonvicini em 1984. Este trabalho também foi reproduzido por Carlo Manelli sob o título "Maçonaria em Bolonha" (Editorial Atanor, Roma, 1986). Eugenio Bonvicini também voltaria a publicar o mesmo trabalho, sob o título "Maçonaria do Rito Escocês" (Editorial Atanor, Roma, 1988). Indubitavelmente, a "Carta de Bolonha" é o mais antigo de todos o documentos maçônicos (original) sobre a Maçonaria Operativa. É anterior, em 142 anos, ao "Poema Regius" (1390); 182 anos em relação ao Manuscrito Cooke (1430 / 40); 219 anos em relação ao "Édito de Estrasburgo" reconhecido pelo Congresso Ratisbona em 1459 e autorizado pelo imperador Maximiliano em 1488; e antecede em 59 anos o "Preambolo Veneziano dei Taiapiera" (1307).
O conhecido historiador espanhol, especializado em Maçonaria, padre Ferrer Benimeli, em seu comentário sobre a "Carta de Bolonha" diz (traduzido do Italiano): "Tanto pelo aspecto jurídico, quanto pelo aspecto simbólico e representativo, o Estatuto de Bolonha de 1248 com os documentos a ele anexados nos põem em contato com uma experiência construtiva que não era conhecida e que interessa à historiografia internacional moderna, sobretudo à Maçonaria porque o situa, por sua cronologia e importância, até agora desconhecida, à altura do "Poema Regius" inglês, em relação ao qual é muito mais antigo e que até agora era considerado o trabalho mais antigo e mais importante da Maçonaria". A "Carta de Bolonha" confirma o texto das Constituições de Anderson de 1723. Anderson declarou na ocasião tê-las redigido depois de consultar antigos documentos e regulamentos da Maçonaria Operativa da Itália, Escócia e de muitos lugares da Inglaterra. Revisando o texto do "Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamiis" não resta a menor duvida de que este foi um dos estatutos e regulamentos consultados por Anderson. Os estatutos de 1248 foram continuados pelos de 1254/1256, publicados em 1262, 1335 e 1336. Este último vigorou inalterado até
1797 na "Società dei Maestri Muratori" (Sociedade dos Mestres Maçons) quando foi dissolvida por Napoleão Bonaparte. Em 1257 foi feita, de comum acordo, a separação entre os Mestres Maçons e os Mestres Carpinteiros, até então uma única Corporação de Ofício que, embora separados em suas respectivas Assembléias, eram governados pelos mesmos dirigentes. No mesmo "Arquivo de Estado de Bolonha" existe uma relação dos membros da Sociedade, datada de 1272 e ligada à "Carta de Bolonha" e que contém 371 de nomes de Mestres Maçons (Maestri Muratori), entre eles, 2 tabeliães, 2 frades e 6 nobres. Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamiis Carta de Bolonha, 1248 e.·. v.·.Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Ano do Senhor de 1248. Estatutos e Regulamentos dos Mestres Maçons e dos Mestres Carpinteiros Abaixo estão os Estatutos e Regulamentos da Sociedade dos Mestres Maçons e dos Mestres Carpinteiros, feitos em honra de Deus, de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Virgem Maria e de todos os Santos, para honra e felicidade da cidade de Bolonha e da sociedade dos ditos Mestres, em respeito aos atuais e futuros dirigentes da cidade de Bolonha, e sob os Estatutos e Regulamentos atuais e futuros da comuna de Bolonha. E que todos os Estatutos abaixo entrem em vigor a partir de hoje, oitavo dia do mês de agosto de 1248.
I - O Juramento dos Mestres: Nós, Mestre Maçom ou Mestre Carpinteiro, pertencente à Sociedade dos ditos Mestres, juro, em honra de nosso Senhor Jesus Cristo, da Virgem Maria e de todos os santos, e em honra aos dirigentes atuais e futuros e para a felicidade da cidade de Bolonha, aceitar e obedecer as ordens do Magistrado e de todos os que governem a cidade de Bolonha, aceitar e obedecer todas e cada uma das ordens que me derem o presidente e os oficiais da sociedade dos mestres maçons e carpinteiros, em honra e pelo bom nome da sociedade, e conservar e manter em bom lugar a sociedade e os seus membros, e manter e conservar os estatutos e regulamentos da tal sociedade como eles foram feitos, tanto agora quanto no futuro, em tudo obedecendo os estatutos e regulamentos da comuna de Bolonha, ficando determinado que a tudo isso fico obrigado com a entrada para a sociedade, ficando livre dessas obrigações somente no caso de vir a ser excluído (da mesma sociedade). E se um dia vier a ser convocado para dirigir a sociedade não o recusarei, mas ao contrário aceitarei o encargo e em consciência dirigirei e preservarei a sociedade e os seus membros. E distribuirei eqüitativamente as tarefas entre os sócios da sociedade de acordo com o que eu e o Conselho de Mestres julguemos mais conveniente. E que aplicarei as penas previstas nos estatutos da sociedade e, na ausência de regras estatutárias,aplicarei as penas determinadas pelo conselho de Mestres. E todas as sanções que inflija, qualquer que seja o motivo, as farei escrever em um livro e as transmitirei e as darei ao futuro presidente da sociedade. E as sanções, os fundos os bens e os estatutos da sociedade, bem como todos os seus livros e anotações os transmitirei ao meu sucessor na Assembléia da Sociedade que o eleja, de acordo com os estatutos, sob pena de uma multa de vinte salários bolonheses. E os inspetores de contas (comissão de finanças) estão obrigados a controlá-las e a dar o seu parecer durante a Assembléia da Sociedade, a menos que a isto os impeça decisão unânime ou por maioria do conselho da Sociedade, ou ainda desde que exista uma boa razão para tal impedimento. E se, como oficial, desejo impor qualquer contribuição para o sustento da Sociedade explicarei, em primeiro lugar, as minhas razões ao Conselho, que se pronunciará, por unanimidade ou por maioria.
II - Das injúrias contra os oficiais ou contra o Presidente: Estatuímos e ordenamos que, se algum dos membros da sociedade proferir injúrias contra os oficiais ou o presidente, ou ainda contra o secretário, ou se os acusa de mentir, seja o mesmo punido com o pagamento de dez salários bolonheses.
III - Das sanções para os membros que não compareçam às reuniões da Sociedade: Estatuímos e ordenamos que todo o membro da Sociedade, convocado pelos oficiais ou pelo presidente para comparecer à Assembléia que congrega a sociedade é obrigado a comparecer, sempre que isto lhe seja pedido ou ordenado, sob pena de multa de seis denários. Ainda que não seja convocado, cada membro se obriga a comparecer à reunião no penúltimo domingo de cada mês, sem convocatória, de boa fé, sem engano e sem fraude. A isto ele está obrigado por juramento. Do mesmo modo, nenhum membro se pode retirar da reunião sem a autorização dos oficiais e do presidente, sob pena de multa de doze denários bolonheses. A não ser que, em ambos os casos, tenha acontecido um impedimento real, que esteja doente ou em viagem a serviço fora da comuna de Bolonha, em cujos casos poderá invocar como desculpa o juramento de obrigação de serviço. Se for encontrado em falta e se a sua desculpa for enganosa, que seja punido com uma
multa de doze denários bolonheses.
IV - Da eleição dos Oficiais, do Presidente e das reuniões da Sociedade: Fica determinado que uma sociedade de mestres maçons e carpinteiros é obrigada a ter oito oficiais, como também dois presidentes, um para cada Ofício da sociedade; e devem ser repartidos eqüitativamente pelos bairros, e eleitos por listas na assembléia da sociedade, de modo que em cada bairro haja dois Oficiais, sendo um para cada arte. E que o mandato do presidente e dos oficiais seja de seis meses, sem direito a reeleição. E que providenciem para que a sociedade se reúna e se congregue no segundo domingo de cada mês, sob pena de multa de três salários bolonheses todas as vezes que não cumprirem esta norma estatutária, a menos que estejam impedidos por razões de força maior. Acrescentamos que o filho de um Mestre não poderá constar de uma lista eleitoral se for menor de quatorze anos. Por outro lado, o seu pai não é obrigado a introduzi-lo na Sociedade se ele não tiver ainda aquela idade. E que nenhum Mestre aceite nenhum aprendiz que não tenha, pelo menos, doze anos de idade, sob pena de multa de vinte salários, sendo nulo o contrato que não observar a idade mínima do aprendiz.
V- A ilegibilidade do filho ou do irmão do eleitor : Fica determinado que não pode ser eleito Presidente ou Oficial da Sociedade o irmão ou o filho do votante, e que será anulado o voto dado nestas condições.
VI- Da obediência dos Mestres aos Oficiais e ao Presidente: Estatuímos e ordenamos que se algum membro da sociedade deve a outro mestre uma soma de dinheiro por causa do seu ofício, ou se um mestre, que os mestres que têm diferenças entre eles estejam sujeitos aos preceitos que os Oficiais Maçons e Carpinteiros estabeleçam entre ambos, sob pena de multa de dez salários bolonheses.
