terça-feira, 24 de junho de 2008

Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil



Irm. Rui Ferreira da Silva, M.M., M.R.A.,S.E.M.;C.T


Novo, porém Antigo. Este foi o título do artigo publicado sobre o Real Arco no Engenho& Arte # 5, do verão de 2000, parodiando o lema do Grande Oriente do Brasil. De lá para cá, muita coisa aconteceu para acender o interes- se dos Maçons brasileiros sobre este último caminho regular da Franco- Maçonaria.
A Grande Loja Unida da Inglaterra, no âmbito do Grande Oriente do Brasil, está incentivando a criação de Capítulos do Arco Real em língua portuguesa. A GLMESP criou um Grande Capítulo do Arco Real inglês, através da Grande Loja da Espanha, para o Estado de S. Paulo.
Da mesma forma, os três Capítulos do Real Arco americano, que haviam feito uma petição ao Grande Capítulo Geral de Maçons do Real Arco Internacional receberam sua Carta Patente para o Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil.
Assim, de repente, os Maçons brasileiros estão recebendo notícias sobre algo meio desconhecido e é mais do que natural que estejam, ao mesmo tempo, confusos e curiosos.
Arco Real, a Versão Inglesa
O Arco Real inglês já existia ao Brasil há algum tempo, seus Capítulos sempre vinculados a uma Loja Simbólica. Isto porque, pelo Artigo II do Tratado de União de 1813, origem da
United Grand Lodge of England, o Arco Real inglês é parte dos Graus Simbólicos, constituindo-se num Grau lateral, complemento do Grau de Mestre Maçom. Diz o Artigo que “a pura Maçonaria Antiga consiste de três graus e mais nenhum, isto é, os de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, incluindo a Suprema Ordem do Sagrado Arco Real”.
Foi a maneira sutil de harmonizar os pontos de vistas antagônicos para que as Grandes Lojas rivais, Antigos e Modernos, aceitassem a união. Os estudos para unificar o ritual dos Graus Simbólicos culminaram na primeira exibição do novo ritual simbólico inglês, em 23 de agosto de 1815. A primeira Loja de Instrução, The Lodge of Stability, funcionou a partir de 1817. Mas o Arco Real inglês, em sua nova forma, só iria ganhar um ritual impresso em 1834.
Real Arco, a Versão Americana
O Real Arco americano, sem problemas, chegou à sua forma atual em 1797, ao mesmo tempo em que os Graus Simbólicos, todos organizados por Thomas Smith Webb.
Na verdade, os americanos tinham resolvido pragmaticamente seus impasses bem antes de 1813. Como a Maçonaria já estava estruturada nos Graus Simbólicos, não havia mais o que mexer. Assim, os Graus Capitulares, tanto do Rito de York quanto do Rito Escocês Antigo e Aceito, foram organizados numa estrutura simples e seqüencial, acima dos Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. O lado Escocês da famosa ilustração da escada Maçônica vai do 4º ao 33º, enquanto o lado York vai de Mestre de Marca, o primeiro Grau do Real Arco, a Cavaleiro Templário, o mais elevado.
Real Arco ou Arco Real?
Tanto faz. Desde os primórdios do Real Arco americano no Brasil, foi mantida a tradição do título adotado pelo Capítulo pioneiro, Jerusalém, do Paraná. Como os Companheiros da versão inglesa adotam Arco Real, a própria nomenclatura ao mesmo tempo guarda a semelhança e estabelece uma certa diferença.
Vejamos quais são: – O Real Arco americano, de quatro graus, é Maçonaria Capitular, com estrutura, liturgia e organização próprias. Forma um todo seqüencial, cronológico e harmonioso. Não está ligado às Lojas Simbólicas e nada tem a ver, administrativamente falando, com as Obediências Simbólicas, a não ser relações fraternas e respeitosas.
– O Arco Real inglês é uma extensão lateral do Grau de Mestre Maçom, ao qual complementa. Está ligado sempre a uma Loja Simbólica, ficando, portanto, sujeito à Obediência Simbólica que o abriga.
Apesar das diferenças estruturais, lembramos que tanto a essência como a origem de ambas as versões é a mesma.
O início do Real Arco americano no Brasil
O Capítulo José Guimarães Gonçalves Nº 1 de Maçons do Real Arco foi instalado pelo Capítulo Jerusalém em 8 de maio de 1993, um tributo à coragem e à capacidade de realiza- ção do Irm. José Nunes dos Santos.
Recebeu sua Carta Constitutiva definitiva em outubro de 1997, diretamente do General Grand Chapter of Royal Arch Masons International.
Do Capítulo José Guimarães Gonçalves surgiram mais dois Capítulos, Thomas Smith Webb, no Rio Grande do Sul, em 1997, e Keystone, no Estado do Rio de Janeiro, em 2000.
Embora antigo nos Estados Unidos, o Real Arco americano é novo entre nós. Jóias, aventais, alfaias, rituais, instruções e mais toda a parafernália necessária à realização das cerimônias, tudo teve que ser criado e produzido seguindo a orientação do General Grand Chapter americano.
Além disso, organizar calendários anuais, preparar eventos litúrgicos e sociais. Sem falar na preparação dos formulários para remessa da capitação anual, redigidos em inglês, em formulário próprio, trabalho para apavorar qualquer Secretário.
Por isso, para fazer crescer o Real Arco no Brasil, tornou-se imperioso criar uma estrutura central nacional para ajudar na divulgação, na administração e na liturgia, dando suporte efetivo na educação dos Maçons do Real Arco e na criação de novos Capítulos.
O Supremo Grande Capítulo
