terça-feira, 26 de outubro de 2010

MONTE HERMON – MONTES DE SIÃO – MONTE MORIÁ

Ítalo Aslan/M.:M.:(*)

“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os Irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e que desce para a gola de suas vestes.É como o orvalho do Hermon, que desce sobre os Montes de Sião. Ali ordena o Senhor a Sua benção e a vida para sempre.”

MONTE HERMON

Em hebraico significa “Montanha Sagrada”. Em árabe, “Montanha do Xeque” ou “Monte Nevado”. Seja qual for o seu significado, em qualquer língua, é a mais exuberante e pujante montanha de Israel. Do alto de seu topo, a mais de 2800m, quase sempre coberto de neve, esparrama o frescor e a vida por sobre uma região aquecida e inóspita existente ao seu redor. Por ser o ponto mais elevado da costa leste do Mar Mediterrâneo, e totalmente coberto pela neve durante o inverno e a primavera, seu degelo é importante para o fluxo do Rio Jordão, fronteira natural entre Israel e a Jordânia, cujas águas se despejam no Mar Morto. É o Baal-Hermon, citado em Jz cap. 3, vers. 3, referindo-se aos “povos pagãos no meio de Israel”, “que habitavam as Montanhas do Líbano, desde o Monte Baal-Hermon, até a entrada de Hamate”. Hamate era uma cidade e reino da Síria. Fazia parte dos domínios de Salomão, tendo este, na ocasião, mandado construir as cidades-armazéns. Era Hamate um recinto sagrado, uma fortaleza, situada no vale do Rio Orontes que nasce na Cordilheira do Antilíbano, a uma altitude de cerca de 1800m e, com uma extensão de 571 km, passa pelos territórios do Líbano, da Síria e da Turquia, indo desaguar no Mar Mediterrâneo, já no litoral turco. Importante centro comercial, tornou-se conhecida, não só por isso, mas também em virtude de seu avançado, para a época, sistema de irrigação que, através de grandes rodas, elevava a água do Rio Orontes até a cidade alta. Hoje é conhecida pelo nome de Hama, e pertence ao território sírio. Com a morte de Salomão, Hamate tornou-se estado livre, conservando a sua independência por algum tempo, até ter sido conquistada sucessivamente e passado ao domínio de vários povos. No Liv. I Cr cap.5 vers. 23, lê-se: “os filhos da meia tribo de Manassés habitaram naquela terra de Basã até Baal Hermon, e Senir e o Monte Hermon; e eram numerosos”. Basã refere-se a uma região ao norte da Palestina e Baal Hermon nos dá a idéia da reverência e do respeito em que era tido o Monte Hermon pelos adoradores de Baal, entre eles os romanos e os drusos. Era o Hermon considerado sagrado para esses adoradores. Os povos semitas ocidentais adotaram e passaram a reverenciar diversos deuses com o nome de Baal, todos com características semelhantes. Baal, El e Mot constituíam as principais divindades dos cananeus. Baal era o deus da fertilidade, associado à tempestade e à chuva. El, o deus da prudência da maturidade. E Mot era o senhor da seca e da morte.Com ele Baal travava lutas periódicas. Com relação ao termo Senir, vemos em Deut cap. 3 vers. 9: “os sidônios a Hermon chamavam Siriom; porém os amorreus lhe chamavam Senir”. Eis, portanto, que os amorreus chamavam o Hermon de Senir. Esses amorreus, a que se refere esse versículo, constituíam um povo guerreiro que habitava a Babilônia no século III a.C. e do qual, suspeita-se, tenha se originado a dinastia dos Hamurabis. Alguns autores consideram cananeus e amorreus como relativos a um só povo; são nomes diferentes, mas atribuídos aos membros da mesma tribo semita, provenientes da Arábia e que invadiram a região por volta do século XXIII a. C. Assim, tem sido o Hermon conhecido historicamente por Siriom e Senir. O termo “sidônio”, constante no citado versículo do Deut cap.3, refere-se aos habitantes de Sidom, porto marítimo ao norte da Palestina. Eram famosos nas artes, manufaturas, comércio e marinha. No livro I de Rs cap.5 vers. 6 e no livro I Cr cap.22 vers. 4 constam que cooperaram na construção do Templo de Salomão. Homero relatou a presença de seus navios no cerco de Tróia.

