quarta-feira, 21 de maio de 2014

AS PSEUDOPRIMAZES DA MAÇONARIA - Kennyo Ismail

Há  uma  célebre  frase,  que  alguns  costumam  creditar  ao  escritor  inglês  George  Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, que diz que “a história é escrita pelos vencedores”. Com algumas raras exceções, os historiadores têm provado que essa máxima é verdadeira. Na sublime ordem maçônica não tem sido diferente, tanto no Brasil como no exterior. Como exemplos, tratarei aqui  dos  primórdios  da Maçonaria Inglesa, berço da Maçonaria anglosaxônica; da Maçonaria Francesa, berço da Maçonaria Latina; e da Maçonaria Brasileira, segunda maior Maçonaria regular no mundo, atrás apenas dos EUA e à frente da Inglaterra (ISMAIL, 2013); revelando as Obediências  Maçônicas  que  existiram  em  cada  um  desses  países  antes  do  surgimento  das  chamadas “primazes”,  que  por  um  motivo  ou  outro  prevaleceram,  condenando,  seja  propositalmente  ou acidentalmente, suas antecessoras ao esquecimento.
 Maçonaria Inglesa
 A Grande Loja Unida da Inglaterra declara em seu website ter sido fundada em 1717 e ser a mais
antiga  Grande  Loja  Maçônica  do  mundo  (UGLE,  2014).  Fruto  da  fusão  da  chamada  Grande  Loja  dos Antigos com a chamada Grande Loja dos Modernos, em 1813, toma para si a data de fundação desta 
última, em 24 de junho de 1717, na cidade de Londres. Essa “primeira” Grande Loja, fundada na Londres de 1717, adotou o  nome de “Grande Loja de Londres e Westminster”. Ela não adotou inicialmente o nome de “Grande Loja da Inglaterra” por um motivo óbvio: já existia na época outra Grande Loja na Inglaterra. Preston (1867) dá notícias da Grande Loja de York, reunida pela primeira vez no ano de 926. Apesar de ter ficado sem um Grão-Mestre por alguns  períodos,  Preston  indica  assembleias  gerais  com  ininterrupção  de  Grão-Mestres  desde aproximadamente 1558, quando Sir  Thomas Sackville  assumiu o posto. Sir  Sackville  ocupou o cargo  até 1567,  quando  o  passou  ao  Conde  Francis  Russel,  seguindo  de  assembleias  gerais  e  sucessores registrados a partir daí. Evidentemente  que  a  Grande  Loja  de  York  não  funcionava  como  as  Obediências  atuais,  com estruturas  permanentes  que  funcionam  diariamente  e  cuja  gestão  impacta  diretamente  no  cotidiano das Lojas jurisdicionadas. Na época, a Grande Loja basicamente realizava assembleias para eleger seus dirigentes, discutir problemas comuns entre as Lojas e aprovar regras a serem observadas pelos maçons. No  início do Século XVIII a Grande Loja de York parece ter vivido uma fase de franca expansão. Em  1705  estava  sob  a  direção  do  então  Grão-Mestre,  Sir  George  Tempest,  o  qual  foi  sucedido  por Robert  Benson,  na  época Prefeito  de York.  Benson  foi  sucedido  por  Sir Walter  Hawkesworth, mas  foi reeleito Grão-Mestre logo em seguida, retornando ao cargo e governando a Grande Loja de York entre 1714  a  1725  (PRESTON,  1867).  Foi  durante  sua  gestão  no  Norte  da  Inglaterra  que  a  Grande  Loja  de Londres e Westminster foi fundada  ao Sul, a qual ele tratou de  fraternalmente  reconhecer. Ambas as Grandes Lojas mantiveram  boas relações e reconhecimento mútuo até 1725, quando, de acordo com Mackey  (1914),  a  Grande  Loja  de  Londres  e  Westminster  realizou  uma  atitude  não  maçônica,  ao reconhecer maçons que haviam sido desligados da Grande Loja de York, o que levou esta a romper as relações.  