quinta-feira, 16 de julho de 2009

O Surgimento das Grandes Lojas no Brasil

Extraído do "Vademecum da Regularidade Maçônica", publicado, em 1982, pela Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB)

A história da Maçonaria no Brasil, no que se refere às atividades das Grandes Lojas Estaduais Soberanas, está íntima e indissoluvelmente ligada à história do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, podendo, para tanto, ser sintetizada em três períodos.

I Período
Lojas Selvagens

Chamavam-se Lojas "Selvagens" aquelas existentes no País, ao tempo em que a Sublime Instituição ainda não havia sido organizada em Potências Maçônicas como hoje ocorre. Essas Lojas, em quase sua totalidade, não se identificavam publicamente com o nome de Loja Maçônica. Ocultavam-se sob os títulos de clubes literários, grêmios, etc., para escapar à perseguição tenaz que lhes era movida pela Inquisição e autoridades coloniais. Reconhece-se, no entanto que existe muita lenda e controvérsia em torno dessas Lojas.

II Período
Grande Oriente do Brasil e Supremo Conselho Confederados

A partir de 1822 termina o período das Lojas "Selvagens" e três delas se reúnem para fundar o grande Oriente do Brasil, o qual mais tarde, sofreu uma cisão, separando-se dele uma parte ponderável que se constituiu em outra Potência com o nome de Grande Oriente Brasileiro. Seguiram ambas o Rito Moderno, inspiradas no sistema do Grande Oriente de França.

A história do Rito Escocês Antigo e Aceito no Brasil tem que se desintegrar da história do Grande Oriente do Brasil até o ano de 1864, pois que até esta data o que existia de Escocismo dentro desse Corpo era irregular, clandestino, espúrio. Seu Supremo Conselho, fundado irregularmente, patenteado por um Corpo irregular, não fora até aquela data reconhecido como legítimo por nenhum outro Supremo Conselho. De 1864 para cá, confunde-se a história dos dois Corpos, porquanto foi naquela data que os remanescentes dos Supremos Conselhos, legítimos de Montezuma e David Jewett, fundiram-se com o irregular do Lavradio, dando-lhe a regularidade de que era carecedor.

A história, pois, do Rito Escocês Antigo e Aceito no Brasil, pode ser dividida em três períodos: o primeiro, de 1832 até 1864, quando viveu inteiramente separado do Grande Oriente do Brasil; o segundo, de 1864 a 1926, quando o Supremo Conselho viveu confederado ao Grande Oriente do Brasil; e o terceiro, de 1926, quando rompeu-se a confederação, até os dias de hoje. Esses três períodos se caracterizam perfeitamente pela organização maçônica em nossa terra. No primeiro, coexistiam o Supremo Conselho, tendo sob sua jurisdição o Simbolismo e o Grande Oriente do Brasil, potência do Rito Moderno exclusivamente a princípio, depois adotando outros, vários, inclusive o escocês, para o qual criou um Supremo Conselho irregular; no segundo período, a fórmula de potência mista - Grande Oriente do Brasil e Supremo Conselho, confederados; no terceiro, enfim, o Supremo Conselho, reconhecendo plena soberania ao Simbolismo, autoriza a formação das Grandes Lojas em todos os Estados da Federação.

Conforme é do conhecimento geral, o primeiro Supremo Conselho, que existiu trabalhando integralmente sob a fórmula adotada nas Constituições de 1786, foi o de Charleston, nos E.U.A., constituído em 1801. A este seguiu-se o de França, em 1804. A situação dos dois países em matéria maçônica era muito diferente. Nos E.U.A. estavam todas as Lojas Simbólicas reunidas sob a jurisdição de Grandes Lojas Soberanas, formadas nos diferentes Estados da Federação.

Na França, existia o Grande Oriente trabalhando no Rito Francês, com sete graus, fruto da cisão havida no seio da Grande Loja de França. Essa é a razão da não existência, nos E.U.A. de Lojas Simbólicas sob a jurisdição dos Supremos Conselhos lá existentes, o mesmo sucedendo no Canadá, na Escócia, na Irlanda, na Inglaterra, ao passo que na França e nos países latinos, que sempre lhes seguiram a orientação maçônica, os Altos-Corpos Escoceses abrangiam ainda o Simbolismo.

