sábado, 14 de agosto de 2010

MAÇONARIA VERSUS FANATISMO-Ir.: Valfredo Melo e Souza(*)

A Maçonaria em sua prática institucional condena veementemente o fanatismo em todas as suas formas. Fanatismo vem do latim fanaticus e quer dizer “o que acontece em um templo” (fanum, templo, lugar sagrado). O fanático é um escravo diante de um Senhor absoluto que pode ser, uma divindade, um líder mundano, uma causa suprema ou uma fé cega, irrefletida, inconsciente e, a maior parte das vezes, independente da própria vontade. O fanatismo é uma auto-sugestão que se sente através de uma paixão desordenada a que nos entregamos. Seus efeitos são maléficosquando se manifesta numa comunidade compacta, com diversas crenças e opiniões. O fanático, quase sempre, visa “salvar a humanidade do caos”, “combater as forças do mal”, “exorcizar demônios”. Assim existe fanatismo por uma religião, por uma seita, uma raça, por ideologias revolucionárias, um partido político, até mesmo por um time de futebol. Quantos místicos! Quantos charlatães! O movimento da Jihad islâmica contra os “infiéis do ocidente”, “a guerra aos terroristas do 11 de setembro” são exemplos de fanatismos perniciosos. São tão fanáticos os terroristas suicidas muçulmanos como os fundamentalistas cristãos norte americanos que atacam clínicas de abortos, perseguem homossexuais, proíbem o ensino da teoria evolucionista de Darwin nas escolas. Conta o escritor pacifista israelense Amós Oz (seu livro é ótimo: “Contra o Fanatismo”) que o fanático nos ama tanto que quer que sejamos como ele. O fanático não quer saber de conversa e de compromisso. Ele sabe melhor do que qualquer outro fanático, o que Deus realmente disse ou quer dizer. A essência do fanatismo, pois, reside no desejo de forçar as outras pessoas a mudarem. Ora, tem lugar para um tipo desse, na Maçonaria? Maçonaria é compromisso. Voluntário. Dedicado. Generoso. Uma Escola de Fraternidade. O fanatismo, a violência, a raiva, a vingança, o fundamentalismo, o racismo, são inimigos que não podem vicejar na Sublime Ordem. De vez em quando aparece um dublê de “fanático caseiro” que em Loja tenta reviver “o culto à personalidade”. Mas estes têm cura. A própria Ordem os coloca a meditar. É a harmonia dos contrastes. Um entre tantos mistérios da
Maçonaria. A moderação se apresenta como um antídoto que os fanáticos tanto odeiam. E a tolerância? Como eles tremem diante dela. E então abdicam do terrorismo em Loja. Não querem mais ter razão em tudo. Querem ser felizes dentro da Instituição com o que ela ensina, prega e oferece. Diz o romancista Amós Oz: “não faça só o amor, faça a paz”. Paz é um esforço que tem a ver com adesão a um compromisso que cura uma enfermidade terrível: a arrogância que leva o homem a procedimentos mesquinhos, tacanhos; E, no dizer do Rabino de Kotzk: “um fanático converte questões essenciais em questões marginais e questões marginais em questões essenciais”. Na verdade, com fé não há perguntas; sem fé não há respostas. Previne-se o fanatismo em Loja, com uma instrução de boa qualidade que desenvolva uma boa cultura geral. Vamos ter o homem bem adaptado para um convívio equilibrado, que sabe ouvir, ponderar e falar, livre das paixões que o cega para a prática do bem. É o princípio da busca da Verdade. Estudemos, pois!