Assim, no dia 15 de novembro de 2000, de acordo com as Tradições Maçônicas, os representantes dos três Capítulos originais fizeram uma petição ao General Grand Chapter para a criação do Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil, cuja fundação, para os efeitos legais, oficializou-se no dia 1º de janeiro de 2001. A Constituição e o Regulamento do Supremo Grande Capítulo foram registrados no Registro de Pessoas Jurídicas do Rio de Janeiro.
Tivemos, finalmente, a honra de receber a Carta Constitutiva do Supremo Capítulo, outorgada no dia 24 de maio de 2001, assinada pelo Grande Sumo Sacerdote Geral, Companheiro William Schoene. Hoje, já são 40 Capítulos no Brasil.
Alguns detalhes
O título de quem alcança o Grau de Maçom do Real Arco é Companheiro, derivado Companion (termo inglês derivado do latim cum panis, "aquele com quem se reparte o pão").
Ao terminar os três primeiros Graus,
Mestre de Marca, Past Master e Mui Excelente Mestre, o Mestre Maçom recebe um Certificado.
Quando alcançar o último Grau Capitular, receberá o Diploma e seu Cadastro de Maçom do Real Arco.
No Real Arco, estimula-se um clima de respeito, propício ao diálogo e ao aprendizado. Os ensinamentos são discutidos livremente, sem qualquer imposição dogmática, como é próprio a homens livres e de bons costumes. Até porque – e este é um dos motivos de fascínio do Real Arco – estamos todos aprendendo e construindo. Dentro deste princípio, o Brasil, único em sua pluralidade de Ritos regulares – Adonhiramita, Francês ou Moderno, Escocês Antigo e Aceito, Schröder, York (ritual Emulação), Brasileiro e agora também Escocês Retificado – oferece uma esplêndida oportunidade de aprendizado. Muitas vezes, o Maçom percebe em outro Rito aquilo que não ficara de todo explicado no seu Rito de origem.
Por isso, o Real Arco no Brasil não só está aberto a Maçons de todos os Ritos e de todas as Obediências regulares, como também incentiva o estudo e a análise.
Os Graus do Real Arco
O Grau de Mestre de Marca resgata uma das tradições operativas mais singelas e significativas da Idade Média. O Mestre de Marca passa a identificar-se como o faziam nossos antepassados que construíram as magníficas catedrais góticas.
O Grau de Past Master é um privilégio para o Mestre Maçom, porque, no começo, o Real Arco era prerrogativa exclusiva de Mestres Eleitos ou Instalados. O Grau de Mui Excelente Mestre é o único Grau Maçônico, de qualquer Rito, que fala da terminação e dedicação do Templo de Salomão. Sua nobreza e carga emocional o tornam uma das mais belas etapas da senda Maçônica.
O Grau de Maçom do Real Arco co- roa, de forma grandiosa, os conheci- mentos do Mestre Maçom. É o mo- mento em que a Lenda do Templo é concluída em magnífico esplendor.
O Real Arco traz, a Maçons de todos os Ritos, uma nova compreensão do Simbolismo. Leva-nos a pensar, a comparar e a entender. Conduz-nos à emoção e ao encantamento. Eleva- nos, cada um de nós, a uma dimensão inteiramente nova.
A Fundação Machado de Assis de Maçons do Real Arco
Uma das grandes tradições da Maçonaria americana é a dedicação à filantropia. Mas resultados bem mais expressivos e controláveis, aqui no Brasil, serão obtidos se os recursos forem concentrados e gerenciados dentro do rigor que a legislação brasileira impõe. Da mesma forma que nos Estados Unidos, o Real Arco fez de uma fundação o seu braço filantrópico. A Fundação Machado de Assis de Maçons do Real Arco já está operando desde 3 de dezembro de 1999, inscrita na Provedoria de Fundações. Está realizando projetos voltados às crianças desassistidas em parceria e com patrocínio de várias Secretarias Municipais, Estaduais, Federais e Empresas de Economia Mista, por ora no Rio de Janeiro.
Isto é apenas o início, os primeiros passos nesse novo caminho para os Maçons brasileiros. Custou muito aos pioneiros, mas valeu a pena. Em todos os sentidos.Por eles, os que já se foram e os ainda estão conosco, e pelos sagrados princípios da Franco-Maçonaria universal, empenhamos nosso trabalho, nossa dedicação e nosso amor para que o Real Arco, no Brasil, possa ser reconhecido, por aqueles que nos sucederem, como “trabalho bom, trabalho fiel, trabalho no Esquadro”, tal como em nossos rituais. Que o Supremo Arquiteto assim nos inspire e mantenha firme.
Para o Maçom, a busca da Verdade é constante. Sabemos todos que esta Verdade é interior, mas o Real Arco é uma das formas mais belas de encontrá-la – pela companhia, pelo ambiente, pelas Cerimônias e pela sensação esplêndida de estar construindo algo absolutamente novo.
Vamos deixar que as palavras do Irm. Richard Sandbach, membro da famosa Loja de Pesquisas Quatuor Coronati, de Londres, escritor Maçônico de fama internacional, encerrem esta breve exposição:
"Ao perceber que os ensinamentos da Ordem os deixa com um sistema de moralidade voltado às coisas do mundo e com uma lenda de perda, os Mestres Maçons percebem que deve haver algo mais. [...] O Real Arco é uma lenda de descobertas e sua mensagem é a de que vivemos na luz e na glória da eternidade. [...]
O Real Arco mais do que completa a educação do Mestre Maçom com relação à história e os segredos – ele coloca a Maçonaria no contexto da Eternidade.”

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