Já com as relações rompidas, a Grande Loja de Londres mudou seu nome para Grande Loja da Inglaterra, deixando assim de reconhecer a Grande Loja de York.  A resposta da Grande Loja de York para a audácia de sua irmã caçula do sul foi a adoção, a partir daquele  mesmo  ano de 1725, de uma nova denominação,  “Grande Loja de Toda a Inglaterra”, ou, na forma mais completa, “Grande Loja de Toda a Inglaterra Reunindo desde Tempos Imemoriais na Cidade de York”. Nesse momento, seu atual Grão-Mestre era Charles Bathurst. Ainda em 1725 foi formalmente fundada a Grande Loja da Irlanda. Alguns anos depois, em 1735, a Grande Loja de Londres e Westminster, agora autodenominada Grande  Loja  da  Inglaterra,  cometeu  outro  ato  injustificável,  quando  seu  Grão-Mestre,  o  Conde  de Crawford, constituiu duas Lojas na jurisdição da Grande Loja de York (MACKEY, 1914).  Esse último ato manteve as duas Grandes Lojas distantes até o desaparecimento permanente da Grande Loja de Toda a Inglaterra, na década de 1790 (COIL & BROWN, 1961).Em  1751  alguns  maçons  irlandeses  estabelecidos  em  Londres,  revoltados  com  as  inovações realizadas  pela  Grande  Loja  da  Inglaterra,  inovações  essas  ocorridas  após  a  inconfidência  de  Samuel Prichard, em sua obra “Maçonaria Dissecada”  (CARR, 1977), optaram por fundar uma nova Grande Loja conforme os antigos princípios e práticas maçônicas, anteriores às inovações ocorridas a partir  de 1730 (HODAPP,  2005).  Eles  eram  liderados  por  Laurence  Dermott,  o  qual  denominava  os  membros  de  sua Grande Loja como os “Antigos” e se referia aos membros da primeira Grande Loja de Londres como os “Modernos”. Essa rivalidade entre os Antigos e Modernos  durou até 1813, quando da fusão das duas Grandes Lojas inglesas, gerando assim a Grande Loja Unida da Inglaterra. Tomando por base um entendimento de que a Grande Loja Unida da Inglaterra é um novo corpo maçônico, criado formalmente em 1813, a Grande Loja  da Irlanda clama para si o título de Grande Loja mais antiga do mundo “em existência contínua”, tendo sido fundada em 1725.
Maçonaria Francesa
Em  1728,  Lojas  Maçônicas  francesas,  formadas  principalmente  por  jacobitas  ingleses  e escoceses, fundaram a Grande Loja da França, elegendo  Philip Wharton, o primeiro Duque de Wharton, como  seu  Grão-Mestre. O Duque de Wharton havia sido antes Grão-Mestre da Grande Loja de Londres em 1722, mesmo sem ter sido Venerável Mestre de sua Loja, tendo como Adjunto o famoso Desaguliers (VILBERT, 1923). Ao final de seu mandato em Londres, ele apresentou uma proposta de retirar do Grão Mestrado o direito de nomear seu Adjunto, passando o cargo a ser eletivo. Com a reprovação de sua proposta,  ele  se  desligou  da  Grande  Loja  de  Londres.  Sendo  o  Duque  de  Wharton  um  conhecido simpatizante dos jacobitas, sua eleição como Grão-Mestre na França foi compreendida como um recado de  total  independência  dos  maçons  franceses  aos  maçons  ingleses,  os  quais  estavam  intimamente ligados  à  Casa  de  Hanôver.  Obviamente  que  a  Grande  Loja  de  Londres  não  reconheceu  a  “coirmã” francesa recém criada.Nessa primeira Grande Loja da França, o Duque de Wharton foi sucedido pelos jacobitas  James Hector MacLean e  Charles Radcliffe, Conde de Derwentwater. Paralelamente a essa iniciativa, em 1735,outras  Lojas  francesas,  com  predominância  antijacobita,  solicitaram  à  Grande  Loja  de  Londres  o estabelecimento na França de uma Grande Loja Provincial, a qual  somente  foi fundada em 24 de junho de 1738, tendo Louis de Pardaillan de Gondrin, segundo Duque de Antin, como seu primeiro e perpétuo Grão-Mestre  e sob a denominação de  “Grande Loja Inglesa da França”.  