VII- Como e de que modo os Mestres entram na Sociedade e quanto eles devem pagar pela sua admissão: Fica estipulado que os Mestres Maçons e Carpinteiros que desejem ser admitidos na Sociedade paguem uma taxa de dez salários de Bolonha, se forem moradores da cidade ou do condado de Bolonha; se não forem nem da cidade nem do condado de Bolonha, deverão pagar vinte salários bolonheses. E que todos os membros atuem de modo a que todos os Mestres sejam admitidos na Sociedade. E que esta prescrição seja irrevogável, e que ninguém seja isento de nenhum modo, salvo se ao menos a décima parte da sociedade decidir em contrário, ou ainda que o candidato seja filho de um membro da sociedade, que neste caso ficará isento de pagamento da taxa de admissão. E se o Presidente ou os Oficiais apóiam na reunião alguém a quem desejam isentar da taxa de dez ou vinte salários, que ele ou eles sejam penalizados em dez salários, que irão para o caixa da Sociedade. Se algum outro membro da Sociedade ou do Conselho usar da palavra para defender a isenção da taxa para qualquer candidato, deverá ser penalizado com cinco salários bolonheses. E se algum Mestre tem filhos que durante anos tenham aprendido as artes com seu pai, então seu pai deve providenciar a sua entrada para a Sociedade, isento de taxa de admissão, conforme já mencionado acima. Se não providenciar a entrada dos filhos para a Sociedade, o Mestre será penalizado em vinte salários, além de continuar obrigado a trazer os filhos para a Sociedade. O presidente e os oficiais são responsáveis por todos os valores devidos pelos candidatos admitidos na Sociedade, além dos quatro denários para as missas e das multas aplicadas durante o seu mandato. E que os candidatos prestem juramento ao serem admitidos na Sociedade. E que o presidente deverá providenciar para que cada candidato admitido pague, em menos de trinta dias os dez salários, se for da cidade ou do condado de Bolonha, ou vinte salários se for de outra localidade. E se o presidente e os oficiais não receberem e recolherem estes valores ao caixa da Sociedade devem fazê-lo com dinheiro do próprio bolso, além de pagar uma compensação pelo atraso, de modo a garantir a sociedade até oito dias depois do fim do mês. E que os auditores (comissão de finanças) tudo controlem como estabelecido acima, de modo a punir os responsáveis de acordo com o estatuto da sociedade se as contas não estiverem corretas. Estas são as regras para os que desejam aprender a arte e entram em vigor hoje, 08.03.1254. Além disso, fica estabelecido que os que não tiveram Mestre para aprender a Arte devem pagar três libras bolonhesas para entrar na Sociedade.
VIII- Que nenhum Mestre prejudique outro Mestre no seu trabalho: Fica estabelecido que nenhum Mestre Maçom ou Carpinteiro pode prejudicar outro Mestre pertencente à Sociedade dos Mestres, aceitando uma obra já iniciada por outro, depois que a mesma lhe tenha sido assegurada e formalmente prometida, ou ainda que tenha conseguido a mesma obra de alguma outra maneira. A menos que se algum mestre aparece antes que a obra lhe tenha sido formalmente prometida e assegurada e aquele lhe pede uma parte, este é obrigado a dar-lhe uma parte se o outro o exigir. Porém se um acordo para a realização de tal obra já tiver sido feito, se não quer, não está obrigado a dar-lhe uma parte da obra. E quem o prejudicar que seja punido com uma multa de três libras bolonhesas. E os oficiais devem recolher ao caixa, no prazo de um mês, as multas previstas no Estatuto, uma vez que a infração tenha ficado clara e manifesta para eles, respeitando os estatutos e ordenamentos da comuna de Bolonha. E que as multas dêem entrada no caixa da Sociedade e nele permaneçam.
IX- Da prestação de contas e de sua ação administrativa pelo Presidente: Estatuímos e ordenamos que o presidente da Sociedade dos Mestres deve prestar contas aos auditores no prazo de um mês após o término do seu mandato, a não ser que esteja autorizado pelos novos oficiais e do conselho da Sociedade, ou esteja impedido por motivo de força maior. O Presidente é obrigado a prestar contas de todos os recebimentos e de todas as despesas ocorridas durante o seu mandato. E que todos os Mestres admitidos na Sociedade durante o seu mandato tenham seus nomes anotados em um caderno especial, que mostre se pagaram a taxa de admissão. Para isso, toda a contabilidade deve estar com o Presidente. E que todas as Escrituras e tudo que tenha relação com os bens da Sociedade, o Presidente é obrigado a entregá-las por escrito ao seu sucessor na assembléia da Sociedade, de modo tal que os fundos da Sociedade não possam ser objeto de fraude. E se o Presidente omitir fraudulentamente qualquer informação, que seja punido com a multa de vinte salários bolonheses. E que restitua em dobro qualquer valor que tenha retido fraudulentamente em seu poder. O ex-presidente é obrigado a entregar ao novo presidente todos os fundos da Sociedade, tanto a Contabilidade quanto os valores, no primeiro ou
segundo domingo após ter deixado o cargo. O novo Presidente não está autorizado a prorrogar por mais de quinze dias o prazo para o ex-presidente prestar contas. Que esta prescrição seja irrevogável e que o presidente que a infringir seja punido com a multa de vinte salários bolonheses a serem pagos à Sociedade.
X- Da eleição dos inquisidores de contas (comissão de finanças): Ordenamos que os inquisidores de contas sejam escolhidos ao mesmo tempo que os oficiais, e que eles sejam dois, um para cada Ofício. Estes inquisidores são obrigados a controlar as contas do presidente e dos oficiais durante os seus mandatos. Se descobrirem fraude ou dolo, devem denunciá-los para que sejam condenados a devolver em dobro os fundos que tiverem retido em seu poder. Os inquisidores devem atuar de modo que os que cometerem fraude sejam condenados no prazo máximo de um mês depois que termine o seu mandato. A condenação ou absolvição dos suspeitos de fraude deve acontecer com a Sociedade reunida em assembléia. No caso de omissão em suas funções, os inquisidores serão punidos com a multa de dez salários, além de serem destituídos de seus cargos, exceção para os casos de força maior ou no caso de terem autorização dos oficiais e do conselho da Sociedade.
XI- Da transcrição das decisões do Conselho (da Loja): Para assegurar que a discórdia jamais se instale entre os sócios, fica estipulado que todas as decisões da sociedade dos mestres maçons e carpinteiros sejam transcritas em livro próprio, e que o presidente e os oficiais estejam obrigados a fazê-las cumprir, sob pena de multa de cinco salários bolonheses.
XII- Que e o Presidente e os Oficiais estejam obrigados a uma única prestação de contas durante o seu mandato:
Determinamos que o Presidente e os Oficiais estão obrigados a uma única prestação de contas de todas as receitas e despesas efetuadas durante o seu mandato. E que a análise e aprovação de contas dispensa uma nova prestação de contas, a menos que haja denúncias e acusações de haverem cometido dolo ou fraude e de haverem se apoderado indevidamente dos fundos da comuna ou da sociedade. E que esta prescrição seja válida tanto para o passado quanto para o futuro.
XIII- Dos deveres dos Mestres, uns em relação aos outros: Estatuímos e ordenamos que sejam cumpridas todas as normas estabelecidas pelo Presidente e pelos Oficiais, em conjunto ou isoladamente, no que se refere a valores e demais assuntos referentes à Arte, sobre os quais um Mestre tenha se compromissado com outro Mestre. E que estas normas sejam cumpridas no prazo de dez dias. E se o Mestre a quem tenha sido ordenado o cumprimento de uma norma (no sentido de pagamento de uma dívida) não a cumprir no prazo de dez dias, o Presidente e os Oficiais são obrigados, nos cinco dias seguintes, a dar ao credor uma hipoteca sobre os bens do devedor a fim de ressarcir totalmente o valor da dívida. A critério do Presidente ou dos Oficiais, o devedor pode ser penalizado com uma multa de cinco salários bolonheses; que isto seja irrevogável e que o devedor, se for convocado pelos Oficiais para se explicar com o Presidente não comparecer, seja penalizado com a multa de doze salários. E que esta mesma multa seja aplicada todas as vezes que o intimado não compareça para se explicar.
XIV- Quando um Mestre contratar outro Mestre para trabalhar: Estatuímos e ordenamos que, se um mestre tem uma obra contratada por empreitada ou a diária, e ele deseja ter um outro mestre para trabalhar consigo e ajudá-lo a realizar a obra, ele é obrigado a pagar ao outro mestre o preço por ele estipulado, a menos que o mestre contratante seja o presidente ou os oficiais da sociedade, que contratem o outro mestre para trabalhar para a comuna da cidade de Bolonha. E que todo aquele que se oponha a esta norma que seja penalizado, a critério do presidente ou dos oficiais.
XV- Quanto devem ter por retribuição os mestres oficiais e o presidente: Estatuímos e ordenamos que o presidente e os oficiais eleitos devam receber cinco salários bolonheses durante o seu mandato de seis meses. E que tais oficiais e presidente estão obrigados a receber todas as multas, sanções e contribuições antes de terminarem o seu mandato, cada um em seu bairro de atuação. E se isto não acontecer, que sejam obrigados a pagar à sociedade do seu próprio bolso um valor igual ao que não tenham recebido. E que os oficiais e o presidente sejam inelegíveis durante um ano após o término de seus mandatos. E prescrevemos que os oficiais não recebam salários nem dinheiro e que só o presidente receba integralmente os salários e o dinheiro e que antes de sua saída do cargo o presidente pague aos oficiais os seus salários, usando os fundos dos membros da sociedade.
XVI Das velas que a Sociedade pagará pelos Mestres falecidos: Estatuímos e ordenamos que sejam compradas duas velas à conta dos membros da sociedade, para que sejam acesas pelo presidente da sociedade, e que pese cada uma dezesseis libras (7,264 kg), devendo ser colocadas junto ao corpo, quando do falecimento de algum mestre.
XVII- Da ajuda a que todos os Mestres estão obrigados junto a um membro falecido, quando convocados: Estatuímos e ordenamos que, se algum de nossos membros for chamado ou citado para acudir à família de um membro falecido e não se apresentar, que pague, a título de multa, doze denários bolonheses, a menos que estivesse autorizado para isso, ou ainda por motivo de força maior. O corpo do falecido deve ser conduzido à sepultura por membros da sociedade. E o procurador da sociedade deve obter da assembléia o valor de dezoito denários bolonheses que por falecimento de um de seus membros seja entregue à sua família. E se o procurador não
tomar essa providência ele deverá pagar à sociedade dezoito denários a título de multa. E que os oficiais e o presidente sejam os responsáveis pelo recebimento desta quantia.
XVIII- Do dever que têm os oficiais de assistir e aconselhar os membros doentes: Estatuímos e ordenamos que, se um de nossos membros adoecer, os oficiais têm o dever de visitá-lo e dar-lhe assistência e conselho. E se vier a falecer e não deixar meios para ser sepultado, que a sociedade o faça sepultar honrosamente às suas custas. Para isso, o presidente está autorizado a gastar até dezsalários bolonheses, no máximo.
XIX- Que os mensageiros viajem à custa dos que foram punidos e que se recusam a pagar as suas multas: Estatuímos e ordenamos que os futuros presidentes e oficiais, se fixarem alguma fiança a um mestre da sociedade, devido a contribuições ou punições, recebam também dele todos os gastos feitos com o envio de mensageiros da comuna de Bolonha para receber estes valores, de modo tal que a sociedade não tenha nenhuma despesa para receber o que lhe é devido. E os oficiais e o presidente que porventura façam gastos com os mensageiros, que o façam por sua conta, a menos que estejam autorizados pelo conselho ou pela sociedade. E se o responsável pelo gasto do mensageiro não permite que ele o faça, que seja punido com a multa de três salários bolonheses todas as vezes que ofato se repita.
