quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pesos e Medidas Bíblicas - Fonte : O Livro dos Dias

Cada geração que se educa absorve normalmente os aperfeiçoamentos do seu tempo com a coisa mais normal do mundo – e esquece muito das dificuldades que foram ultrapassadas por esses aperfeiçoamentos. Assim, se ninguém deve espantar-se com a familiaridade da garotada com os micros, também não deve decepcionar-se pelo fato de que muitos já não são capazes de fazer contas sem o auxílio da calculadora onipresente. Um quilo é um quilo para todo mundo (menos, é claro, para o comerciante desonesto...), mas
nem sempre foi assim. Foram provavelmente os sumérios que introduziram um sistema rudimentar
de pesos e medidas. Nos tempos bíblicos, que nos interessa mais de perto, a noção desses pesos e medidas tinha evoluído bastante. Mas quando alguém disser que tal medida era exatamente x ou y cm, duvide. Hoje, o metro é definido, rigorosamente, como “ o comprimento igual a 1.650.763,73 comprimentos de onda, no vácuo, da radiação correspondente à transição entre os níveis 2p10 e 5d5 do átomo de criptônio”. Você já imaginou essa exatidão no tempo de Salomão? Brincadeira! É claro, tudo naquela época tinha que ser empírico. Mas foi o bastante para servir às necessidades e permitir o progresso.Vejamos.
1. Medidas de comprimento côvado ou cúbito – era medido da ponta do dedo médio ao
cotovelo. Os dicionários modernos registram como “medida antiga de 66cm”. Mas há outras
referências: no Egito, 44,5 cm (côvado curto, de 6 palmos) e 52cm (côvado comprido, de 7
palmos); na Suméria, 49,5 cm; em Israel, 55 cm e 38,2 cm; na Grécia, 46,5 cm e em Roma
44,4 cm.
2. Palmo – o palmo curto era medido pela largura da mão na base dos dedos, equivalendo a
7,6 cm. O palmo longo era medido da ponta do polegar à do mínimo, 23 cm. Três palmos
longos equivaliam a meio côvado (não disse que esse negócio de exatidão era tolice?). A quarta
parte do palmo curto era o dedo, mais ou menos 2 cm.
3. Medidas de peso & dinheiro Shekel ou Siclo – na Suméria, 8,4 g; em Israel, 11 ou 14 g
(Shekel real). Em Israel, os pesos eram feitos de pedra. No Egito e na Babilônia, eram de
metal.
4. Mina – Valia 50 shekels, mais ou menos 570 g.
5. Talento – Valia 60 minas, mais ou menos 34 kg. Havia ainda o talento duplo, equivalente a
60 kg. Essas medidas de peso tinham seu correspondente prático no dinheiro, que, na
maioria das vezes, era relacionado a um determinado peso, não a um valor nominal.
Assim, as moedas de ouro e prata do Velho Testamento têm os mesmos nomes dos pesos:
shekel (siclo), mina e talento, equivalentes aos pesos.
Havia ainda uma moeda de bronze chamada lepto. As primeiras moedas cunhadas só
apareceram no século VII a. C., na Lídia, ainda relacionadas a pesos.
Além das moedas judaicas, a Bíblia faz menção a outras moedas, como a dracmae a
tetradracma, moedas gregas de prata; denário, moeda de prata romana, e dúreo, moeda
romana de ouro, que circulavam por toda a parte. Só para se ter uma idéia, 30 shekels
judaicos valiam 1 mina grega ou 100 denários romanos.
Medidas de distâncias:
Braça (orgyia, em grego), 1,85 m.
Estádio (stadion, em grego e stadium, em latim) – media 185 m.
Como curiosidade, vale lembrar que no sábado (Shabbat), dia dedicado ao descanso, a um
judeu só era permitido caminhar 2.000 côvados, aproximadamente 914 m.
Como você viu, não se pode estudar história sem lembrar que no passado as coisas não
tinham a exatidão de hoje. Pois o inventor da copiadora xerox, Chester Carlson, teve que esperar mais
de duas décadas para que a indústria chegasse à precisão de que suas máquinas precisavam.

terça-feira, 12 de abril de 2011

A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NA MAÇONARIA

A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NA MAÇONARIA
A abordagem de um assunto complexo exige algumas premissas, que, embora verdades inconcussas, podem ser, muitas vezes, esquecidas, em benefício de interesses pessoais de momento.

A primeira premissa esclarece que a Maçonaria é uma Fraternidade. Ora, o substantivo feminino fraternidade designa o parentesco de irmãos, o amor ao próximo, a harmonia, a boa amizade, a união ou convivência como de irmãos. Isso leva à conclusão de que, na organização designada, genericamente, como Maçonaria, ou Franco-Maçonaria, definida como uma Fraternidade, deve prevalecer a harmonia e reinar a união ou convivência como de irmãos.

A segunda premissa afirma que a Maçonaria, como uma Fraternidade, deve ser uma instituição fundamentalmente ética. O substantivo feminino ética designa a reflexão filosófica sobre a moralidade, ou seja, sobre as regras e códigos morais que orientam a conduta humana; refere-se, também, à parte da Filosofia que tem por objetivo a elaboração de um sistema de valores e o estabelecimento dos princípios normativos da conduta humana, segundo esse sistema de valores. Sendo, a Maçonaria, até pela sua definição, uma organização ética, devem ser rígidos os códigos de moral e alto o sistema de valores, que orientam a conduta entre maçons.