E, assim, se conservam as Lojas Simbólicas por muitos anos, até, com o correr dos tempos, o Simbolismo, que sempre foi a força dinâmica da Maçonaria, pugnar pelo seu direito de se dirigir, de se governar, de decidir, ele próprio, os negócios da competência das Lojas, sem intervenção dos Supremos Conselhos, aos quais as Grandes Constituições só garantiam a exclusividade nos graus filosóficos.

O Brasil entrou nessa corrente. Formando o seu Supremo Conselho por Montezuma, que conhecia o escocismo através da orientação francesa, com Cartas-Patentes da Bélgica ao ser criado, encontrou dois corpos maçônicos, ambos trabalhando no Rito Moderno: o Grande Oriente Brasileiro e o Grande Oriente do Brasil. Assim, Montezuma teve de criar não só os corpos destinados à prática dos graus filosóficos, mas ainda a dos graus simbólicos que não existiam no Rito Escocês.

Fundado, portanto, o Supremo Conselho, em 12 de novembro de 1832, a ele se agregaram mais tarde os Supremos Conselhos que, embora com autorização legal, haviam sido irregularmente criados pelo Irm.'. Marechal João Paulo dos Santos Barreto, com Carta-Patente do Supremo Conselho de França e pelo Ir.'. Contra-Almirante David Jewett, com Carta-Patente do Supremo Conselho Jurisdicional Sul dos E.U.A..

Sobre a existência do Supremo Conselho Jewett, há muitas dúvidas, acreditando-se realmente que ele nunca tenha chegado a ser instalado, tanto que na fundação do Supremo Conselho Montezuma, Jewett aparece como eleito para Lugar-Tenente Comendador.

O Supremo Conselho Montezuma, depois de várias vicissitudes, fundiu-se com o Supremo Conselho chamado de Conde de Lages; este último fundiu-se em 1845 (Tratado de União de 5 de dezembro) com o Grande Oriente Brasileiro da Rua do Passeio. Durante a gestão do Soberano Grande Comendador Paulino José Soares de Souza, Visconde de Uruguai, o Grande Oriente Brasileiro fundiu-se com o Grande Oriente do Brasil em 1864. Com essa fusão o Grande Oriente do Brasil ganhou regularidade e legitimidade, pois o grupo que veio se juntar a ele era o legítimo portador da regularidade e do reconhecimento internacional, remanescentes do Supremo Conselho Montezuma.

Por essa fusão confederaram-se as duas Potências Soberanas - o Grande Oriente do Brasil e o Supremo Conselho para o Brasil -, aquele uma verdadeira confederação de Ritos, o último com administração apenas do Rito Escocês antigo e Aceito. Dentro da Federação, o chefe supremo da Maçonaria Brasileira reunia em suas mãos os poderes de Grão-Mestre do Grande Oriente e de Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho e, até os derradeiros anos do Império, a eleição para preenchimento da vaga no Grão-Mestrado se fazia no seio do então chamado Grande Oriente, que corresponde mais ou menos a atual Assembléia Geral; os votos dos IIr.'., entretanto, só podiam recair nos nomes constantes de uma lista tríplice, organizada pelo Supremo Conselho dentre os Irmãos que fossem Membros Efetivos daquele Alto-Corpo Escocês. Essa prática, que pode ser criticada e o foi várias vezes, era a única maneira de evitar as incompatibilidades entre as leis do Grande Oriente desde a sua fundação mais ou menos orientadas pelas do Grande Oriente de França e as do Supremo Conselho regido pelas constituições de 1762 e 1786 e ainda pelas decisões dos Congressos Internacionais do Escocismo.

Com o advento da República, acentuou-se formal a divergência entre uma e outra legislação. As reformas constitucionais sucessivas da Maçonaria Brasileira foram calçadas sempre sobre as leis do Grande Oriente de França, chegando a consagrar um princípio, entretanto, que só existe na Maçonaria Brasileira - o da eleição do Grão-Mestre pelo sufrágio de todo o Povo Maçônico, por eleição efetuada nas Lojas.

Dessas sucessivas transformações nas leis, resultou ir aos poucos desaparecendo até a memória de que era a Maçonaria Brasileira a resultante de uma confederação de duas Potências igualmente soberanas, e a usurpação de todas as atribuições do Supremo Conselho convertido em mera chancelaria de graus e Cartas Constitutivas.