O Duque de Antin faleceu  em 1743, quando então uma reunião emergencial de Veneráveis Mestres elegeu Louis de Bourbon, o Conde de Clermont, como o novo Grão-Mestre da Grande Loja da França (CUMMING, 1954).Durante a gestão do Conde de Clermont, a Grande Loja Inglesa da França se rebelou contra a Grande  Loja  de  Londres,  já  autodenominada  Grande  Loja  da  Inglaterra,  desligando-se  da  mesma  em 1755 e mudando seu nome para Grande Loja da França,  mesmo nome de sua antecessora jacobita, já inexistente (MACKEY, 1914). Logo passou a assumir o passado daquela como sua. Dois anos após  a  morte  do Conde de Clermont, em 1773, a Grande Loja da França  sofreu uma grande cisão, surgindo assim o Grande Oriente de França.  Após a cisão, a  Grande Loja da França  passou a  ser  conhecida  como  a  “Grande  Loja  de  Clermont”.  Essa  última  quase  não  resistiu  à  Revolução Francesa, chegando a suspender seus trabalhos. Após o  término da Revolução,  em 21 de maio de 1799, a  Grande  Loja  de  Clermont,  ainda  debilitada,  foi  incorporada  pelo  Grande  Oriente  de  França  (COIL & BROWN, 1961).Voltando ao Grande Oriente de França, que se declara sucessor da Grande Loja de França, seu 
primeiro  Grão-Mestre  foi  Louis  Philippe  d’Orleans,  Duque  de  Orleans.  Ele  permaneceu  como  GrãoMestre  do  Grande  Oriente  de  França  até  1793,  quando  fez  uma  declaração  contra  os  mistérios  e reuniões secretas  da Maçonaria e acabou sendo destituído de seu posto,  ao qual, diga-se de passagem, nunca fez questão nem deu a mínima atenção (Ibidem). Atualmente, o Grande Oriente de França declara em seu website  (GOdF, 2014)  ter sido  fundado em  1728  com  o  nome  de  Grande  Loja  da  França  e  ter  adotado  o  nome  atual  em  1773,  quando,  na realidade, foi fundado em 1773. 
Maçonaria Brasileira
A história que quase todos os historiadores maçons  brasileiros  descreveram  pode ser resumida da seguinte forma: Em 1815, nove maçons fundaram Rio de Janeiro a Loja “Comércio e Artes”, a Loja Primaz do Brasil. Após um breve período de interrupção, em 1822, a Loja contava com noventa e quatro membros, os quais  dividiram  a Loja em três e fundaram  o Grande Oriente  do Brasil, Obediência  Primaz
do Brasil. Apesar  dos  esforços  de  muitos  autores  maçons  em  negar  tal  fato,  o  pioneirismo  maçônico brasileiro  ocorreu  no  Nordeste,  mais  precisamente  na  Bahia.  A  primeira  capital  do  Brasil  também  foi berço da primeira Loja Maçônica: “Cavaleiros da Luz”, fundada em 1797. Nada mais justo. Se quase tudo no Brasil começou  na Bahia, por que na Maçonaria seria diferente? O historiador e maçom  Francisco Borges  de  Barros  (1928),  que  foi  diretor  do  Arquivo  Público  da  Bahia  e  relatou  pela  prim eira  vez  a existência  dessa  Loja,  ainda  deu  conta  de  que  a  Loja  “Cavaleiros  da  Luz”  foi  a  chama  principal  da Conjuração Baiana. Nada mal para os nossos pioneiros.Mesmo  com  a  dissolução  dessa  primeira  Loja,  com  o  passar  dos  anos  a  Maçonaria  foi  se desenvolvendo no fértil solo baiano: em 1802 surgiu a Loja “Virtude e Razão” que, depois de  um  breve tempo  de adormecimento, foi reerguida com o nome “Virtude e Razão Restaurada”, na mesma época em que, também de seu espólio, surgiu a Loja “Humanidade”. Ainda no Nordeste, não demorou para que a luz maçônica iluminasse, por influência da Bahia, o Estado de Pernambuco. Sobre  Pernambuco,  é  necessário  aqui  um  comentário  à  parte.  