(*) M.:I.: e membro da Academia Maçônica de Letras do DF

ECOS DO PASSADO-Ir.: Nelton Malavolta (*)

Caríssimos Irmãos,
Tendo hoje lido alguns tópicos em grupos, sobre cartas de manifestos dirigidas à nação e ao governo, emitidas pelo GOB, GOERJ, CMSB em momentos separados, em sinal de repudio e protesto à falta de vergonha e à roubalheira aos cofres públicos praticadas justamente por nossos representantes no governo, e do próprio governo, unidos a outros grupos de gangster, comecei então a fazer alguns questionamentos sobre nossa expressão de força, enquanto Ordem e, a esta atitude onde se busca encontrar retorno, neste momento, com este tipo de ação (cartas de manifesto), depois de refletir sobre o assunto, acabei chegando à conclusão de que muito pouco ou quase nada, em resultados de retorno isto nos trará. Pois hoje somos uma Maçonaria fracionada, onde irmãos “brigam” com irmãos, e inclusive alguns fazem “beicinhos”, mas somente com seus próprios irmãos, bem diferente do passado, então, que tipo de resposta esperamos ouvir agindo desta forma...? Nenhuma, pois eles (Governo), não nos vêem mais, como os detentores da força, da Unidade, da União, da verdadeira fraternidade universal. Creio eu, e esta é somente minha visão destes fatos, que deveríamos começar este movimento por dentro, escavando na própria carne, remexendo por trás da fachada das aparências. Acabando com a política interna dentro de nossa Ordem, exterminando também, com as vaidades, com o egoísmo, com a pavonisse, com as bobagens, com as coisas menores, com irmãos não reconhecendo irmãos, alguns, até tratando irmãos com desprezo e indiferença, começaríamos assim a dar novamente (alguns inclusive a aprender), nossos primeiros três passos, rumo a retidão, ao acerto, na busca da unidade, da força e da fraternidade universal, pois penso que este é o momento ideal para se fazer a história, como diz a famosa música, quem sabe faz a hora, não espera acontecer, e nós sabemos, pois a Ordem da qual fazemos parte já viveu momento igual, momento de dificuldades politicamente no País, e mostrou naquela oportunidade, a força da fraternidade, da unidade, da união, mas naquela época tínhamos Lideres, diferente de hoje, e uso como exemplo, Gonçalves Ledo e José Bonifácio, homens de grupos diferentes, mas que unidos pelo mesmo objetivo conquistaram êxito, trazendo os resultados esperados. (aqui temos o dever de fazer um parêntese, pois temos um erro histórico com o esquecimento irretratável pelos historiadores aos méritos de Gonçalves Ledo) que fique registrado. Esta é hora de trazermos à superfície, nossos ideais, ideais de uma maçonaria realmente universal e forte, irmãos unidos por pensamentos e objetivos, por uma causa maior, como ela própria já o fez no passado, precisamos com urgência recuperar nossa força de unidade, e isto somente acontecerá quando alguém com extrema capacidade de liderança e com muita habilidade de negociação apareça e, consiga através de muito trabalho, unir a todos os irmãos, de todas as Potências e a todos os Grãos Mestrados da América latina, que unidos conclamem, em um único, uníssono GRITO, para que todos os irmãos desembainhem suas espadas e juntem-se em busca da retomada das VIRTUDES, pela recuperação da VERGONHA e dos PRINCIPIOS MORAIS, creio que assim conseguiríamos então trazer, somados a este movimento, o povo, e aí sim, acredito com toda a certeza que encontraríamos ouvidos, e muitos, que nos escutassem. Os irmãos maçons que estão fazendo parte do governo teriam mais segurança para suas ações e ao mesmo tempo, aqueles que não estão no caminho da retidão em atitudes e atos, se sentirão ameaçados por lembrar-se de seus juramentos. Hoje, da forma como nos encontramos, não acredito que se consiga algum retorno, no Maximo, com esta forma de protesto, somente para mostrarmos, como uma parda lembrança, como fotos amareladas do passado (olha estamos aqui e estamos vendo tudo isto viu), e muito menos ainda, com atos isolados como falam alguns, pois em correntes com elos abertos e enfraquecidos não se pode imprimir força, sob o risco de rompê-la por completo e definitivamente, imagine um malho imprimindo força no cinzel, trincado, que trabalho conseguira fazer na pedra bruta...? Nenhum, pois o cinzel se romperia na primeira pancada. Vejo que hoje temos na verdade, uma carência ou ausência total de homens com boa formação de personalidade, e isto mundialmente, de homens que não se corrompam pelo poder, pela ganância, pela vaidade, pelo egoísmo, mostrando sim, senso de responsabilidade e liderança para que possa lidar com tanto poder como este dado aos governantes no exercício da democracia, que saiba, como um bandeirante abrir o caminho através da mata fechada, para seu povo encontrar o rumo da luz, da dignidade, da honra, da felicidade, da satisfação em poder sustentar sua família com seu trabalho, de leis que os ampare, de educação justa, do respeito, da saúde, de igualdade, de liberdade com segurança, da certeza de ter governantes justos e perfeitos. Meus irmãos, daria para ficarmos aqui escrevendo muito tempo, pois este assunto é muito rico para quem gosta de refletir sobre os acontecimentos atuais, traçando uma ligação comparativa e profunda da atuação de homens de nossa sublime Arte Real de hoje e do passado. Peço desculpas àqueles que não concordam com minhas palavras, mas parafraseando a meu mestre Astaphai, eu pensei, escrevi e ouvirei com tolerância.