Na última reforma constitucional, então, cumulou o desatino, abolido até o nome do Supremo Conselho do título porque é conhecida a Maçonaria Brasileira, restando somente o nome do Grande Oriente do Brasil em 1925. Durante o período de 1864 até 1926, exerceram o cargo de Soberano Grande Comendador os seguintes Irmãos:

Bento da Silva Lisboa - Barão de Cairú (1864-1965)
Joaquim Marcelino de Britto (1865-1870)
José Maria da Silva Paranhos - Visconde do Rio Branco (1870-1872)
Joaquim Saldanha Marinho (1872-1883)
Francisco José Cardoso Júnior (1883-1885)
Luiz Antônio de Vieira da Silva - Visconde de Vieira da Silva (1885-1889)
Manoel Deodoro da Fonseca (1890-1891)
Antônio Joaquim de Macedo Soares (1894-1901)
Quintino Bocaiúva (1901-1904)
Lauro Sodré (1904-1916)
Nilo Peçanha (1917-1919)
Thomaz Cavalcanti de Albuquerque (1919-1922)
Mário Behring (1922-1933)

Contra o estado de coisas já citado, agravado ainda pelo fato de que pelo novo sistema de eleições para o Grande Oriente do Brasil qualquer Irmão, mesmo sendo somente Grau 3 ou, mais grave ainda, pertencente a qualquer outro Rito sem ser o Escocês, eleito para Grão-Mesre o era também, automaticamente, eleito para Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito, insurgiu-se Mário Behring, que desde 1922 ocupava esse alto posto da maçonaria escocesa e que, em 1925, já conseguira fazer com que as eleições para o Supremo Conselho fossem feitas exclusivamente por Membros Efetivos de seu quadro, independente das eleições para o Grão-Mestrado, quando fora reeleito para Soberano Grande Comendador. E, tendo em vista manter a regularidade do Supremo Conselho, ameaçado de ser considerado irregular pelos demais Supremos Conselhos do mundo, Mário Behring iniciou sua grande luta.

Desde 1921, o Supremo Conselho já havia denunciado ao Grande Oriente do Brasil a existência na sua constituição de vários artigos que o Supremo Conselho não cumpriria por colidirem com as Leis Universais do Rito Escocês, do qual, no Brasil, ele era o responsável e diretor. Por parte do Grande Oriente do Brasil foi prometida uma revisão na Constituição para sanar-se os problemas demonstrados pelo Supremo Conselho. Mas, infelizmente, a Assembléia Constituinte do Grande Oriente do Brasil reuniu-se em 1922, 1923, 1924, 1925 e 1926, sem que a prometida reforma fosse feita. Em 1926, o Supremo Conselho fez um tratado com o Grande Oriente, que tinha como Grão-Mestre o Ilustre Irmão Fonseca Hermes, que inclusive assinou o tratado, pelo qual:

1. O Supremo Conselho reconhecia o Grande Oriente do Brasil como única potência regular no Brasil para os três graus simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito;

2. O Grande Oriente do Brasil, por seu lado, reconhecia o Supremo Conselho como única potência regular no Brasil com jurisdição sobre os altos-graus do Rito Escocês Antigo e Aceito;

3. O Supremo Conselho renunciava o direito de fundar Lojas Simbólicas e de iniciar ou fazer iniciar nos três primeiros graus do Rito Escocês Antigo e Aceito;

4. O Grande Oriente do Brasil, por seu lado, comprometeu-se, no Rito Escocês Antigo e Aceito, só fundar Lojas Simbólicas e só iniciar nos três primeiros graus;

5. O Supremo Conselho reservava-se o direito inerente às suas funções como regulador do Rito Escocês Antigo e Aceito, de organizar e modificar os rituais dos três graus simbólicos, fornecendo ao Grande Oriente do Brasil, cópias autênticas para este imprimir e distribuir, obrigando-se este último não consentir qualquer alteração nos referidos rituais mantendo-os como foram aprovados pelo Supremo Conselho.

Por este tratado firmado em 1926, ficou acertando, ainda, que as Lojas Maçônicas do Rito Escocês Antigo e Aceito em atividade no Brasil:

1. Ficariam desligadas do seu juramento de fidelidade e obediência ao Supremo Conselho, que passariam a obedecer diretamente ao Grande Oriente;

2. Ficariam cassadas as Cartas Constitutivas expedidas às mesmas Lojas que deverão ser substituídas por outras emanadas do Grande Oriente do Brasil.