MONTE DE SIÃO

Do grego Sion e derivado de Tsiyon, “elevado”, “monte”.Originalmente era o nome dado especificamente à fortaleza jebusita próxima da atual Jerusalém. Refere-se a uma das três colinas que formam o planalto sobre o qual Jerusalém foi construída. Era o local onde se situava a casa da realeza, sendo, por isso, muitas vezes, chamada a “cidade de David”. Outras vezes refere-se a toda a Jerusalém. O trabalho crítico sobre a Bíblia feito pelos Judeus, considerou para Jerusalém, entre outras, a forma Yerushalem: Yeru (cidade) e Shalem (Deus). Segundo o pesquisador Pr. Enéas Tognini, o nome aparece em textos antiqüíssimos. Em egípcio aparecem grafados Rusalimun e Urusali-Mum. E em aramaico bíblico, Yeruselem. O lugar onde está situada hoje a cidade de Jerusalém era conhecido por Shalem, simplesmente. Significa Paz. Após o episódio do quase sacrifício de Isaque, Abraão passou a chamar o lugar de Yireh, isto é, “Deus vê”, ou “Deus providencia”. Este nome (Yireh) unido ao anterior (Shalem) originou a palavra Yerou-Shalaïm: “Deus proverá a paz”. No início do 3º milênio a.C., os primeiros habitantes de Jerusalém fixaram-se na Colina Ofel, posteriormente chamada de Sião, local que se elevava por sobre três grandes vales, lugar ideal e preferido devido as suas características de segurança, sob o ponto de vista militar, bem como sob o aspecto da subsistência, por estar situado próximo a mananciais de água e de rotas de caravanas. A partir dos meados do século XIV a.C., começam os jebuseus a serem citados nos textos orientais. Eram eles habitantes de Jerusalém, acreditando-se que se trata de um nome que se referia a uma mistura constituída de amorreus, hititas e cananeus. A cidade tornara-se, então, um grande centro cosmopolita, de feição social complexa e heterogênea, desempenhando um papel de destaque na política do Oriente Médio. Ocupava, ainda, uma posição privilegiada como ponto de confluência de várias rotas de comunicação de toda a região. Registra-se que, por volta do ano 1000 a.C., David tomou de assalto a fortaleza jebuséia de Sião, tendo o rei Ornam e os seus moradores aceitado a conquista judaica, constituindo-se, com isso, a monarquia unificada sob David e Salomão. Após a vitória, a fortaleza passou a chamar-se “cidade de David” (livro 2 de Sm cap. 5 vers. de 6-9), tendo sido para lá levada a “Arca da Aliança”, e o monte, a partir de então, a ser considerado sagrado. Palavras de Yitzhak Rabin, em setembro de 1995, dois meses antes de ser assassinado por um ativista compatriota: “Três mil anos de história nos contemplam hoje, na cidade de cujas pedras a antiga nação judaica se ergueu; e deste ar de montanha, 3 religiões absorveram sua essência espiritual e sua força... Três mil anos de história nos contemplam hoje, na cidade onde as bênçãos dos sacerdotes judeus misturam-se aos chamados mulzins muçulmanos e aos sinos das igrejas cristãs; onde em cada alameda e em cada casa de pedra foram ouvidas as admoestações dos profetas; cujas torres viram nações se erguerem e caírem – e Jerusalém permanece para sempre... Três mil anos de Jerusalém são para nós, agora e eternamente, uma mensagem de tolerância entre religiões, de amor entre povos, de entendimento entre as nações”.

MONTE MORIÁ

Local onde Abraão ofereceu seu único filho Isaque em holocausto a Deus ( livro de Gen cap. 22 vers. 1-18 e Alcorão;Surata Al-Safat 37:102-110).No citado cap. e vers. do livro de Gen lê-se: Dirigindo-se a Abraão, “Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes, que eu te indicarei”.Deriva do hebraico MORRIYYAH, com o sentido de “no monte onde Javé é visto”.
Situado na parte sudeste de Jerusalém, David o conquistou ao jebuseu Ornam, com o propósito de ali construir um altar, sendo que, posteriormente, lá Salomão mandou edificar seu fabuloso Templo. David deixou a seu filho essa portentosa tarefa pois não estava apto para tal: suas mãos eram de um guerreiro, “maculadas com muito sangue”. Por ter sido o local para o qual se dirigiu Abraão para oferecer seu filho Isaque a Deus, o Monte Moriá foi sempre muito venerado pelos judeus. Impedindo Deus que se consumasse o sacrifício do pequeno Isaque, demonstrou o Seu repúdio às imolações de seres humanos que, por vezes, eram praticadas pelos cananeus. Ficou também sobejamente demonstrada a fé do Patriarca hebreu, o primeiro a divulgar publicamente a sua crença em um único Deus, Criador do Universo, e a conseqüente desaprovação aos demais deuses, ineficazes na construção da felicidade humana. Foi, então, Abraão hostilizado pelos cananeus e outros povos. Tendo sido Isaque salvo do sacrifício, com a direta interferência de Deus, adquiriu o local um respeito sagrado, e foi, por isso, chamado EVEN HE SHETIYAH (“A Pedra Angular do Mundo”; “A Base do Mundo Inteiro e seu Centro”). Os sábios de Israel disseram: “E foi chamada a Pedra de Fundação, porque o mundo foi fundado nela”... Legitima-se ainda mais essa veneração: foi ali que Javé apareceu a David (I Cron 21:18), justificando o local do futuro templo. Etienne Dahler, professor de Filosofia e estudioso da Bíblia, autor do livro “Lugares Bíblicos”, referindo-se a Jacó, cita o vers. 11 do cap. 28, do livro de Gênesis: “Chegou a um lugar, onde se dispôs a passar a noite”. O que ocorreu é conhecido: como o sol já havia se posto, Jacó “tomou uma das pedras do lugar e fê-la de travesseiro” ... “e sonhou: eis posta na terra uma escada, cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela.” Em seguida erigiu uma coluna e derramou óleo por cima, chamando o lugar de Betel “Casa de Deus”. Etienne Dahler considera então que o lugar onde o sonho se passou já eraconhecido dos patriarcas, que lhes era familiar, sendo, portanto, segundo Dahler, insistimos, “certamente, o lugar do famosovsacrifício de Isaac” e que este lugar “é, sem dúvida, o Monte Moriá”. Palavras e conclusões do Sr. Etieene Dahler. Após algumas providências, no 4º ano de seu reinado (961 a.C.), Salomão entregou-se à tarefa de construção da Casa do Senhor, no Monte Moriá. No livro I de Reis e no II de Crônicas descrevem-se a magnificência da obra. Concluído o Templo, as doze tribos passaram a ter um centro religioso, político e cultural em Jerusalém. Dali os sacerdotes anunciavam a Palavra do Senhor, ali eram celebradas as festas e consumados os sacrifícios. Salomão morreu em 922 a.C.. Após a sua morte, brigas políticas internas cindiram o reino em dois: Israel ao norte e Judá ao sul. Os registros bíblicos acusam: “a divisão fora um castigo de Deus pelos casamentos entre diferentes raças e religiões”.