XX- Sobre os que assumem compromissos contratuais: Estatuímos e ordenamos que, se alguém se comprometer com outra pessoa por contrato, sem que tenha permanecido e cumprido o tempo contratado ao lado do seu mestre ou patrão, que não seja recebido por nenhum mestre da sociedade sem que tenha cumprido integralmente o tempo contratado, e que nenhuma ajuda nem assistência lhe seja dada pelos que tiverem conhecimento de tal fato. E que todo aquele que descumprir esta prescrição, que seja punido com a multa de vinte salários bolonheses.
XXI- Que cada um só receba a bênção uma única vez Estatuímos e ordenamos que nenhum membro da sociedade vá receber mais de
uma vez, e que todo aquele que não cumprir este preceito seja punido com a multa de seis denários bolonheses todas as vezes que reincidir na falta.
XXII- Que ninguém abençoe a si próprio: Estatuímos e ordenamos que, se alguém abençoar a si próprio, seja penalizado com a multa de seis denários bolonheses todas a vezes que cometer esta infração.
XXIII- Que ninguém se aproxime da extremidade do altar: Estatuímos e ordenamos que todo aquele que se aproximar da extremidade do altar mor da igreja seja castigado com a multa de três denários bolonheses todas as vezes que cometer esta infração.
XXIV- Da divisão eqüitativa das tarefas entre os Mestres: Estatuímos e ordenamos que, se um oficial ordenar a um mestre de seu bairro que se dedique a um trabalho municipal, tratando-o eqüitativamente em relação aos demais mestres, e este não aceita o trabalho, que o mesmo seja punido com dez salários bolonheses. E nenhum mestre deve escolher qualquer mestre maçom ou
carpinteiro para trabalhar na comuna (prefeitura) da cidade de Bolonha. Todo aquele que não cumprir esta norma seja punido com vinte salários bolonheses. Os oficiais que estejam na cidade no dia das eleições, devem fazer tal eleição repartindo eqüitativamente os mestres pelos bairros. E se um oficial não tratar eqüitativamente um mestre, por dolo ou fraude, ou se age movido por sentimentos pessoais ou ressentimento que tenha contra ele, e sendo isto claro e manifesto, que seja punido com vinte salários bolonheses, salvo se for convocado por autoridade da comuna para ocupar-se em obra do município de Bolonha, caso em que poderá aceitar o trabalho sem ser penalizado ou multado.
XXV- Em uma reunião da Sociedade dos Mestres, que ninguém use da palavra para opinar, a não ser sobre as propostas do presidente e dos oficiais: Estatuímos e ordenamos que ninguém deve pedir a palavra para falar e pedir a palavra para dar a sua opinião, a não ser sobre as propostas encaminhadas pelos oficiais ou o presidente. Àquele que não cumprir esta norma, seja aplicada a multa de doze salários bolonheses. E que pague sem restrição esta soma, ou que se empenhe.
XXVI- Que todos mantenham o silêncio quando alguém usa da palavra para apresentar alguma proposta durante as reuniões dos Mestres: Estatuímos e ordenamos que, se algum membro usar da palavra sem que a mesma lhe tenha sido concedida depois que os oficiais ou o presidente apresentaram uma proposta ao plenário, que o mesmo seja penalizado no valor de três denários, que deve pagar de imediato. E que, em obediência aos seus juramentos, os oficiais ou o presidente recebam esta quantia, ou então que a paguem à sociedade do próprio bolso.
XXVII- Do pagamento do mensageiro: Estatuímos e ordenamos que a Sociedade tenha um mensageiro para cada dois bairros da cidade de Bolonha, e que cada um deles ganhe trinta salários bolonheses por ano. Os mensageiros são responsáveis por apanhar as velas na residência do presidente e levá-las ao local do velório, no caso de falecimento de um dos membros da sociedade. Além do salário, os mensageiros receberão também um denário, pago por quem os ocupar, todas as vezes que forem chamados para realizar qualquer trabalho.
XXVIII- Onde e de que modo os membros da sociedade deverão se reunir, por um Mestre falecido: Estatuímos e ordenamos que, se o defunto morar no bairro da Porta de Steri, os membros da sociedade se reunirão na igreja de São Gervásio. Se for do bairro de São Próculo, a reunião será na igreja de Santo Ambrósio. Se for do bairro da Porta de Ravena, os membros se reunirão na igreja de Santo Estevão. Se o defunto for do bairro da Porta de São Pedro, a reunião será na igreja de São Pedro. Os mensageiros deverão avisar de que bairro é o falecido ao convocar os membros da sociedade. No caso de não informarem o bairro do falecido, os mensageiros serão penalizados com dois salários de Bolonha todas as vezes que isso aconteça.
XXIX- Que cada membro da sociedade esteja obrigado a pagar quatro denários por ano para as missas: Estatuímos e ordenamos que cada membro da sociedade dos mestres seja obrigado a pagar quatro denários todos os anos, para custear as missas, e que os oficiais se responsabilizem por receber estas somas dos mestres.
XXX Que nenhum Mestre pode receber um aprendiz por tempo inferior a quatro anos: Estatuímos e ordenamos que ninguém da sociedade deve, de nenhum modo nem maneira, tomar e amparar um aprendiz, por tempo inferior a quatro anos, e isso na condição de dar-lhe dois pães por semana (os pães italianos são grandes), duas galinhas no Natal e vinte salários bolonheses em cinco anos. E quem não cumprir o prazo mínimo de quatro anos, que seja penalizado com três libras de Bolonha. E aquele que não cumprir com o pagamento de vinte salários, com os pães e com as galinhas, que seja punido com vinte salários bolonheses, todas as vezes que isso ocorrer. Prescrevemos também que, a partir de hoje e de agora em diante, todas as atas sejam feitas pelo secretário da sociedade, na presença de, pelo menos, dois oficiais, e que devem ser escritas em livro que estará sempre de posse do presidente. E quem não cumprir com esta norma, que pague a multa de três libras bolonhesas. E que isto seja irrevogável.
XXXI- Que cada um seja obrigado a mostrar aos oficiais o contrato de seu aprendiz, no prazo de um ano, a partir do momento em que tomou o aprendiz: Estatuímos e ordenamos que cada membro da sociedade é obrigado, no prazo de um ano, a partir do momento em que tomou um aprendiz, a mostrar a Ata aos oficiais da sociedade. Todo aquele que não cumprir com o estatuído, que seja sempremultado em cinco salários bolonheses.
XXXII- Que ninguém tome por aprendiz alguém que não seja da cidade ou da comuna de Bolonha, ou ainda que já seja empregado de outra pessoa: Estatuímos e ordenamos que nenhum membro da sociedade pode amparar nem deve tomar como aprendiz alguém que já tenha trabalho ou que seja de outro território. E quem não cumprir esta norma que seja multado em seis salários bolonheses. Também prescrevemos que, se algum membro da sociedade tomar uma criada para sua mulher, que ele seja punido com a multa de dez libras b bolonhesas e que seja excluído da sociedade. E esta norma seja irrevogável.
XXXIII- Que os mestres sejam obrigados a fazer os aprendizes entrarem para a sociedade ao completarem dois anos de aprendizado: Estatuímos e ordenamos que todo o mestre seja obrigado a fazer entrar para a sociedade o aprendiz, ao completar dois anos de aprendizado., e a receber do aprendiz uma boa e idônea garantia com relação à sua entrada para a sociedade.
XXXIV - Que nenhum membro da sociedade trabalhe para alguém que esteja em dívida com algum mestre da sociedade: Estatuímos e ordenamos que ninguém da sociedade trabalhe, por empreitada ou a jornal, para alguém que deva alguma coisa a um mestre da sociedade em função de sua arte, tão logo tenha conhecimento do assunto, ou tão logo ele seja denunciado por um mestre ou pelos oficiais da sociedade. E quem não cumprir com esta norma, que seja punido com a multa de vinte salários bolonheses. E que os oficiais sejam obrigados a impor esta multa no prazo de oito dias depois que o assunto lhes tenha ficado claro e manifesto.
XXXV- Que a sociedade tenha o prazo de duração de dez anos: Da mesma maneira, ordenamos que a sociedade deva durar os próximos dez anos ou mais tempo, segundo o decida a sociedade, ou a maioria, através de escrutínio.
XXXVI- Que nenhum membro da sociedade apresente queixa dos oficiais ante o magistrado ou o seu tribunal: Igualmente, ordenamos que nenhum mestre da sociedade possa nem deva, de nenhum modo nem maneira, comparecer ante o magistrado ou seu tribunal para apresentar queixa contra os oficiais. E todo aquele que descumprir esta norma, que seja penalizado com a multa de três libras bolonhesas. E que esta norma seja irrevogável.
XXXVII- Sobre a publicação destes Estatutos: Estes estatutos foram lidos e tornados públicos na assembléia da sociedade convocada pelos mensageiros na forma do costume, no cemitério da igreja de São Próculo no oitavo dia de agosto do ano do Senhor de 1248, no governo do Senhor Bonifácio de Cario, magistrado de Bolonha.
XXXVIII- Que o presidente e os oficiais sejam obrigados a receber as contribuições dos Mestres: Estatuímos e ordenamos que o presidente dos mestres da sociedade seja responsável pelo recebimento das contribuições, sanções ou multas, durante o seu mandato. E se ele não receber estas somas, que ele as pague do próprio bolso, em dobro, a título de multa. E que o secretário e o mensageiro também sejam obrigados a ajudar o presidente a receber estas quantias. E se eles não o ajudarem, que sejam penalizados, cada um,com a multa de cinco salários bolonheses.
XXXIX- Que o mensageiro da sociedade permaneça na sua função pelo prazo de um ano: Ordenamos que cada mensageiro da sociedade permaneça na função durante um ano, e que receba por seu trabalho a soma de quarenta salários bolonheses.