Apesar  de  muitos  escritores maçons assim desejarem, a “Areópago de Itambé” não era uma Loja  Maçônica. No século XVIII existiam centenas de instituições criadas aos moldes da Maçonaria,  utilizando  símbolos iguais ou  similares, e até dividindo os graus em Aprendiz, Companheiro e Mestre  aos moldes da  Maçonaria. Era uma verdadeira “coqueluche” de Ordens, Clubes e Associações, e era muito comum os homens livres serem membros de  duas  ou  mais  dessas  diferentes  instituições,  até  mesmo  no  Brasil.  Um  exemplo  disso  é  o “Apostolado”, da qual José Bonifácio, Gonçalves Ledo e D. Pedro I também faziam parte  (COSTA, 1956).Ser inspirada na Maçonaria não é o mesmo do que ser Loja Maçônica. 
Voltando  a  “real”  Maçonaria,  em  1809,  atendendo  às  inúmeras  Lojas  que  já  existiam,  foi 
fundado  em  Salvador  o  “Governo  Supremo”  ou  “Grande  Oriente  Brasileiro”,  a  primeira  Obediência 
Maçônica brasileira  (MOREL & SOUZA, 2008). Não era um “Grande Oriente da Bahia”, como os poucos historiadores maçons que o citam costumam se referir, pois era composto de, pelo menos, 09 Lojas: 03 na Bahia, 04 em Pernambuco e 02 no Rio de Janeiro. Maçons portugueses e brasileiros, muitos deles 
iniciados na França e Portugal, eram membros dessas Lojas. Tudo isso  seis  anos antes da fundação da 
“Comércio e Artes” e 13 anos antes  da fundação  do Grande Oriente do Brasil. Pernambuco, por contar 
com  maior  número  de  Lojas,  ganhou  em  1816  uma  Grande  Loja  Provincial  filiada  ao  “Governo 
Supremo”. Interessante  observar  que  mais  uma  vez  a  Maçonaria  se  fez  presente  na  história:  um  dos responsáveis pela formação do  Grande Oriente Brasileiro  e tido como primeiro  Grão-Mestre da Grande 
Loja Provincial de Pernambuco, Antônio Carlos de Andrada, foi o líder da Revolução Pernambucana, em 
1817.  Prova  maior  do  papel  decisório  da  Maçonaria  no  movimento  é  a  lei  régia  de  1818  proibindo sociedades secretas no Brasil (BARATA, 2011). Destaco aqui o fato de que Antônio Carlos de Andrada foi posteriormente um dos fundadores do Grande Oriente do Brasil, em 1822. Antes  que  alguém  tente  justificar  a  constante  omissão  de  tais  fatos  nas  “versões  oficiais”  da Maçonaria  brasileira  por  conta  dessas  Lojas  e  Obediência  não  terem  sido  regulares,  é  importante observar  que  até  mesmo  a  histórica  Loja  “Comércio  e  Artes”  foi  fundada  sem  Carta  Constitutiva  em 1815 e trabalhou de forma irregular até 1818, quando foi fechada  (CARVALHO, 2010). Somente quando de seu reerguimento, em 1821, a “Comércio e Artes” se filiou ao Grande Oriente Lusitano. O importante é  esclarecer  que, antes de fundada uma Loja situacionista, a qual  deu origem  à Obediência que promoveu a independência sob a manutenção do imperialismo no Brasil,  houve  várias outras Lojas e até Obediências oposicionistas, e muitos de seus membros morreram ou sofreram duras penas defendendo os princípios maçônicos de liberdade e democracia. E a Maçonaria brasileira de hoje tem o dever moral de honrar essa história.