Todos os códigos maçônicos ressaltam a importância dos valores éticos entre maçons, ou seja, entre Irmãos. Isso está bem evidente em disposições inseridas em textos constitucionais, as quais, com pequenas variações de Obediência para Obediência, afirmam que, entre outros, são deveres do maçom:

"Reconhecer como Irmão todo maçom e prestar-lhe, em quaisquer circunstâncias, a proteção e ajuda de que necessitar, principalmente contra as injustiças de que for alvo;

Haver-se sempre com probidade, praticando o bem, a tolerância e a fraternidade humana".

E completam, destacando que:

"Não são permitidas polêmicas de caráter pessoal nem ataques prejudiciais à reputação de Irmãos, nem se admite o anonimato".

A ética, todavia, não fica restrita apenas às relações entre maçons, mas, também,, às destes com as Obediências que os acolhem, principalmente nas referências a estas, ou aos seus dirigentes, em textos escritos. Isso está bem caracterizado no dispositivo legal, que admite ser direito do maçom:

"Publicar artigos, livros, ou periódicos que não violem o sigilo maçônico nem prejudiquem o bom conceito da (do) Grande Loja (Grande Oriente)".

A par, entretanto, dessa ética de caráter interno, há aquela reconhecida em todos os meios sociais e que considera atentatórias às regras e códigos morais das sociedades ditas civilizadas, atitudes como:

1. Divulgar denúncia de fatos, sem a necessária comprovação, o que envolve difamação e calúnia;

2. Difamar e atacar pessoas, em conversas e em reuniões, sem a presença dos atingidos pelos ataques;

3. Divulgar, por qualquer veículo, o texto de cartas particulares e, portanto, confidenciais;

4. Atacar pessoas e instituições, sem lhes dar o direito de resposta no mesmo veículo e no mesmo local em que foi publicado o ataque (e esse é um direito garantido por lei);

5. Ter conhecimento de que alguém está incorrendo em atitudes antiéticas, como as citadas, e nada fazer, ou, o que é pior, ajudar a incrementá-las;

6. Aproveitar uma situação de inimputabilidade penal --- por qualquer motivo, inclusive senilidade --- para produzir ataques, difamações e injúrias contra pessoas e/ou instituições.

Atitudes antiéticas, como essas citadas, ocorrem todos os dias, na sociedade atual, principalmente em épocas de campanha eleitoral, de crises econômicas, de tumulto social; ocorrem, também, nos meios onde a intriga e os mexericos fazem parte do ofício e trazem dividendos financeiros, como é o caso das "colunas sociais" e da mídia especializada em futricas de rádio, televisão e teatro. É claro que ocorrem! A sociedade atual, graças ao esgarçamento de sua estrutura familiar e ao avanço avassalador da amoralidade, é, hoje, altamente antiética : a solidariedade é moeda em baixa; o respeito às demais pessoas é praticamente inexistente; o acatamento da lei e da ordem vai escorrendo pelo ralo; a deslealdade, no sentido de auferir vantagens, vai de vento em popa; quem está por cima, pisa na cara de quem está por baixo; e quem está por baixo tenta puxar o tapete de quem está por cima.

A Maçonaria, contudo, deveria dar o exemplo de moral e de ética. Afinal de contas, ela afirma, em todas as suas Cartas Magnas, que:

"Pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade. (...) Proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um".

Nem sempre, porém, isso acontece. A Instituição maçônica, doutrinariamente, é perfeita, mas os homens são apenas perfectíveis. Procuram se aperfeiçoar, mas muitos nem sempre conseguem o seu intento, mesmo depois de muitos e muitos anos de vida templária, persistindo nas atitudes aéticas e antiéticas, que lhes embotam o espírito e assolam o ideal de solidariedade, de moral e de respeito à dignidade humana.

Para aqueles que pretendem, realmente, se aperfeiçoar, valem os conselhos contidos numa mensagem encontrada na antiga igreja de Saint Paul, em Baltimore, datada de 1692 :

"Vá plácido entre o barulho e a pressa lembre-se da paz que pode haver no silêncio. Tanto quanto possível, sem capitular, esteja de bem com todas as pessoas. Fale a sua verdade, clara e calmamente; e escute os outros, mesmo os estúpidos e ignorantes, pois também eles têm a sua história. Evite pessoas barulhentas e agressivas. Elas são tormento para o espírito. Se você se comparar a outros, pode se tornar vaidoso e amargo, porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores a você. Desfrute suas conquistas, assim como seus planos. Mantenha-se interessado em sua própria carreira, ainda que humilde; é o que realmente se possui, na sorte incerta dos tempos. Exercite a cautela nos negócios, porque o mundo é cheio de artifícios. Mas não deixe que isso o torne cego à virtude que existe; muitas pessoas lutam por altos ideais e, por toda parte, a vida é cheia de heroísmo. Seja você mesmo. Principalmente, não finja afeição, nem seja cínico sobre o amor, porque, em face de toda aridez e desencanto, ele é perene como a grama. Aceite, gentilmente, o conselho dos anos, renunciando, com benevolência, às coisas sa juventude. Cultive a força do espírito, para proteger-se, num infortúnio inesperado.

Mas não se desgaste com temores imaginários. Muitos medos nascem da fadiga e da solidão. Acima de uma benéfica disciplina, seja bondoso consigo mesmo. Você é filho do Universo; não menos que as árvores e as estrelas, você tem o direito de estar aqui. E que seja claro, ou não, para você, sem dúvida o Universo se desenrola como deveria. Portanto, esteja em paz com Deus, qualquer que seja a sua forma de conhecê-lo, e, sejam quais forem sua lida e suas aspirações, na barulhenta confusão da vida, mantenha-se em paz com sua alma. Com todos os enganos, penas e sonhos desfeitos, este ainda é um mundo maravilhoso. Esteja atento"!


Ir.: José Castellani
Do livro "Fragmentos da Pedra Bruta"
Editora A Trolha - 1999, coletânea de artigos esparsos.