Circulação em Loja: REAA
Introdução:
A circulação em Loja, para a
maioria dos ritos, ocorre no sentido horário, copiando a trajetória aparente do
sol, idealizada em um período da história que o conhecimento de astronomia e
ciência era limitado para um pequeno grupo de filósofos e estudiosos. Hoje, com
a difusão do conhecimento astrofísico, não é possível ignorar tais
conhecimentos na pratica ritualística de um Templo que representa o Universo.
No Brasil, há predominância de
Lojas Maçônicas que praticam o REAA, fato inusitado brasileiro, na contramão do
resto do mundo, o que causa uma influência muito grande deste rito no
entendimento em diversos assuntos maçônicos. Estudando os ritos praticados,
temos uma variação muito grande de circulação, como em esquadria, destrocêntica,
sinistrocêntrica, horário no Ocidente e anti-horário no Oriente, horária
somente no Ocidente, horária em determinada circunstância e anti-horária em
outra, cada uma com suas justificativas, seja exotérica, tradição, trabalho,
Caminho da Luz, etc.
Teórico:
Em sua página web, Kennyo Ismail cita: “A verdade é que
girar em sentido horário em volta de um Altar não é coisa recente. Enquanto os
egípcios valorizaram o lado esquerdo como o lado espiritual, os gregos antigos
tinham o lado esquerdo como o “desfavorável” e o direito como o “favorável”,
visto que, em regra, o braço direito favorece mais o dono do que o esquerdo.
Daí surgiu a referência popular de que “fulano é meu braço direito”. Por esse
entendimento, a circulação em torno dos altares gregos era sempre realizada de
forma que o lado direito ficasse próximo ao altar.
Já os romanos, adotando o mesmo
procedimento, vieram a chamar essa circulação de “dextrovorsum” e relacioná-la
ao aparente movimento que o Sol faz diariamente em torno da Terra. Esse
aparente movimento do Sol se deve ao fato da Terra girar no sentido
anti-horário em torno de seu eixo (Rotação), o que gera a percepção para seus
habitantes de que é o Sol que está se movendo no sentido horário.
Vários outros povos em diferentes
épocas, tendo sempre o aparente movimento do Sol como referência, também
adotavam a circulação em sentido horário, tendo altares, fogueiras, totens ou
sacrifícios como eixo. Uma prática de certa forma universal. Interpretando o
Templo Maçônico como um microcosmo da Terra, é fácil compreender sua adoção no
REAA e em vários outros Ritos.” (KENNYO ISMAIL, 2011)
Já Raimundo Junior afirma que “A
palavra Circulação significa Caminhar em Círculos, não devendo se confundir com
enquadrar que seria andar reto virando em ângulo de 90°. O fato de andar em
círculo em torno de um Objeto, uma Área ou um Altar, se constitui em prática
muito antiga, e quando essa prática passou a fazer parte de um Ritual, começou
a ser denominado Rito de Perambulação. Assim, esse Ritual passou a fazer parte
do Rito de Emulação, especialmente na Cerimônia de Iniciação da Maçonaria. No
Templo Maçônico, estando a Loja composta, a Circulação no espaço entre as
Colunas do Norte e do Sul, é feita ‘em torno’ do que seria o Painel atualmente
denominado Pavimento Mosaico, para o Grau de Aprendiz, ‘sem sentido horário’,
isto é, no mesmo sentido dos ponteiros do relógio, para n que o ‘Trabalho do
homem deve começar com o nascer do Sol- na aurora terminar ao cair da noite –
no ocaso – Representa também a Marcha a caminho da esplendorosa luz do Sol.”
(RAIMUNDO D’ELIA JUNIOR, 2008)
Entende-se que a circulação em
Loja deve obedecer às forças naturais do cosmo e do planeta, cuja circulação no
hemisfério norte deverá ser difere do hemisfério sul. Entende-se ainda que tudo
presente na face da Terra está sujeito às leis mecânicas que atuam sobre a
mesma, o que é uma verdade inconteste, justificando a reprodução destas leis
nas práticas maçônicas durante a ritualística.
Sendo o Templo Maçônico a
representação do universo, pois para os maçons o universo é um Templo, as
forças que regem o universo e o planeta Terra, deverão também reger a
circulação no Templo, ou seja, a circulação em loja deverá ocorrer conforme a
circulação das águas e dos ventos, regidos pela força de Coriolis.
Esta força aparece
devido rotação da Terra atua em ângulo reto com a direção do vento,
forçando-o para a esquerda no hemisfério sul e para a direita no hemisfério
norte, qualquer que seja o seu sentido (equador/polo ou polo/equador).
Uma Loja é uma pseudo
materialização do universo, é o famoso micro e macrocosmo. Nas paredes dos
Templos temos as Colunas Zodiacais e um ano é o tempo que o sol gasta para
“circular” por todos os signos zodiacais. O interessante é que todo ano se
inicia sob o signo zodiacal de Capricórnio (22/12 - 20/1), mas a nossa primeira
Coluna Zodiacal é Áires. Seguindo a mesma sequência da astronomia (Áries,
Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem) encontraremos estas colunas do extremo
Ocidente indo para o Oriente do lado norte. A segunda sequência (Libra,
Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes) inicia-se junto ao Oriente
e segue até o extremo ocidente do lado sul.
Portanto fazer uma volta ou
circular no Templo é passar em frente a estas colunas é como aparentemente faz
o astro rei, sempre no sentido destrocêntrico. Ao passarmos da Coluna do Norte
para a Coluna do Sul e cruzarmos a linha imaginaria que separa estas duas
Colunas, devemos parar, olhar para o Delta Luminoso e fazer o sinal que alude o
juramento. O cumprimento é feito ao Delta/IOD, nunca ao Venerável Mestre. É
importante esclarecer que no Oriente não caminhamos, também circulamos.
Por mais apertado que possa ser,
devemos ter a consciência do “circular energias”. No sentido Orador para
Secretário, devemos andar o mais próximo possível ao Altar do Venerável, no
sentido Secretário para Orador, o mais próximo possível da balaustrada.
Sobre a Circulação Angular (esquadria):
Deve-se mudar o sentido da
circulação de forma angular? Segundo Sergio Quirino, somente se em seu ritual
for explicito é que os Irmãos devem caminhar em esquadria. Dessa forma não
estamos traçando círculos ao redor do “ponto que fica entre duas linhas”,
estamos traçando retângulos.
A origem desta “paradinha” e
mudança de 90 graus na marcha é uma herança dos primórdios da Maçonaria, quando
o Painel do Grau era um grande tapete que fica estendido no chão e para evitar
que o iniciado (de olhos vendados) pisasse nele, um Irmão mais atento ou
experto, virava seu tronco toda vez que ele alcançava a quina do tapete. E
assim ele ia fazendo as viagens, sempre em paralelo ao Painel e esquadrejando
as pontas.
M.'.M.'.: Joaquim Neto.
Fontes:
http://weber-varrasquim.blogspot.com/2011/07/circulacao-em-loja-do-reaa.html
https://blogdojovemaprendiz.wordpress.com/2017/01/03/circulacao-em-loja/
https://cavsaojoaobatista.com.br/circulacao-em-loja/
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