XL Do Secretário da Sociedade: Estatuímos e ordenamos que o presidente e os oficiais devem contratar um bom secretário para a sociedade, e que o mesmo deve permanecer na função pelo prazo de um ano. Ele deve anotar os recebimentos e as despesas do presidente, fazer todas as escrituras e suas alterações, bem como os Estatutos da Sociedade, pelo que deverá ter a retribuição dequarenta salários bolonheses.
XLI- Da obrigatoriedade de haver dois livros com os nomes de todos os Mestres da Sociedade: Estatuímos e ordenamos que haja dois livros iguais, com os nomes de todos os Mestres da Sociedade. Um destes livros ficará sob a guarda do presidente, enquanto que o outro ficará sob a guarda de um Mestre. Em caso de falecimento de um Mestre, o seu será apagado dos dois livros.
XLII- Das contas que devem ser prestadas pelo presidente e pelos oficiais: Estatuímos e ordenamos que tanto o presidente quanto os oficiais devem prestar contas no penúltimo domingo do mês, sob o altar de São Pedro.
XLIII- Da montagem de um painel de controle: Estatuímos e ordenamos que, a partir desta data, os oficiais em exercício preparem um painel com os nomes de todos os mestres de seu bairro, considerando o seu número de inscrição na sociedade. Isto para que, quando tiverem de encaminhar algum mestre para o serviço na comuna de Bolonha eles o façam de modo a não prejudicarem os demais mestres. E aquele que não cumprir esta norma será punido com cinco salários de multa deles/delas com o propósito disso que ninguém sinta-se prejudicado.
XLIV Que nenhum mestre calunie a sociedade: Estatuímos e ordenamos que, se algum membro caluniar ou proferir injúrias a respeito da sociedade, que seja punido com vinte salários mínimos todas as vezes que isso acontecer. Que esta norma seja irrevogável e que os oficiais se encarreguem de receber as somas referentes a estas multas, ou que paguem em dobro do seu próprio bolso.
XLV Do mandato dos Oficiais: Estatuímos e ordenamos que após o término de seu mandato os oficiais devem ser deixar as suas funções. Adendos aos estatutos dos mestres.
XLVI Que as sociedades deverão se reunir separadamente: Estatuímos e ordenamos que a sociedade dos maçons e a sociedade dos carpinteiros deverão reunir-se e tomar suas decisões em separado, cada uma com seus mestres e oficiais. E isto, de tal modo que não façam reuniões conjuntas, a menos que os oficiais das duas sociedades decidam reunir em conjunto as duas sociedades, a dos maçons e a dos carpinteiros. Neste caso, os oficiais de ambas as sociedades farão em conjunto a prestação de contas a todos os mestres, que podem pedir explicações duas vezes por mês, ou seja, dois domingos por mês.
XLVII- Da retribuição dos redatores dos estatutos: E também estatuímos e ordenamos que os quatro comissionados para a redação dos Estatutos, deverão receber cada um dois salários bolonheses em pagamento.
XLVIII- Da fabricação de uma vela: E também ordenamos que seja fabricada, à custa da sociedade, uma vela de uma libra, que estará sempre acesa nas missas mandadas rezar pela sociedade.
XLIX- Das velas a serem dadas anualmente à Igreja de São Pedro: E também estatuímos e ordenamos que, a cargo da sociedade, se dê anualmente à igreja de São Pedro, catedral de Bolonha, (a catedral atual é dedicada a São Petrônio) por ocasião da festa de São Pedro, no mês de junho, quatro velas de uma libra. E que os futuros oficiais estejam obrigados a cumprir esta norma, sob pena de multa de cinco salários bolonheses para cada um deles.
L- Que um mestre que conceda licença ao seu aprendiz antes do final do período de aprendizado não possa receber outro: Estatuímos e ordenamos que o mestre da sociedade dos maçons que conceda licença ao seu aprendiz antes do final do período de aprendizado de cinco anos não poderá tomar outro até o aprendiz completar o período de cinco anos, sob pena de multa de quarenta salários bolonheses.
LI- Da compra de um pálio para a sociedade: Estatuímos e ordenamos que o presidente e os oficiais no cargo, usando os fundos da sociedade, adquiram no próximo ano um bom pálio para a sociedade, e que esse pálio sirva para cobrir os membros mortos da sociedade, bem como os seus parentes. E que a ninguém que não esteja ligado à sociedade seja permitido ficar debaixo do pálio.
LII- Da retribuição do conselho de anciãos: Estatuímos e ordenamos que o conselho de anciãos da sociedade dos mestres maçons seja eleito pelos oficiais desta sociedade. E que este conselho receba cinco salários bolonheses pelo período em que durar o seu mandato, ou seja, seis meses. E se o conselho não completar o mandato, que este pagamento seja proporcional ao tempo em que
permanecer em atividade.
LIII- Que o presidente e os oficiais estejam obrigados à prestação de contas: Estatuímos e ordenamos que os oficiais e o presidente da sociedade estejam obrigados a prestar contas a cada membro da sociedade dos maçons e a todas pessoas alheias à sociedade que queiram saber sobre a arte dos maçons.
LIV- Que se deve manter a postura durante as reuniões dos mestres da sociedade: E além disso também estatuímos e ordenamos que são proibidas as conversas paralelas e os risos durante as reuniões dos Mestres, e que todo aquele que descumprir esta norma que seja multado no valor de vinte salários bolonheses.
LV- Que o local das reuniões da sociedade seja a Igreja de São Pedro: E também estatuímos e ordenamos que a sociedade se reúna para apreciar todos os seus assuntos na Igreja de São Pedro ou no palácio do senhor Bispo. E que os funcionários da sociedade doem para a Igreja de São Pedro três velas de uma libra. E que a missa da sociedade seja celebrada nesta igreja.
LVI- Que deverá haver vários mensageiros no caso de falecimento de um mestre da sociedade: Também estatuímos e ordenamos que na ocorrência do falecimento de algum dos membros da sociedade os oficiais podem contratar um ou mais mensageiros, para
congregar todos os mestres junto ao corpo do defunto, pagando-lhe como melhor lhes pareça, a cargo do caixa da sociedade..
LVII- Sobre os que não pagam o dinheiro das missas: E nós também estatuímos e ordenamos que, se alguém não pagar os quatro denários para as missas dentro do prazo fixado pelos oficiais, que entregue em dobro ao mensageiro que irá a sua casa para receber esta soma.
LVIII- Das cópias dos estatutos da sociedade:Também estatuímos e ordenamos que sejam reescritos os estatutos da sociedade dos mestres maçons para que onde se diz maçons e carpinteiros diga-se somente maçons de modo que os estatutos da sociedade dos maçons sejam separados dos estatutos da sociedade dos carpinteiros. E que isto seja irrevogável.
LIX- Do pagamento que é necessário entregar ao mensageiro da sociedade: E nós também estatuímos e ordenamos que, se um membro da sociedade não entregar ao mensageiro o pagamento que lhe é pedido por parte dos oficiais, nenhum outro mestre deverá trabalhar para ele, sob pena de multa de vinte salários bolonheses, todas as vezes em que ocorra esta infração, a menos que assim haja a mandado dos oficiais.
LX- Da retribuição do secretário da sociedade: E nós também estatuímos e ordenamos que o secretário da sociedade tenha por retribuição, depois de seis meses, um pagamento de vinte salários bolonheses e não mais.
LXI- Da retribuição dos auditores ou comissão de finanças: Finalmente, nós também estatuímos e ordenamos que os auditores devam ter por retribuição cinco salários bolonheses e não mais.

(*)Texto enviado pelo Ir.: Vitorio Negri

sábado, 14 de agosto de 2010

MAÇONARIA VERSUS FANATISMO-Ir.: Valfredo Melo e Souza(*)

A Maçonaria em sua prática institucional condena veementemente o fanatismo em todas as suas formas. Fanatismo vem do latim fanaticus e quer dizer “o que acontece em um templo” (fanum, templo, lugar sagrado). O fanático é um escravo diante de um Senhor absoluto que pode ser, uma divindade, um líder mundano, uma causa suprema ou uma fé cega, irrefletida, inconsciente e, a maior parte das vezes, independente da própria vontade. O fanatismo é uma auto-sugestão que se sente através de uma paixão desordenada a que nos entregamos. Seus efeitos são maléficosquando se manifesta numa comunidade compacta, com diversas crenças e opiniões. O fanático, quase sempre, visa “salvar a humanidade do caos”, “combater as forças do mal”, “exorcizar demônios”. Assim existe fanatismo por uma religião, por uma seita, uma raça, por ideologias revolucionárias, um partido político, até mesmo por um time de futebol. Quantos místicos! Quantos charlatães! O movimento da Jihad islâmica contra os “infiéis do ocidente”, “a guerra aos terroristas do 11 de setembro” são exemplos de fanatismos perniciosos. São tão fanáticos os terroristas suicidas muçulmanos como os fundamentalistas cristãos norte americanos que atacam clínicas de abortos, perseguem homossexuais, proíbem o ensino da teoria evolucionista de Darwin nas escolas. Conta o escritor pacifista israelense Amós Oz (seu livro é ótimo: “Contra o Fanatismo”) que o fanático nos ama tanto que quer que sejamos como ele. O fanático não quer saber de conversa e de compromisso. Ele sabe melhor do que qualquer outro fanático, o que Deus realmente disse ou quer dizer. A essência do fanatismo, pois, reside no desejo de forçar as outras pessoas a mudarem. Ora, tem lugar para um tipo desse, na Maçonaria? Maçonaria é compromisso. Voluntário. Dedicado. Generoso. Uma Escola de Fraternidade. O fanatismo, a violência, a raiva, a vingança, o fundamentalismo, o racismo, são inimigos que não podem vicejar na Sublime Ordem. De vez em quando aparece um dublê de “fanático caseiro” que em Loja tenta reviver “o culto à personalidade”. Mas estes têm cura. A própria Ordem os coloca a meditar. É a harmonia dos contrastes. Um entre tantos mistérios da
Maçonaria. A moderação se apresenta como um antídoto que os fanáticos tanto odeiam. E a tolerância? Como eles tremem diante dela. E então abdicam do terrorismo em Loja. Não querem mais ter razão em tudo. Querem ser felizes dentro da Instituição com o que ela ensina, prega e oferece. Diz o romancista Amós Oz: “não faça só o amor, faça a paz”. Paz é um esforço que tem a ver com adesão a um compromisso que cura uma enfermidade terrível: a arrogância que leva o homem a procedimentos mesquinhos, tacanhos; E, no dizer do Rabino de Kotzk: “um fanático converte questões essenciais em questões marginais e questões marginais em questões essenciais”. Na verdade, com fé não há perguntas; sem fé não há respostas. Previne-se o fanatismo em Loja, com uma instrução de boa qualidade que desenvolva uma boa cultura geral. Vamos ter o homem bem adaptado para um convívio equilibrado, que sabe ouvir, ponderar e falar, livre das paixões que o cega para a prática do bem. É o princípio da busca da Verdade. Estudemos, pois!