Com a ratificação do Tratado e estando o mesmo em pleno vigor, estava pacificada a Maçonaria Brasileira e trabalhando dentro dos moldes da regularidade internacional preconizada para o Rito Escocês Antigo e Aceito e universalmente reconhecida. Infelizmente, durou muito pouco o Tratado que havia trazido união, paz e possibilidades de desenvolvimento para as duas correntes de tradição maçônica no Brasil. O rompimento deu-se pelas razões seguintes: quando o Dr. Fonseca Hermes, cansado e doente, renunciou ao cargo de Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, passou o exercício do cargo ao seu sucessor Dr. Octávio Kelly, e este, logo que assumiu o cargo, por atos e palavras, inutilizou todos os esforços para a união. Anulou a convocação de uma Assembléia Constituinte, feita por seu antecessor, alegando ser a mesma inconstitucional; promoveu a retirada dos auxiliares de confiança de Fonseca Hermes, substituindo-os por outros francamente adversários do Tratado; declarou que, como juiz que era, só respeitaria os dispositivos da Constituição do Grande Oriente do Brasil, ferissem eles, embora, as leis dos outros Ritos; que não queria saber nem compreendia a necessidade de uma Maçonaria internacional, antes queria fazer uma Maçonaria nacional, porque desta é que precisávamos; que nessas condições reporia a Constituição no seu verdadeiro pé, pouco lhe importando as conseqüências. Ante atitude tão insólita, o Supremo Conselho, sob cujos auspícios trabalhavam quatro quintos das Lojas Maçônicas existentes no Brasil, só teve uma coisa a fazer, uma atitude a tomar: denunciar o Tratado com o Grande Oriente do Brasil, chamar à sua obediência as Lojas escocesas e com elas constituir as Grandes Lojas que cada Estado do Brasil poderia possuir para administração dos graus simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito com repleta independência e soberania.

III Período
Grandes Lojas Estaduais e Supremo Conselho Independentes

Com o advento das ocorrências que culminaram com a cisão entre o Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, tem início o terceiro período das atividades da Maçonaria no Brasil.

A crise que se vinha processando no seio da Maçonaria Brasileira desde 1921 acabou por ter seu ruidoso desfecho com a denúncia solenemente feita pelo Supremo Conselho do pacto que o confederava ao Grande Oriente do Brasil. A 20 de junho de 1927, em sessão do Supremo Conselho, efetivou-se essa declaração e o Soberano Grande Comendador, historiando os fatos ocorridos desde 1921, demonstrou a perfeita lealdade do procedimento do Supremo Conselho, a cordura, a tolerância, a longanimidade com que o Alto-Corpo Escocês, por seis longos anos, aguardara a reforma constitucional do grande Oriente do Brasil; demonstrou que o ratado firmado fora feito só em benefício do Grande Oriente do Brasil, pois só por meio dele o simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito era transferido à jurisdição do Grande Oriente do Brasil, entretanto, certo, pelas declarações formais feitas a vários de seus membros pelo Grão-Mestre em exercício, Dr. Octávio Kelly, de que a orientação desse Irmão era francamente desfavorável à manutenção do Tratado; assim sendo, no uso de suas prerrogativas soberanas, em vez de denunciar somente o tratado, preferira denunciar de vez o seu Pacto de União e Confederação com o Grande Oriente do Brasil, separando-se resolutamente desse Corpo e avocando a si todas as corporações escocesas existentes no País. Em manifesto às Lojas escocesas, diz o Supremo Conselho:

"Separando-se do Grande Oriente do Brasil, o Supremo Conselho avoca à sua jurisdição todos os Corpos que no Brasil trabalham no Rito Escocês, pois dele, Supremo Conselho, emanaram todas as Cartas Constitutivas que deram vida regular a esses Corpos, tendo sido todos esses documentos assinados pelo Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho. Como, porém, não quer o Supremo Conselho, em face mesmo das Leis Universais do Rito, manter sob sua jurisdição direta o simbolismo, incentiva a criação em todos os Estados, de Grandes Lojas Simbólicas que, por ele patenteadas, gozarão da mais absoluta soberania, não dependendo de nenhum outro Corpo ou organização maçônica, dentro ou fora do País. Cada Grande Loja proverá os destinos do Simbolismo no Estado ou Estados em que tiver sede. Suas rendas pertencer-lhes-ão, exclusivamente. Com os seus três poderes Executivo-Legislativo-Judiciário, escolhidos pelas Lojas reunidas em Grande Loja, todos os assuntos atinentes à Maçonaria local serão "in loco" resolvidos.