“Julga tuas ações, como severo juiz.” (Pitágoras)
(*)Oriente de Florianópolis (SC)
N.:E.: (1) Com este artigo do Irmão Nelson Malavolta, recebido tempos atrás (mas que parece-nos, por enquanto, atemporal), estamos
inaugurando esta nova seção, com o mesmo título do referido artigo.
Solicitamos aos IIr.: que desejem colaborar e que tenham artigos históricos de nossa Ordem, que nos enviem.

SOBRE O IÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL-Paulo de Tarso


Meus Queridos Irmãos,
Há poucos dias eu distribuí um texto sobre a Pedra Fundamental, que teve até muita repercussão, pois parece que foi considerado um assunto interessante. Aquele texto havia sido feito para responder a um questionamento feito anteriormente, por outro Irmão.
Depois de divulgado, recebi uma pergunta que também pareceu-me interessante, agora por outro motivo, que envolve questão do simbolismo. Bem, essa matéria eu sabia que já tinha visto, mas o difícil era localizar a foto explicativa. Como agora achei, vou passar isto também para os Irmãos. A pergunta foi: como uma pedra desse tamanho (e sabendo-se que na antiguidade as pedras das construções utilizadas eram realmente grandes), era afixada por aquele único pino no topo da pedra, e depois era erguida com uma corrente e colocada em seu lugar, sem que o pino se soltasse e a pedra despencasse? Afinal, se essa pedra cúbica medisse uma jarda de lado, pesaria pelo menos umas 3 toneladas (dependendo do material, é claro)... A pergunta parece tola, mas realmente não é. A solução é uma das que comprovam (havia muitas outras questões do mesmo gênero) que os pedreiros da idade média tinham mesmo razão em guardar seus segredos, pois isso é o que lhes permitia ostentar o excelente status de que gozavam, a ponto de serem considerados "pedreiros-livres", ou seja, tinham autorização para livremente transitar entre as comunidades independentes de então, sem serem molestados, quando se dirigiam para novas obras, por exemplo. Eram até disputados. Bem, mais uma vez, a explicação está na foto anexa. Dêem uma olhada e retornem ao texto, pois não é tão simples de entender só com uma passada de olhos. Então: em primeiro lugar, uma solução engenhosa era mesmo necessária, porque não seria possível fazer um furo passante com uma porca ou um pino de trava do outro lado, por exemplo, porque no assentamento da pedra, dependendo do seu local definitivo, não haveria como tirar essa porca ou pino de trava do lado de baixo, porque a pedra despencaria FORA DO LUGAR, e seria bem mais difícil recolocá-la alinhada. Obviamente, pelo mesmo motivo não se poderia passar a corrente por baixo pedra: não daria para tirá-la depois que a pedra ficasse sobre ela. A solução encontrada: foi fazer um furo QUADRADO, ou RETANGULAR no topo da pedra, com um ponteiro e um maço normal de cantaria, mas furo esse que ia se alargando na medida em que se aprofundava na pedra, ficando com uma forma trapezoidal, se visto de lado, quadrado, ou retangular, se visto de cima e retangular se visto da outra lateral. Agora, reparem o que vai colocado dentro desse furo: são TRÊS peça de metal: a do centro tem a forma de uma PLACA com todos os lados em ângulo reto (noventa graus). Mas duas laterais, que são iguais, vão se alargando no fundo, uma para a direita e outra para a esquerda. Essas peças eram bem justas e tinham um furo na parte que ficava por fora da pedra. Então, para colocar as placas, colocava-se primeiro uma lateral e empurrava-se a mesma até ela se encaixar no alargamento do fundo. Depois, colocava-se a outra lateral, a qual era empurrada para o lado oposto, até também se encaixar no alargamento do fundo, do seu lado. Assim sobrava o vão no centro, onde era encaixada verticalmente a terceira peça, com o formato de placa, que descia reta no seu lugar e ali ficava. Sua função era só manter as outras duas afastadas entre si, para ficarem presas na pedra. Isso feito, era colocada a peça de metal em "U" invertido, ou seja, em forma de estribo, de forma que as três placas ficassem dentro do "U" e os cinco furos (dois do estribo e mais um de cada uma das três placas) ficassem