(*) M.:I.: e membro da Academia Maçônica de Letras do DF

ECOS DO PASSADO-Ir.: Nelton Malavolta (*)

Caríssimos Irmãos,
Tendo hoje lido alguns tópicos em grupos, sobre cartas de manifestos dirigidas à nação e ao governo, emitidas pelo GOB, GOERJ, CMSB em momentos separados, em sinal de repudio e protesto à falta de vergonha e à roubalheira aos cofres públicos praticadas justamente por nossos representantes no governo, e do próprio governo, unidos a outros grupos de gangster, comecei então a fazer alguns questionamentos sobre nossa expressão de força, enquanto Ordem e, a esta atitude onde se busca encontrar retorno, neste momento, com este tipo de ação (cartas de manifesto), depois de refletir sobre o assunto, acabei chegando à conclusão de que muito pouco ou quase nada, em resultados de retorno isto nos trará. Pois hoje somos uma Maçonaria fracionada, onde irmãos “brigam” com irmãos, e inclusive alguns fazem “beicinhos”, mas somente com seus próprios irmãos, bem diferente do passado, então, que tipo de resposta esperamos ouvir agindo desta forma...? Nenhuma, pois eles (Governo), não nos vêem mais, como os detentores da força, da Unidade, da União, da verdadeira fraternidade universal. Creio eu, e esta é somente minha visão destes fatos, que deveríamos começar este movimento por dentro, escavando na própria carne, remexendo por trás da fachada das aparências. Acabando com a política interna dentro de nossa Ordem, exterminando também, com as vaidades, com o egoísmo, com a pavonisse, com as bobagens, com as coisas menores, com irmãos não reconhecendo irmãos, alguns, até tratando irmãos com desprezo e indiferença, começaríamos assim a dar novamente (alguns inclusive a aprender), nossos primeiros três passos, rumo a retidão, ao acerto, na busca da unidade, da força e da fraternidade universal, pois penso que este é o momento ideal para se fazer a história, como diz a famosa música, quem sabe faz a hora, não espera acontecer, e nós sabemos, pois a Ordem da qual fazemos parte já viveu momento igual, momento de dificuldades politicamente no País, e mostrou naquela oportunidade, a força da fraternidade, da unidade, da união, mas naquela época tínhamos Lideres, diferente de hoje, e uso como exemplo, Gonçalves Ledo e José Bonifácio, homens de grupos diferentes, mas que unidos pelo mesmo objetivo conquistaram êxito, trazendo os resultados esperados. (aqui temos o dever de fazer um parêntese, pois temos um erro histórico com o esquecimento irretratável pelos historiadores aos méritos de Gonçalves Ledo) que fique registrado. Esta é hora de trazermos à superfície, nossos ideais, ideais de uma maçonaria realmente universal e forte, irmãos unidos por pensamentos e objetivos, por uma causa maior, como ela própria já o fez no passado, precisamos com urgência recuperar nossa força de unidade, e isto somente acontecerá quando alguém com extrema capacidade de liderança e com muita habilidade de negociação apareça e, consiga através de muito trabalho, unir a todos os irmãos, de todas as Potências e a todos os Grãos Mestrados da América latina, que unidos conclamem, em um único, uníssono GRITO, para que todos os irmãos desembainhem suas espadas e juntem-se em busca da retomada das VIRTUDES, pela recuperação da VERGONHA e dos PRINCIPIOS MORAIS, creio que assim conseguiríamos então trazer, somados a este movimento, o povo, e aí sim, acredito com toda a certeza que encontraríamos ouvidos, e muitos, que nos escutassem. Os irmãos maçons que estão fazendo parte do governo teriam mais segurança para suas ações e ao mesmo tempo, aqueles que não estão no caminho da retidão em atitudes e atos, se sentirão ameaçados por lembrar-se de seus juramentos. Hoje, da forma como nos encontramos, não acredito que se consiga algum retorno, no Maximo, com esta forma de protesto, somente para mostrarmos, como uma parda lembrança, como fotos amareladas do passado (olha estamos aqui e estamos vendo tudo isto viu), e muito menos ainda, com atos isolados como falam alguns, pois em correntes com elos abertos e enfraquecidos não se pode imprimir força, sob o risco de rompê-la por completo e definitivamente, imagine um malho imprimindo força no cinzel, trincado, que trabalho conseguira fazer na pedra bruta...? Nenhum, pois o cinzel se romperia na primeira pancada. Vejo que hoje temos na verdade, uma carência ou ausência total de homens com boa formação de personalidade, e isto mundialmente, de homens que não se corrompam pelo poder, pela ganância, pela vaidade, pelo egoísmo, mostrando sim, senso de responsabilidade e liderança para que possa lidar com tanto poder como este dado aos governantes no exercício da democracia, que saiba, como um bandeirante abrir o caminho através da mata fechada, para seu povo encontrar o rumo da luz, da dignidade, da honra, da felicidade, da satisfação em poder sustentar sua família com seu trabalho, de leis que os ampare, de educação justa, do respeito, da saúde, de igualdade, de liberdade com segurança, da certeza de ter governantes justos e perfeitos. Meus irmãos, daria para ficarmos aqui escrevendo muito tempo, pois este assunto é muito rico para quem gosta de refletir sobre os acontecimentos atuais, traçando uma ligação comparativa e profunda da atuação de homens de nossa sublime Arte Real de hoje e do passado. Peço desculpas àqueles que não concordam com minhas palavras, mas parafraseando a meu mestre Astaphai, eu pensei, escrevi e ouvirei com tolerância.
“Julga tuas ações, como severo juiz.” (Pitágoras)
(*)Oriente de Florianópolis (SC)
N.:E.: (1) Com este artigo do Irmão Nelson Malavolta, recebido tempos atrás (mas que parece-nos, por enquanto, atemporal), estamos
inaugurando esta nova seção, com o mesmo título do referido artigo.
Solicitamos aos IIr.: que desejem colaborar e que tenham artigos históricos de nossa Ordem, que nos enviem.

SOBRE O IÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL-Paulo de Tarso


Meus Queridos Irmãos,
Há poucos dias eu distribuí um texto sobre a Pedra Fundamental, que teve até muita repercussão, pois parece que foi considerado um assunto interessante. Aquele texto havia sido feito para responder a um questionamento feito anteriormente, por outro Irmão.
Depois de divulgado, recebi uma pergunta que também pareceu-me interessante, agora por outro motivo, que envolve questão do simbolismo. Bem, essa matéria eu sabia que já tinha visto, mas o difícil era localizar a foto explicativa. Como agora achei, vou passar isto também para os Irmãos. A pergunta foi: como uma pedra desse tamanho (e sabendo-se que na antiguidade as pedras das construções utilizadas eram realmente grandes), era afixada por aquele único pino no topo da pedra, e depois era erguida com uma corrente e colocada em seu lugar, sem que o pino se soltasse e a pedra despencasse? Afinal, se essa pedra cúbica medisse uma jarda de lado, pesaria pelo menos umas 3 toneladas (dependendo do material, é claro)... A pergunta parece tola, mas realmente não é. A solução é uma das que comprovam (havia muitas outras questões do mesmo gênero) que os pedreiros da idade média tinham mesmo razão em guardar seus segredos, pois isso é o que lhes permitia ostentar o excelente status de que gozavam, a ponto de serem considerados "pedreiros-livres", ou seja, tinham autorização para livremente transitar entre as comunidades independentes de então, sem serem molestados, quando se dirigiam para novas obras, por exemplo. Eram até disputados. Bem, mais uma vez, a explicação está na foto anexa. Dêem uma olhada e retornem ao texto, pois não é tão simples de entender só com uma passada de olhos. Então: em primeiro lugar, uma solução engenhosa era mesmo necessária, porque não seria possível fazer um furo passante com uma porca ou um pino de trava do outro lado, por exemplo, porque no assentamento da pedra, dependendo do seu local definitivo, não haveria como tirar essa porca ou pino de trava do lado de baixo, porque a pedra despencaria FORA DO LUGAR, e seria bem mais difícil recolocá-la alinhada. Obviamente, pelo mesmo motivo não se poderia passar a corrente por baixo pedra: não daria para tirá-la depois que a pedra ficasse sobre ela. A solução encontrada: foi fazer um furo QUADRADO, ou RETANGULAR no topo da pedra, com um ponteiro e um maço normal de cantaria, mas furo esse que ia se alargando na medida em que se aprofundava na pedra, ficando com uma forma trapezoidal, se visto de lado, quadrado, ou retangular, se visto de cima e retangular se visto da outra lateral. Agora, reparem o que vai colocado dentro desse furo: são TRÊS peça de metal: a do centro tem a forma de uma PLACA com todos os lados em ângulo reto (noventa graus). Mas duas laterais, que são iguais, vão se alargando no fundo, uma para a direita e outra para a esquerda. Essas peças eram bem justas e tinham um furo na parte que ficava por fora da pedra. Então, para colocar as placas, colocava-se primeiro uma lateral e empurrava-se a mesma até ela se encaixar no alargamento do fundo. Depois, colocava-se a outra lateral, a qual era empurrada para o lado oposto, até também se encaixar no alargamento do fundo, do seu lado. Assim sobrava o vão no centro, onde era encaixada verticalmente a terceira peça, com o formato de placa, que descia reta no seu lugar e ali ficava. Sua função era só manter as outras duas afastadas entre si, para ficarem presas na pedra. Isso feito, era colocada a peça de metal em "U" invertido, ou seja, em forma de estribo, de forma que as três placas ficassem dentro do "U" e os cinco furos (dois do estribo e mais um de cada uma das três placas) ficassem alinhados. Por último, passava-se um pino de metal