"Por outro lado e para concentrar toda a vida maçônica, todas as atividades maçônicas dos Estados, para permitir o pleno desenvolvimento da Maçonaria local, o Supremo Conselho fundará em cada Estado onde exista uma Grande Loja, um Corpo filosófico superior - Consistórios de Príncipes do Real Segredo - que facultará à Maçonaria, em cada Estado, ascender na hierarquia escocesa até o Grau 32. Empunha, por essa forma o Supremo Conselho, francamente, a bandeira da descentralização maçônica no Brasil, propugnando pela sua reforma nas seguintes bases:

a. uma Grande Loja soberana, para os três graus simbólicos, em cada Estado da União, Grande Loja constituída pelas Lojas do Rito Escocês Antigo e Aceito; para a sua regularização expedirá o Supremo Conselho uma Carta-Patente e Constitutiva independente de qualquer pagamento, documento que lhe garantirá o reconhecimento das Potências Maçônicas do Universo;

b. um Consistório do Grau 32 que terá sob sua jurisdição as Lojas de Perfeição, Capítulos e Conselho de Kadosch, criado onde exista uma Grande Loja; e

c. fusão de interesses econômicos e financeiros por meio de um convênio entre esses dois Corpos Diretores da Maçonaria Simbólica e da Maçonaria Filosófica".

Essa forma de organização correspondia amplamente às aspirações de autonomia das Lojas e Mestres dos Estados. Não se tratava tão somente de autonomia, mas, sobretudo, de soberania. A partir de então, cada Grande Loja Estadual viveria por si e para si, independentes de qualquer outro poder maçônico no Brasil. O que ocorreu em 1927 foi uma reorganização exclusivamente dentro do Rito Escocês Antigo e Aceito, do qual é o Supremo Conselho o responsável no Brasil.

Com os Decretos N os 04 e 07, de 3 de agosto de 1927, o Manifesto às Lojas escocesas e uma publicação em português e inglês que foram distribuídos para toda a Maçonaria Regular no mundo, estava oficializado o rompimento entre o Supremo Conselho e o Grande Oriente.

Deste rompimento é que surgiriam as seis primeiras Grandes Lojas no Brasil, as quais foram regularmente instaladas sob a autoridade de Cartas-Patentes Constitutivas outorgada pelo Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito para a República Federativa do Brasil. Foram elas:

Grande Loja do Amazonas
Grande Loja do Pará
Grande Loja da Bahia
Grande Loja da Paraíba
Grande Loja do Rio de Janeiro
Grande Loja de São Paulo

Apesar de os historiadores fazerem referência às "oito primeiras Grandes Lojas Brasileiras", as Grandes Lojas de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul não foram incluídas no parágrafo 2º do Decreto Nº 07, expedido pelo Supremo Conselho em 3 de agosto de 1927, que, assim, estabelecia:

"São reconhecidas como únicas corporações regulares com jurisdição legal sobre as Lojas Symbolicas do Rit.'. Esc.'. Ant.'. e Acc.'. as Grandes Lojas Soberanas do Amazonas, Pará, Parahyba, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo e as que para o futuro se constituirem por Cartas Constitutivas delle directamente emanadas ou de qualquer das Grandes Lojas já existentes."

Na realidade foram 9 (nove) as Cartas Constitutivas outorgadas pelo Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito às Grandes Lojas pioneiras, as quais, pela ordem de concessão e independente do disposto no parágrafo 2º do Decreto Nº 07, de 3 de agosto de 1927, e da data de fundação, são as seguintes:

01 - Grande Loja da Bahia, fundada em 22.05.1927;
02 - Grande Loja do Rio de Janeiro, fundada em 22.06.1927;
03 - Grande Loja de São Paulo, fundada em 29.07.1927;
04 - Grande Loja da Paraíba, fundada em 24.08.1927;
05 - Grande Loja do Amazonas, fundada em 24.06.1927;
06 - Grande Loja de Minas Gerais, fundada em 26.09.1927;
07 - Grande Loja do Rio Grande do Sul, fundada em 08.01.1928;
08 - Grande Loja do Pará, fundada em 28.07.1927;
09 - Grande Loja do Ceará, fundada em 19.03.1928.