alinhados. Por último, passava-se um pino de metal pelos cinco orifícios (do estribo e das três placas alinhadas), pino esse que tinha uma cabeça de um lado e era travado com um contra-pino passando na ponta que saia do outro lado das três placas. Pronto: agora a pedra estava pronta, com uma alça no topo, que não tinha como se soltar, a menos que se tirasse a trava, o pino, o estribo, a placa central e por último as duas placas laterais, uma de cada vez , tudo nessa ordem. Aí era só encaixar o gancho da corrente, passar a corrente pela carretilha, prender a carretilha em um suporte (geralmente um tripé de troncos resistentes ou algo assim), colocar o tripé sobre o local exato onde a pedra seria depositada, içar a pedra vagarosamente e com força braçal ajustá-la e descê-la até seu local definitivo, aí retirando-se todas a parafernália. rudimentar, mas altamente prática. Bem, agora vem a parte MAÇÔNICA: esse dispositivo recebeu um nome original em inglês, vindo do latim (porque o expediente já era usado pelos romanos) e por corruptelas, acabou resultando no nome "LEWIS". E foi levado como um dos ornamentos das lojas inglesas e escocesas, com seu simbolismo próprio, como todas as demais ferramentas e instrumentos dos pedreiros. Essa miniatura, inclusive com o tripé, fica (ou ficava, porque o costume é só no Reino Unido e por aqui pouquíssimas lojas o tinham) no canto NORDESTE DO TEMPLO, perto do Prim. Diác. Quanto ao simbolismo, o nome LEWIS serve também para designar o que equivaleria aos nossos Lowtons. E o significado simbólico, então, em alusão àquele grampo de metal que sustenta o peso da pedra e permite conduzi-la ao seu correto destino, seria o de FIRMEZA, APOIO AOS MAIS NOVOS, SEGURANÇA, DIRECIONAMENTO, por aí. É isso aí, meus Irmãos. Não deixem de ver e ANALISAR a foto, para entender bem. E se quiserem, guardem, pois parece-me muito pouco provável que isso esteja escrito tudo junto em algum lugar, já que ninguém presta atenção nesse tipo de detalhe, além de ser um costume praticamente inexistente fora da Inglaterra e da Escócia, ou de suas lojas "over-seas". Aos Aprendizes, em especial, muito cuidado para não confundir estes dois temas de que tratamos sob o título de Pedra Fundamental e Lewis, com a Pedra Cúbica que todas as lojas normalmente possuem na decoração, muito menos com a outra pedra, denominada Pedra Cúbico-Piramidal, Pedra Pontiaguda, Perfeito Silhar e outros nomes, que algumas lojas ainda mantêm no lugar da prancheta de traçar, que tem significado, simbolismo e uso totalmente diferente e algumas lojas ainda mantêm (do tempo das Lojas Capitulares, hoje extintas no Simbolismo). Isso ficou mal resolvido quando as Lojas Capitulares foram extintas, e a prova está aí: os rituais que ainda não foram mutilados, bem como toda a literatura de bom nível, falam que toda loja tem três jóias fixas e três moveis, que fazem parte dos equipamentos para que ela possa funcionar. E todos, ou pelo menos os mais antigos, devem lembrar-se de que as três jóias móveis são a Pedra Bruta, a Pedra cúbica e a Prancheta de Traçar. Bem, aonde foi parar a Prancheta de Traçar das lojas? Acho que ela SUMIU da maioria das Lojas, e o máximo que se encontra é um símbolo no Painel do Grau. Só que ela aparece no Painel do Gr. 1, no Painel do Gr. 2 mas NÃO APARECE NO PAINEL DO GRAU 3. Não vou conferir em todos os ritos, mas garanto de cabeça que no painel do REAA não aparece... Então, onde foi parar essa JÓIA MÓVEL, que nas instruções nós vivemos repetindo que está lá na Loja? Bem, nos idos tempos, ela deveria mesmo estar ali pelo NORDESTE DA LOJA, eu acho. Depois foi parar no Perfeito Silhar, ou Pedra Cúbico-Piramidal, ou Pontiaguda, etc. Depois esta sumiu de praticamente todas as lojas (ainda existem algumas) e,
no máximo, tem um resquício de desenho nos painéis citados. É isso aí, meus Irmãos. Qualquer horinha a gente conversa mais. E se alguém tiver mais informações, pode ir colocando para que eu vá completando meus dados também. Eu ainda tenho mais alguns dados interessantes sobre o
tema PEDRA FUNDAMENTAL, mas esta mensagem já ficou muito longa.