pelos cinco orifícios (do estribo e das três placas alinhadas), pino esse que tinha uma cabeça de um lado e era travado com um contra-pino passando na ponta que saia do outro lado das três placas. Pronto: agora a pedra estava pronta, com uma alça no topo, que não tinha como se soltar, a menos que se tirasse a trava, o pino, o estribo, a placa central e por último as duas placas laterais, uma de cada vez , tudo nessa ordem. Aí era só encaixar o gancho da corrente, passar a corrente pela carretilha, prender a carretilha em um suporte (geralmente um tripé de troncos resistentes ou algo assim), colocar o tripé sobre o local exato onde a pedra seria depositada, içar a pedra vagarosamente e com força braçal ajustá-la e descê-la até seu local definitivo, aí retirando-se todas a parafernália. rudimentar, mas altamente prática. Bem, agora vem a parte MAÇÔNICA: esse dispositivo recebeu um nome original em inglês, vindo do latim (porque o expediente já era usado pelos romanos) e por corruptelas, acabou resultando no nome "LEWIS". E foi levado como um dos ornamentos das lojas inglesas e escocesas, com seu simbolismo próprio, como todas as demais ferramentas e instrumentos dos pedreiros. Essa miniatura, inclusive com o tripé, fica (ou ficava, porque o costume é só no Reino Unido e por aqui pouquíssimas lojas o tinham) no canto NORDESTE DO TEMPLO, perto do Prim. Diác. Quanto ao simbolismo, o nome LEWIS serve também para designar o que equivaleria aos nossos Lowtons. E o significado simbólico, então, em alusão àquele grampo de metal que sustenta o peso da pedra e permite conduzi-la ao seu correto destino, seria o de FIRMEZA, APOIO AOS MAIS NOVOS, SEGURANÇA, DIRECIONAMENTO, por aí. É isso aí, meus Irmãos. Não deixem de ver e ANALISAR a foto, para entender bem. E se quiserem, guardem, pois parece-me muito pouco provável que isso esteja escrito tudo junto em algum lugar, já que ninguém presta atenção nesse tipo de detalhe, além de ser um costume praticamente inexistente fora da Inglaterra e da Escócia, ou de suas lojas "over-seas". Aos Aprendizes, em especial, muito cuidado para não confundir estes dois temas de que tratamos sob o título de Pedra Fundamental e Lewis, com a Pedra Cúbica que todas as lojas normalmente possuem na decoração, muito menos com a outra pedra, denominada Pedra Cúbico-Piramidal, Pedra Pontiaguda, Perfeito Silhar e outros nomes, que algumas lojas ainda mantêm no lugar da prancheta de traçar, que tem significado, simbolismo e uso totalmente diferente e algumas lojas ainda mantêm (do tempo das Lojas Capitulares, hoje extintas no Simbolismo). Isso ficou mal resolvido quando as Lojas Capitulares foram extintas, e a prova está aí: os rituais que ainda não foram mutilados, bem como toda a literatura de bom nível, falam que toda loja tem três jóias fixas e três moveis, que fazem parte dos equipamentos para que ela possa funcionar. E todos, ou pelo menos os mais antigos, devem lembrar-se de que as três jóias móveis são a Pedra Bruta, a Pedra cúbica e a Prancheta de Traçar. Bem, aonde foi parar a Prancheta de Traçar das lojas? Acho que ela SUMIU da maioria das Lojas, e o máximo que se encontra é um símbolo no Painel do Grau. Só que ela aparece no Painel do Gr. 1, no Painel do Gr. 2 mas NÃO APARECE NO PAINEL DO GRAU 3. Não vou conferir em todos os ritos, mas garanto de cabeça que no painel do REAA não aparece... Então, onde foi parar essa JÓIA MÓVEL, que nas instruções nós vivemos repetindo que está lá na Loja? Bem, nos idos tempos, ela deveria mesmo estar ali pelo NORDESTE DA LOJA, eu acho. Depois foi parar no Perfeito Silhar, ou Pedra Cúbico-Piramidal, ou Pontiaguda, etc. Depois esta sumiu de praticamente todas as lojas (ainda existem algumas) e,
no máximo, tem um resquício de desenho nos painéis citados. É isso aí, meus Irmãos. Qualquer horinha a gente conversa mais. E se alguém tiver mais informações, pode ir colocando para que eu vá completando meus dados também. Eu ainda tenho mais alguns dados interessantes sobre o
tema PEDRA FUNDAMENTAL, mas esta mensagem já ficou muito longa.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

LOJA DE MESTRES, UM MISTÉRIO

Ir.: Yasha Beresiner, M. I., M.R.A.
(Tradução de J. W. Kreutzer-Bach)

Em dezembro de 1996, tive o prazer de assistir, como um dos muitos fundadores, a consagração da Loja Montefiore Nº 78, a primeira Loja de Mestres Instalados da Grande Loja do Estado de Israel. O evento ocorreu num ambiente único, de 3.000 anos de idade: as pedreiras do Rei Salomão, no centro de Jerusalém. Conduzido pelo então Grão Mestre, Irm. Ephraim Fuchs, foi assistido por mais de 300 Irmãos de 24 Obediências, um reflexo da influência dos membros fundadores fora do Estado de Israel, especialmente da Inglaterra. Anos depois, estamos ainda discutindo sobre o que venha a ser uma Loja de Mestres Instalados. Entre os fundadores incluíam-se muitos Irmãos que participavam ativamente da Euclid Lodge of Installed Masters (Loja Euclides de Mestres Instalados) Nº 7464, sob a Grande Loja Unida da Inglaterra. Pudemos assim discorrer sobre o fenômeno das Lojas de Mestres Instalados, que começou na Inglaterra, mais para o final do século XIX. Em Israel, como na Inglaterra, surpreendentemente, as Lojas de Past Masters ou de Installed Masters não são mencionadas na Constituição. Esses títulos são usados de forma indiferente, embora existam diferenças. Enquanto uma Loja de Mestres Instalados admite Veneráveis e Past Masters, a Loja de Past Masters é constituída apenas de Irmãos que completaram seus termos como Veneráveis de suas respectivas Lojas. As Lojas de Past Masters são freqüentemente criadas por uma razão oucom um fim definidos.
Past vs. Instalados
A mui prestigiosa Gand Stewards´ Lodge (Loja dos Grandes Mordomos), que hoje figura no topo da lista de Lojas da Grande Loja Unida da Inglaterra e não tem número, é um exemplo clássico de uma Loja de Past Masters. Aqueles que, por alguns anos, haviam servido a Grande Loja como Stewards (Mordomos) reuniram-se como uma Loja pela primeira vez em junho de 1735, ainda sem Carta Constitutiva. Ela foi ratificada, três anos depois, no segundo Livro das Constituições, de Anderson, de 1738. Onovo Artigo XXIII estabelecia: “A pedido daqueles que tenham sido Stewards, a Grande Loja, em consideração a seus serviços prestados e futuros préstimos, ordena”:“1. Que se constituam numa Loja de Mestres, a ser chamada Stewards Lodge, a ser registrada como tal nos livros da Grande Loja e em suas Listas impressas, com a hora e o lugar de suas reuniões. [...]” .Inicialmente foi dado o número 117 à Loja. Em 1792, recebeu o nome de Grand Stewards´ Lodge e colocada no topo da lista das Lojas, sem ter um número. Ela manteve a mesma posição na época da União, em dezembro de 1813, e ali continua até hoje.Seus membros, hoje, permanecem sendo aqueles que ocuparam o cargo de Grande Mordomo, que, por sua vez , devem ter sidoPast Masters de uma das chamadas Red Apron Lodges (Lojas de Avental Vermelho). Essas são as dezenove Lojas que detêm o privilégio muito especial de indicar um de seus membros para ser nomeado Grand Steward pelo Grão-Mestre. De 1731 em diante, os aventais e colares usados pelos Grand Stewards e Past Grand Stewards são vermelhos, daí a referência a Lojas de Avental Vermelho. Dois outros exemplos de Lojas de Past Masters são as Lojas de Promulgação e de Reconciliação, especialmente criadas pela Primeira Grande Loja como preparação para a União das Grandes Lojas de Antigos e Modernos, em 1813. A Lodge of Promulgation foi formada em 1809 e consistia do Venerável Mestre, Vigilantes e 23 Maçons de posição, incluindo diversos Grão-Mestres Provinciais e Grandes Primeiros Vigilantes. Tinha por missão promulgar os antigos landmarks da Ordem entre os Irmãos e assegurar a uniformidade e a concórdia entre as Grandes Lojas dos Antigos e Modernos. A Lodge of Reconciliation foi formada em 7 de dezembro de 1813, poucos dias antes da União, que aconteceria em 27 do mesmo mês. O Duque de Sussex, indicado para ser o primeiro Grão-Mestre da recém-formada Grande Loja Unida da Inglaterra, estava bem a par dos problemas que enfrentaria entre eles a reconciliação dos trabalhos ritualísticos dos dois Corpos rivais. Assim, a Loja de Reconciliação foi formada, reunindo nove Irmãos experientes de cada uma das duas Grandes Lojas. A eles coube formular o Juramento e a Cerimônia de Instalação do Grão-Mestre. As Lojas de Past Masters freqüentemente tinham vida curta. As Lojas de Promulgação e de Reconciliação foram dissolvidas tão logo cumpriram suas missões. Lojas mais permanentes, como a Grand Stewards´s Lodge, a Scrutator Lodge (do latim, significando pesquisador. Investigador) nº 9379 e outras semelhantes, não trabalham a ritualística. Como os membros são convidados ou nomeados, não há cerimônias de Iniciação ou de Elevação de Grau, somente a de Instalação anual de um novoVenerável Mestre.Como dissemos, uma Loja de Mestres Instalados é um conceito novo, sendo a evidência mais antiga uma tentativa fracassada de estabelecer uma Loja nesses moldes na Província de Derbyshire, por volta da década de 1870. Hoje, as Lojas de Mestres Instalados desfrutam de um sucesso excepcional na jurisdição inglesa. Irmãos experientes e abertos reunim-se para ouvir palestras e discutir aspectos da Maçonaria que julgam importantes. As reuniões, sempre descontraídas e amigáveis, são o meio ideal para disseminar conhecimentos e informações às outras Lojas. As Lojas de Mestres Instalados têm proporcionado uma audiência cativa de Irmãos interessados, ideal para palestras e discussões dos mais variados assuntos de interesse maçônico.