Hoje, as Grandes Lojas Brasileiras, tanto as que receberam as suas Cartas Constitutivas diretamente do Supremo Conselho, como as que, criadas posteriormente, receberam suas Cartas Constitutivas das Grandes Lojas pioneiras, estão regularmente constituídas e assentadas em todos os Estados do Brasil.

Ocupando todo o território nacional e com reconhecimento generalizado em todo o mundo, por parte das Potências Maçônicas regulares, as Grandes Lojas não mais necessitam do aval do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, pois são soberanas e regulares por si mesmas - na origem e nas práticas - entretanto, desse patrocínio original não estão esquecidas, mantendo com o mesmo as melhores relações de amizade baseadas no interesse comum de aperfeiçoar o homem e a sociedade.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

“ DISCORDANDO DE OSÓRIO “ Ou a difícil arte de conduzir homens livres

“ DISCORDANDO DE OSÓRIO “ Ou a difícil arte de conduzir homens livres

Autor: Marcio Ailto Barbieri Homem – M.´.I.´.

Nosso irmão Osório, numa das frases antológicas que tanto permeiam a heróica história de nossa Pátria, declarou que “É fácil a missão de comandar homens livres, basta mostrar-lhes o caminho do dever”. Frase de raro efeito poético e de grande poder de incentivo às tropas perante a possibilidade de morte eminente num campo de batalha.

A maçonaria, reduto inconteste de homens livres e de bons costumes, possui entre suas principais instituições a figura doVenerável Mestre, tradicionalmente eleito por seus pares para conduzir com “as luzes de sua sabedoria e prudência”, durante determinado período, os destinos da Loja e de seus obreiros. É desejável que o futuro Venerável seja um Mestre Maçom respeitado por todos irmãos, conhecedor e defensor da pureza dos regulamentos, usos e costumes de sua obediência e do rito adotado pela oficina, e principalmente, um irmão que atinja 100% de satisfação entre os obreiros do seu quadro, com suas decisões democráticas voltadas exclusivamente para o bem estar geral e o progresso da Loja.

Via de regra, salvo raríssimas exceções, todo o iniciado em nossa Arte Real, seguidor de seus ensinamentos, cumpridor de suas obrigações - e, respeitando-se um interstício variável - chegará um dia ao Trono de Salomão, empunhará o primeiro malhete de sua Loja e terá, a partir de então, sob sua responsabilidade a preservação da instituição “Venerável Mestre”. Mestre Maçom o será, com certeza. Respeitado por seus irmãos? Provavelmente o será, e se não por todos, a imposição litúrgica de seu rito se encarregará de amenizar manifestações externas de que tal não é verdadeiro. Conhecedor e defensor da pureza dos regulamentos, landemarques e rito, não o será apenas se não quiser, pois as fontes de consulta estão aí, ao alcance de uma simples conexão da internet, sem desprezar a capacidade inteligente de cercar-se de um bom orador e dois bons vigilantes. Em resumo, todos estarão aptos a, facilmente, adequar-se às características desejáveis de um Venerável Mestre.

Contentar, agradar, não decepcionar a 100% do quadro de obreiros de sua Loja. Eis aí a primeira grande dificuldade – e quiçá, grande decepção de um VM. Por mais laborioso que seja, por mais dedicado à sua sublime missão, por mais tempo que passe estudando e pesquisando, enfim, por mais que procure preparar-se e não meça esforços para ser o modelo desejado por todos, jamais, em Loja alguma, conseguirá atingir a plena satisfação de todos seus obreiros. Afirmação um tanto cáustica, dirão alguns. Entendamos, então, o porquê.