CONCLUSÃO
Ficamos com a impressão, quase certeza, não fossem algumas informações, às vezes, confusas, que nos oferecem alguns versículos da Bíblia, que os nomes Monte de Sião e Monte Moriá referem-se ao mesmo local. No versículo 48 do cap. 4,27 de Deuteronômio, lê-se:“...ao monte Siom, que é Hermon”. E em outra: “... ao monte Sirion, que é Hermon”. São nomes diferentes referindo-se ao mesmo monte. Esta majestosa montanha, como é sabido, situa-se a mais de 2800 m de altura e o Monte de Sião, onde se localiza Jerusalém, está a cerca de 1000 m acima do nível do mar. Para ser mais claro: os amorreus (cujo rei era Siom) chamavam o Hermon de Senir e os sidônios o chamavam de Sirion. Confundem-se os dois “montes”, de nomes diferentes, no que se narra sobre eles, quando olhados com suas respectivas denominações. David conquistou a fortaleza jebuséia de Sião que passou a se chamar “Cidade de David”. Tinha ele um propósito para o local: levar para lá a “Arca da Aliança”, construída de acordo com as orientações de Javé diretamente a Moisés. A “Arca” se constituía para o povo judeu, o povo escolhido por Deus, como o objeto representativo da própria divindade, por conter as duas tábuas com o Dez Mandamentos, um pote de Maná e o Cajado de Arão, que floresceu. Construiria, então, David, no local, um tabernáculo que abrigaria a “Arca”. Não poderia ser maior a força que envolvia tal símbolo para o povo judeu. E as suas virtudes sacratíssimas se difundiam, certamente, sobre tudo que o abrangia. Estavam, portanto, os Montes de Sião/Moriá destinados a serem sacramentados com essa qualidade divina e sobrenatural. Ali, no Monte indicado por Javé, repugnou Ele os sacrifícios de seres humanos, impedindo Isaque de ser imolado pelas mãos do pai. Naquele local, ainda por intervenção divina, ergueria David o Altar que abrigaria a sacra relíquia. E, finalmente, não foi outro o local escolhido, através das mãos limpas de Salomão, para a construção do famoso Templo. O “Elevado” (Tsyion) “onde Javé é visto” (Morriyyah) viu nascer sobre ele a cidade (Yeru) de Deus (Shalem), a Yerushalem. Ali surgiram as três principais religiões monoteístas. Jerusalém constituiu-se em cidade sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos. Nela coexistem. O Muro das Lamentações, o Domo da Rocha e a Igreja do Santo Sepulcro permitem essa coexistência.

FONTES CONSULTADAS
1) A Bíblia Sagrada (Antigo e Novo Testamento); traduzida em Português por João Ferreira de Almeida; Sociedade
Bíblica do Brasil; Rio de Janeiro.
2) ASLAN, Nicola; Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia; 1ª Edição da Editora “A Trolha”;
Londrina/PR; 1996.
3) MACKEY, Albert G.; An Encyclopaedia of Freemasonry; The Masonic History Company; Chicago, New York,
London; 1925.
4) Enciclopédia Mirador Internacional; Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda; São Paulo Rio de Janeiro;
1976.
5) DAHLER, Etienne; Lugares Bíblicos; Editora Santuário; Aparecida/SP; 1997.
6) Internet

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