Lojas de Mestres
Entretanto, muito antes, em nossa história, há evidências de um tipo similar de Lojas, as Masters´ Lodges (Lojas de Mestres). Uma antiga lista de Lojas, encontrada na Biblioteca Bodleian, em Oxford, e compilada, em 1733, pelo Dr. Richard Rawlinson, menciona a Loja Nº 116 (que abeteu Colunas em 1736), referindo-se a ela como uma Loja de Mestres. Nem uma Loja de
Mestres Instalados nem uma Loja de Past Masters, mas uma Loja de Mestres. Rawlinson era um Maçom ativo e Fellow da Royal Society, que deixou uma grande e importante coleção de documentos, muitos relacionados à Franco-Maçonaria, para a Bodleian Libracy, em 1755. Muita pesquisa foi feita para entender o significado dessas Lojas de Mestres, mas ainda não se chegou à conclusão de quais pudessem ter sido suas funções. A primeira listagem que temos das Lojas Maçônicas na Inglaterra aparece no primeiro Livro das Constituições, de Anderson, publicado em abril de 1723. Ao final do Regulamento Geral, uma listagem de duas páginas termina com os nomes do Grão-Mestre, Deputado do Grão-Mestre, Grandes Vigilantes e “os Mestres e Vigilantes de Lojas particulares”. A listagem tem vinte itens, com numeração em algarismos romanos, sem, entretanto, citar quais os locais de reunião, impedindo assim a identificação das Lojas, a não ser pelos nomes dos Veneráveis e Vigilantes das Lojas. A Primeira Grande Loja começou a publicar uma listagem separada dos locais de reunião das várias Lojas sob sua jurisdição,em diversas partes do mundo, as Engraved Lists of Lodges (Listas Gravadas de Lojas). Eram chamadas listas gravadas para diferenciá-las das listagens comuns, impressas tipograficamente, com tipos móveis. Cada Loja tinha seus dados gravados em placas de cobre individuais.(1)Este sistema permitia ao editor das lista, geralmente um gravador qualificado, acrescentar desenhos em miniatura dos letreiros e nomes das diversas tavernas em que as Lojas se reuniam e que lhes davam os nomes por que eram conhecidas naqueles primórdios. As Engraved Lists of Lodges foram as predecessoras imediatas dos almanaques Maçônicos ingleses, o primeiro dos quais apareceu em 1756. Em 1777, apareceram os calendários da Grande Loja – que desde 1908 têm sidos publicados como Masonic Year Books (Livros do Ano Maçônico), distribuídos a cada Loja inglesa, anualmente. Somente nas Listas Gravadas de 1729 apareceu a numeração das Lojas. Na Lista de 1733, como vimos, apareceu a Loja Nº 116, mencionada antes na lista de Rawlinson. Está também mencionada a Loja Nº 117, que se reunia na taverna King´s Arms(Armas do Rei). Essas duas eram Lojas de Mestres, como também a Loja Nº 120, que se reunia na Oate´s Coffee House.Essas Lojas de Mestres e muitas outras citadas em edições posteriores das Listas são, invariavelmente, afiliadas a uma Loja. Não eram Lojas independentes. Em outras palavras, a Lista Gravada, depois de fornecer os dados de uma Loja, declara, de passagem. “Domingos de Lojas de Mestres”. Diferentes das Lojas a que estavam afiliadas, estas invariavelmente se reuniam aos domingos. E com razoável freqüência. Não há registros de que uma Loja de Mestres tenha jamais sido constituída como uma entidade separada, nem tampouco de qualquer carta constitutiva em separado para uma delas. As Lojas de Mestre sempre fizeram parte de uma Loja Simbólica. Tanto assim que foram mencionadas como uma Loja dentro de outra. Poucas atas de Lojas de Mestre foram descobertas. As atas identificadas como tal referem-se apenas às relações entre elas e as Lojas simbólicas que lhes davam abrigo. Nem há qualquer referência ou qualquer detalhe acerca do trabalho ritualístico nelas executado.
Surge o Terceiro Grau
Julgando pelas aparências, a função mais óbvia de uma Loja de Mestres seria conferir o Terceiro Grau. Isso, aliás, parece ter suporte no fato de que as Lojas de Mestres apareceram na mesma época em que a Lenda de Hiram emergiu como um terceiro Grau em separado. Embora não saibamos nada do trabalho ritualístico das Lojas antes de 1730, pode-se afirmar que, até aquela
data, somente dois Graus eram praticados, o de Entered Apprentice (Aprendiz Registrado), como primeiro Grau, e Fellow of fhe Craft (Companheiro de Ofício) ou Master Mason (Mestre Maçom), como segundo.(2) Somente em 1730, com a publicação da famosa inconfidência de Samuel Prichard, Maçonaria Dissecada, é que um terceiro Grau – a Lenda de Hiram – algo semelhante ao que praticamos hoje, exceto pelo seu estilo de catecismo, apareceria como parte separado do ritual. O que fica muito claro, nesse período inicial de nossa história, é que a maioria dos Irmãos trabalhava um sistema de dois Graus e que estavam bem satisfeitos com isso. Ser um Companheiro do Ofício tinha um status de respeitabilidade, permitindo que o Irmão se tornasse Mestre de sua Loja, além de garantir-lhe muitos outros privilégios, incluindo qualificação para os postos na Grande Loja. Com o aparecimento e a lenta integração de um terceiro e novo Grau, dentro do sistema que até então somente tinha dois, a maioria das Lojas não estavam habilitadas a conferi-lo, simplesmente porque não tinham conhecimento ritualístico prático. O número de membros qualificados, capazes de trabalhar o Terceiro grau era mínimo e insuficiente para que as Lojas o conferissem. Assim, especula-se com alguma propriedade, foram criadas Lojas de Mestres especiais, dentro da estrutura de algumas das Lojas já existentes, cuja composição de Mestres Maçons experimentados lhes permitisse a missão de conferir esse Terceiro Grau a Irmãos devidamente qualificados. Mas, por mais razoável que seja essa teoria, não há nada em que ela possa se apoiar. Uma possibilidade, um tanto irônica, é que o sucesso da inconfidência de Prichard, Maçonaria Dissecada, (teve três edições em onze dias), publicado como um ataque aos Maçons, tenha acontecido porque os próprios Maçons compraram cópias do panfleto. Embora o suposto objetivo fosse permitir a não Maçons o acesso às reuniões Maçônicas, pela divulgação das cerimônias e dos alegados segredos da Ordem, o panfleto foi uma bênção para os Mestres Maçons contemporâneos, encarregados de conferir o novo Terceiro Grau. Aqui estava o equivalente de um ritual, com o Grau completo, acessível e impresso! As Lojas de Mestres constantes nas Listas Gravadas são relacionadas anualmente até 1737. Há, ainda, uma breve menção a elas, sem maiores comentários, na segunda edição (1738) do Livro das Constituições. Daí por diante, cessam abruptamente as referências a essas Lojas especiais. Uma explicação lógica para o desaparecimento das Lojas de Mestres das Listas é que, lá por volta de 1737-1738, uma década depois da adoção da Lenda de Hiram como um Terceiro Grau distinto, as maiorias das Lojas já dispunham de Mestres Maçons suficientes para conferir o Grau elas mesmas, sem necessitar de Lojas de Mestres em separado. E assim elas foram descartadas. Esse é o encadeamento lógico, ainda que sem comprovação definitiva, dos que acreditam que o propósito exclusivo das Lojas de Mestres tenha sido elevar os Companheiros ao terceiro e sublime Grau de Mestre Maçom. Mas não é o fim da história. Reaparecimento Depois de um lapso de 12 anos e, por assim dizer, sem aviso, as Lojas de Mestres aparecem novamente nas Listas Gravadas de 1750, continuando então ininterruptamente até a época da União, em 1813. Por que essa necessidade de reviver as Lojas de Mestres após 1750? Os argumentos baseados na utilidade delas para conferir o Terceiro Grau já não fazem sentido. Uma das respostas plausíveis é que o reaparecimento delas teria ocorrido para acomodar a recente e crescente popularidade doReal Arco. Não há indicação de quando ou mesmo onde começou a Maçonaria do Real Arco. A primeira evidência que temos está num panfleto datado de 1744, intitulado A Serious and Impartial ENQUIRY Into the Cause of the present Decay of Freemasonry In the Kingdom of Ireland (Uma investigação Séria e Imparcial das Causas da presente Decadência da Franco-Maçonaria no Reino da Irlanda), do Dr. Fifield Dassigny.(3) A partir de 1750, há indícios de atividades no Real Arco em Londres, individualmente, por Maçons pertencentes à Primeira Grande Loja, apesar das objeções da Obediência em reconhecer o Real Arco(Sistema Inglês))como uma Ordem adicional e separada. Em que tenham pesado essas objeções, reuniões da nova Ordem parecem ter sido levadas a cabo tanto em Lojas Simbólicas quanto em Capítulos do Real Arco, especialmente convertidos. Entrementes, como conseqüência de uma considerável e geral insatisfação com a Franco-Maçonaria, uma rival, a nova Grande Loja dos Antigos, foi formada em 1751, que logo contaria com os serviços de Grande Secretário muito dinâmico, Laurence Dermott. Dentro de pouco tempo, a nova Grande Loja incorporou formalmente o Real Arco, como parte integral da Antiga Maçonaria. Esse acontecimento inesperado colocou os Irmãos que eram Maçons do Real Arco e que pertenciam à Primeira Grande Loja num dilema. Sua própria Grande Loja recusava-se a reconhecer ou aceitar qualquer Grau ou Ordem além dos três Graus da Maçonaria Simbólica, enquanto os Irmãos da rival Grande Loja dos Antigos estavam praticando o Real Arco livremente, como um Grau separado, formal e reconhecido.