Ainda  sobre  o  Grande  Oriente  do  Brasil,  fundado  em  1822,  seu  novo  Grão-Mestre,  o  então 
Imperador D. Pedro I, optou por fechar a Obediência em 25 de outubro do mesmo ano, apenas quatro 
meses após sua fundação. Depois de quase dez anos sem uma Obediência maçônica em funcionamento 
no  Brasil,  maçons  do  Rio  de  Janeiro  optaram  por  fundar  uma  nova  Obediência,  o  Grande  Oriente 
Brasileiro, fundado em 24 de Junho de 1831 e tendo como Grão-Mestre o Senador Vergueiro. Alguns 
maçons oriundos do extinto Grande Oriente do Brasil, revoltados por terem ficado de fora da fundação 
dessa nova Obediência, promoveram o reerguimento do  Grande Oriente do Brasil, em 23 de Novembro 
do mesmo ano, ou seja, cinco meses depois. O  Grande  Oriente  Brasileiro  então  publicou  uma  carta-denúncia  contra  o  Grande  Oriente  do Brasil. Entre as acusações, o Grande Oriente Brasileiro apontava como irregularidade no reerguimento do Grande Oriente  do Brasil  o fato ter sido reerguido com José Bonifácio como Grão-Mestre,  tido na época  como  inimigo  da  Maçonaria  por  conta  de,  entre  outras  coisas,  a  criação  do  Apostolado,  e  não Dom  Pedro  I,  o  último  Grão-Mestre,  ou  seu  sucessor  legal.  Entre  as  Lojas  que  apoiavam  a  denúncia, estava  a  “Comércio  e  Artes”,  embrião  do  primeiro  Grande  Oriente  do  Brasil,  e  a  Loja  “Educação  e Moral”, de Gonçalves Ledo  (SUPREMO, 1928).  A rivalidade entre os dois Grandes Orientes durou até 18 de  Janeiro  de  1883,  quando  da  fusão  dos  mesmos,  sob  forte  pressão  da  Maçonaria  de  Portugal (CARVALHO, 2010).
Considerações Finais
Há  um  adágio  português  que  resume  muito  bem  o  breve  histórico  maçônico  exposto  neste estudo:  “antiguidade  é  posto,  e  posto  é  galão”.  Peter  Drucker,  o  pai  da  administração  moderna, confirmou a veracidade desse ditado ao verificar que o pioneirismo é uma vantagem competitiva entre as organizações. Na Inglaterra, enquanto York e Londres brigavam pela antiguidade de fundação, uma terceira Grande Loja, também em Londres, utilizou a antiguidade de costumes como estratégia para se tornar uma ameaça real à supremacia de sua conterrânea. Na França, uma segunda Grande Loja pegou  emprestado o passado da  primeira e sofreu  uma cisão.  E  a  Obediência  formada  pelos  dissidentes,  quando  da  ausência  das  duas  anteriores,  pegouemprestado o passado de ambas. No  Brasil,  a  mais  antiga  Obediência  ainda  em  funcionamento  desconsidera  que  houve  uma Obediência  mais antiga, com sede na Bahia  e com um braço em Pernambuco, mesmo tendo Antônio Carlos de Andrada, Ex-Grão-Mestre da Grande Loja Provincial de Pernambuco, sido posteriormente  um de  seus  fundadores.  Além  disso,  depois  de  dez  anos  sem  uma  Obediência,  a  Maçonaria  brasileira  se deparou com o surgimento quase que simultâneo de duas rivais, que demoraram mais de meio século para se unirem e apenas sob pressão externa. Os  fatos  resumidamente  aqui  expostos  sugerem  que  os  primeiros  líderes  das  duas  vertentes maçônicas originais, a anglo-saxônica e a latina, trataram inicialmente de levantar templos à política e cavar masmorras à fraternidade. Apesar de sucessores desses pioneiros em ambas as vertentes terem inicialmente  remediado tais atos que distanciavam irmãos, primeiramente na França, em 1799  (em 26 anos),  e  posteriormente  na  Inglaterra,  em  1813  (em  62  anos),  a  Maçonaria  em  alguns  países  acabou cometendo  erros  similares  nas  décadas  seguintes.  No  caso  brasileiro  os  sucessores  também conseguiram remediar  os erros dos antecessores, em 1883 (em 52 anos).  No entanto, mesmo nos três exemplos  selecionados  essa  união  não  foi  permanente  e,  enquanto  alguns  líderes  da  sublime  ordem maçônica obtiveram êxito na união da fraternidade durante os séculos XVIII e XIX, raros são os casos de sucesso no século XX e durante o corrente. Nesse cenário maçônico conturbado, a história acaba ganhando diferentes versões conforme as diferentes organizações maçônicas contemporâneas e, nesse processo, as organizações precursoras, não mais existentes, parecem ser simplesmente apagadas da memória.