Chapter of Compact
São essas as circunstâncias que devem ter levado ao restabelecimento das Masters´Lodges depois de 1750; um lugar para osCompanheiros(4) da Primeira Grande Loja para praticar o Real Arco além das vistas, por assim dizer, da sua própria Grande Loja. Novamente encaramos uma teoria viável e possível, mas também sem qualquer evidência. Essa teoria quanto à função das Lojas de Mestres, depois de 1750, de acomodar a prática do Real Arco, às escondidas, por membros da Primeira Grande Loja, ainda que plausível, gera tantas novas perguntas quanto as que resolvem. Por exemplo, a Sociedade dos Maçons do Real Arco (Society of Royal Arch Masons) foi formada sob a autoridade do Excelente Grande e Real Capítulo (The Excellent Grand and Royal Chapter), em 10 de julho de 1765. Um ano depois, em 22 de julho de 1766, o Charter
of Compact (Carta do Acordo) foi assinado por Lord Blayney e pelos membros mais graduados do Real Arco. Este foi um golpe de mestre dos partidários do Real Arco. Lord Blayney que se tornou o Primeiro Grande Principal e encabeçou o Corpo recém formado, era também Grão-Mestre da Primeira Grande Loja na época da assinatura do Chapter of Compact. Se considerarmos as objeções que a Primeira Grande Loja(5) fazia abertamente ao Grau, foi um feito extraordinário para os Maçons do Real Arco obter o apadrinhamento do Grão-Mestre de sua própria Grande Loja.Agora, finalmente, os membros da Primeira Grande Loja poderiam praticar aberta e formalmente, sem obstáculos, a Maçonaria do Real Arco. Sob essas novas circunstâncias, caso a função das Lojas de Mestres tivesse sido encobrir a prática do Real Arco por Maçons da Grande Loja dos Modernos, tais Lojas não mais seriam necessárias com o advento do Supremo Grande Capítulo.Ainda assim, as Master´s Lodges continuam a aparecer como Lojas ativas, relacionadas, como anteriormente, até bem depois de 1766. O ministério permanece e continua. Que novas funções teriam as Lojas de Mestres que justificassem sua contínua existência de 1766 a 1813? Nós não sabemos.
Além do Simbolismo
Pode-se, teoricamente, concluir que as Lojas de Mestre foram estabelecidas para permitir a prática de outros Graus e Ordens além do Simbolismo – Ordens que tinham ainda que ser formalmente reconhecidas e organizadas. Tal teoria é possível, mas falha, porque, se esse fosse o caso, não há razões para não terem continuado suas atividades após a União de 1813. Repentinamente, as Lojas de Mestre cessaram por completo, imediatamente antes de se consumar a União, em dezembro de 1813. Um bom exemplo é a Old Fortitude and Cumberland Lodge, hoje com o número 12, a terceira das quatro Lojas de Tempos Imemoriais. Ela tinha sua própria Loja de Mestres, trabalhando de 1803 a 1813. Daí para diante, não há registros ou evidências de qualquer reunião aos domingos. As Ordens além do Simbolismo(6) continuaram suas atividades variadas depois da União, a despeito da tentativa de suprimi-las pelo Duque de Sussex. Tivessem elas exercendo essa função de praticar os Graus além do Simbolismo, sua utilidade após a União seria imensa. Todavia, nenhuma Loja declarar ter tido uma Loja de Mestres após a União. Assim, fica sem suporte a teoria de que as Lojas de Mestres teriam servido para a prática dos Graus e Ordens além do Simbolismo. Uma última teoria, talvez a mais viável, é que as Lojas de Mestres continuaram, depois de 1750 até 1813, para conferir um único
e muito especial tipo de Grau, o de Constructive Master (Mestre Construtivo). Hoje, somente os três Principais de um Capítulo do Arco Real (inglês) precisam ser Past Masters de uma Loja Simbólica. Mas, antigamente, este não era o caso. Tanto os membros da Grande Loja dos Antigos quanto os do Supremo Grande Capítulo (assim chamado só após de 1816) exigiam que todos os Maçons do Arco Real fossem Past Masters em Lojas Simbólicas. Isto causou um grande problema: simplesmente não havia Maçons qualificados para tornarem-se membros do Real Arco. Para resolver o problema e aumentar o número de Maçons do Real Arco, foi inventado o Grau de Mestre Construtivo ou Virtual. Aqueles que fossem Mestres Maçons, mas que não tivessem ainda sido conduzidos à Cadeira de Salomão, eram feitos Past Masters numa sessão curta, abreviada, durante a qual eram simbolicamente instalados, sendo conduzidos à cadeira do Mestre por um breve momento. (7) A cerimônia, embora não lhes garantisse o status de um Venerável de Loja, permitia-lhes entrar para o Real Arco. Esta pode ter sido a cerimônia realizada nas Lojas de Mestre no período até a União. Em várias jurisdição, notavelmente nos
Estados Unidos, a cerimônia de Mestre Virtual ainda é praticada hoje. Esta teoria também não tem evidência alguma que a suporte. O que podemos deduzir é que, logo após a União das Duas
Grandes Lojas, as práticas no Real Arco foram padronizadas, abolindo a necessidade da cerimônia do Mestre Virtual e, assim, também das Lojas de Mestres após 1813. Ou será que a ausência das Lojas de Mestres, depois dessa data, seja apenas devido a terem mudado seus nomes originais ou adotado outros? Eis aí mais uma especulação a acrescentar nesse trecho, inacabado e fascinante, da história de nossos primórdios.

Bibliografia
Cryer, Revd. Neville Barker: The Master´s Part: a re-appraisal, in (1997) AQC 110:21
Hughan, W J: The Old Charges of British Freemasons, 1872 (2nd edn. 1895)
Hutton, B P: Masonic Year Book in The Masonic Square, June 1976, v2 p-45
Jones, B E: Masters´Lodge and their place in Per-Union History, in (1954) AQC 67
Lane, John: Masters´Lodges, in (1886-1888) AQC 1:167
Notas
(1) Hoje, para fazer um trabalho semelhante ao das Engraved Lists, você senta no seu micro, digita o texto e edita. Aí,
se não sabe desenhar, escaneia (ou chupa, na linguagem dos micreiros...) de algum impresso ou da net, insere no seu
arquivo, salva e pronto. Tecla print e sua impressora deskjet faz quantas cópias você queira de um trabalho que pode
ter, se você levar jeito para a coisa, uma aparência profissional.
Voltando à época das Engraved Lists, os desenhos só podiam ser reproduzidos de duas formas. Na xilogravura, o
desenho era copiado para um bloco de madeira, onde as partes que não seriam impressas eram escavadas, para deixar
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em relevo apenas os traços do desenho. Na gravura em metal, o desenho era copiado para uma placa de cobre, onde era
escavado com a ponta de um buril, tanto desenho como texto.
Como na xilogravura os desenhos estavam em relevo, podiam ser impressos simultaneamente com o texto, num
sistema conhecido por tipografia, tal como Gutemberg o fez. Entintava-se as superfícies em relevo e imprensava-se
sobre elas a folha de papel.
Na gravura, a folha de papel também era imprensada sobre a matriz de cobre, mas a tinta ficava depositada dentro da
cavidades aberta pelo buril. Assim, o impressor passava a tinta e limpava a matriz, para então imprensar a folha
branca sobre ela. A impressão da gravura dava muito mais trabalho, mas permitia soluções criativas, impossíveis de
obter com xilogravura e tipos de chumbo.
Quando você sentar-se no seu micro, com as imensas facilidades que o progresso colocou à sua disposição, renda uma
pequena homenagem àqueles predecessores que realizaram o mesmo trabalho diante de imensas dificuldades.
(2) Por não estar habituados à cultura medieval, muitos desconhecem o título completo do Maçom no Primeiro Grau:
Entered Apprentice, que podemos traduzir, ao pé da letra, como Aprendiz Registrado. Conta Harry Carr, em seu
Freemason at Work (A Lewis, 1989), que “em Edinburgh, era a regra que todo aprendiz devia ser registrado no livro de
Registro de Aprendizes da cidade, ao início de seu contrato (indenture)”. Os registros de 1813 para cá ainda existem.
Na Maçonaria especulativa, o termo completo aparece apenas na década de 1720. Os Graus Simbólicos ingleses são
abreviados como E. A. (Entered Apptrentice), F. C. (Fellow of the Craft) e M. M. (Máster Mason).
(3) Veja você há quanto tempo se diz que a Maçonaria está decadente... Se Bastos Tigre tivesse sido Maçom,
certamente teria dito: “Veja, ilustre passageiro / O Maçom sério e faceiro / Que está bem ao seu lado. / No entanto,
acredite, / Quase morreu de bronquite. / Salvou-o o Rhum Chreosoto”... (desculpem a blague, mas foi irresistível...)
(4) O título Companheiro, dado ao Maçom do Real Arco, não tem a raiz etimológica ou o significado intrínseco do
Companheiro do Simbolismo. O termo Companheiro do Segundo Grau Simbólico vem do inglês Fellow of the Craft, que
significa colega ou camarada de ofício. Companheiro, no Real Arco, vem da raiz latina – cum panis, com pão, aquele
com quem se reparte o pão.
(5) A essa época, a Primeira Grande Loja já havia sido desdenhosamente apelidade de Grande Loja dos Modernos por
Laurence Dermott.
(6) Beyond the Craft (Além do Simbolismo). Este é o termo pelo qual a Franco-Maçonaria inglesa designa todos os
Altos Graus, incluindo o Rito Escocês Antigo e Aceito. O Arco Real inglês, entretanto, foi amarrado, na União de 1813,
nos Graus Simbólicos. Essa solução política, que permitiu unificar as duas Grandes Lojas, colocou-o numa situação
peculiar, diferente da ordenação racional do sistema americano.
(7) No Real Arco americano, que é Maçonaria Capitular, isto é, faz parte dos Graus além dos Simbolismo, o Grau de
Past Master é o segundo dos quatro Graus, todos relacionados à lenda de Hiram. O primeiro, Mestre de Marca,
origina-se do Grau de Companheiro no Simbolismo, onde, entre outras tradições, revive-se o pagamento dos Obreiros
ns pedreiras. O Grau de Past Master é justamente o que permite que o Mestre Maçom, feito Mestre Virtual, possa
testemunhar a terminação e a dedicação do Templo do Rei Salomão, o que ocorre no Grau seguinte, Mui Excelente
Mestre. O último Grau, Maçom do Real Arco, semelhante ao seu homônimo inglês, trata da reconstrução do Templo.
Autor: Irm. Yasha Beresiner, M. I., M.R.A., publicado na Revista Cultura Maçônica “ENGENHO & ARTE” na Maçonaria
Universal, nº 11, Primavera 2002, págs. 26 a 30.
N.E.: Artigo enviado pelo Ir.: ROBERTO GOMES