Referências Bibliográficas
BARATA, Alexandre Mansur. E é certo que os homens se convencem mais pela experiência do que pela 
teoria: cultura política e sociabilidade maçônica no mundo luso-brasileiro (1790-1822). REHMLAC, Vol. 3, No 1, 2011.
BARROS, Francisco Borges. Primórdios das Sociedades Secretas na Bahia, in Anais do Arquivo Público da Bahía, Salvador: Imprensa Oficial do Estado da Bahia, 1928.
CARRY,  Harry.  Samuel  Prichard’s  Masonry  Dissected.  1730.  Reedição.  Bloomington,  Ill.:  Masonic  Book Clube, 1977. 
CARVALHO, W. A. Pequena História da Maçonaria no Brasil. REHMLAC, Vol. 2, No.1, 2010, p. 31-58.
COIL, Henry Wilson; BROWN, William M. Coil’s Masonic Encyclopedia. New York: Ed. Macoy,1961.
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CUMMING,  I.  Freemasonry  and  Education  in Eighteenth  Century  France.  History  of  Education  Journal,Vol. 5, N. 4, 1954, pp. 118-123.
GOdF  –  Grande  Oriente  de  França.  Présentation  –  Le  Grand  Orient  de  France.  Disponível  em: 
http://www.godf.org/index.php/pages/details/slug/le-grand-orient-de-france.  Acesso  em:  18  de  Maio 
de 2014. 
HODAPP, Christopher. Freemasons for Dummies. Hoboken, NJ: Wiley Publishing Inc., 2005.
ISMAIL, Kennyo. Porque a  Maçonaria Brasileira está perdida: uma análise comparativa da influência dos 
diferentes lemas sobre as atividades maçônicas. Ciência & Maçonaria, Vol. 1, No. 1, 2013, p. 29-50.
MACKEY,  A.  G.  An  Encyclopedia  of  Freemasonry  and  tis  Kindred  Sciences.  New  York  e  Londres:  The Masonic History Company, 1914. 
MOREL, Marco; SOUZA, Françoise Jean de Oliveira. O poder da maçonaria: a história de uma sociedade secreta no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. 
PRESTON, William. Illustrations of Masonry. New York: Masonic Publishing and Manufacturing Co., 1867.
SUPREMO Conselho do Brasil. Revista Astréa de Estudos Maçônicos. Rio de Janeiro: Editora Astréa, Ano:II, Nº 04, 1928.
UGLE  –  United  Grand  Lodge  of  England.  Freemasons  Hall  –  Tours.  Disponível  em: 
http://www.ugle.org.uk/freemasons-hall/tours. Acesso em: 18 de Maio de 2014. 
VILBERT, Lionel. Anderson’s Constitutions of 1723. The Builder Magazine, Vol. 9, No. 8, 1923. 

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