Todo o ser humano traz, dentro de si, intrínseco, um determinado grau de liderança, dividida em distintas categorias. É característica da condição de pessoa humana, remonta ainda aos primórdios de nossa espécie, onde a sobrevivência estava ligada diretamente à capacidade de juntar-se em bandos e de destacar-se no mesmo. Democrático, autocrático, laissez-faire, não importa a categoria, tampouco o grau, todos temos em nós a capacidade e, porque não dizer, a necessidade de exercitar qualquer espécie de poder, seja no ambiente de trabalho, seja no lazer, seja em competição esportiva, ou até mesmo, no âmbito restrito familiar.

E tal capacidade – ou necessidade – independe de preparação, de estudos prévios, muitas vezes de vontade. Às vezes, exercer o poder é um ato mecânico, um ato despercebido, quase como o respirar. Mas no nosso caso, ao contrário de um sufrágio generalizado onde cidadãos anônimos votam em determinado candidato, exercer o poder numa Loja Maçônica é uma deferência, um ato delegado por homens que estão reunidos por uma única causa, por homens que supõe-se livres, fraternos e de bons costumes, por homens que acreditam num mesmo ideal. E, eis a questão, por homens que estão situados na mesma condição moral, mesma escala social, mesmo grau de inteligência, mesma capacidade de poder.

Ao novel Venerável Mestre, instalado com a devida pompa, é entregue o primeiro malhete, e agregado a este, todo o peso de uma instituição que beira os quatrocentos anos e, principalmente, todas as expectativas de quem nele votou. Não restam dúvidas que em sua cabeça, no momento em que é saudado por seus irmãos, passa os melhores sentimentos, a melhor das intenções de querer trabalhar muito, dar o máximo de si para corresponder as expectativas, para ver o crescimento de sua Loja, enfim, fazer o melhor possível para acertar, em tudo, e com todos.

Mas, repetindo-se aqui um velho chavão, se a Arte Real é perfeita, seus obreiros ainda não o são. Do mais antigo MI, ao recém iniciado aprendiz. E o recém instalado Venerável descobrirá, cedo ou tarde, que determinada atitude, determinada ação ou omissão, desagrada a uma parcela de irmãos, quiçá a todos. E fiel ao estilo próprio de exercer o poder, enfrentará tal decepção de uma maneira também muito própria: Com tristeza, com autocrítica, com condescendência, com ira, etc. Não obstante toda a tentativa de amenizar, não obstante toda a boa vontade, não obstante com quem reside a razão no caso determinado, a verdade é que a mágoa estará instaurada, e as conseqüências à egrégora da Loja serão funestas.

Não existe a fórmula que evitará tal confronto. Não existe o Venerável que transcorrerá seu período incólume. Não existe o obreiro que jamais desagradar-se-á com alguma ação ou omissão do Venerável Mestre. Não existe a Loja que jamais terá, entre suas colunas, temporários abalos em sua missão principal.
Mas existe, reinante em nossa Arte Real, o sagrado exercício da fraternidade, da tolerância, do eterno lapidar da pedra bruta que somos todos nós, aprendizes desta escola chamada vida. E enquanto houver, numa Loja, a compreensão do imenso poder que é tal exercício, haverá mais bálsamos do que ferimentos, mais palavras doces do que o fel, mais construção do que entulhos. Ao Venerável Mestre que, por graças de nosso Grande Arquiteto, estiver conduzindo uma oficina que não esconde suas mazelas, mas antes, as sustenta sob um mano da fraternidade, pode-se dizer: Parabéns, meu irmão. Para ti, é fácil conduzir homens livres.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A RESPONSABILIDADE DO MESTRE


Ser mestre é não se considerar juiz dos defeitos e erros dos outros mas saber compreender e perdoar.
O grau de Mestre - No simbolismo maçônico, o Grau de Mestre representa o Outono da vida, estação em que o Sol termina o seu curso e morre para renascer de suas cinzas; é a época em que o homem recolhe os frutos do seu trabalho e de seus estudos. É o emblema que indica a compreensão das lições de Moral que a vida ensina e a experiência que se alcança.
É somente a partir deste Grau que o membro de qualquer Rito Maçônico é considerado como um Maçom real (um “construtor”).
Ser Mestre – Ser mestre significa ser Mestre de si mesmo, trabalhar com inteligência e força de vontade em seu próprio aperfeiçoamento, tendo sempre em mente o fato de que nada mais somos do que simples Aprendizes no Grande Mistério, mesmo que nos denominemos Mestres.
Ser Mestre é ser bom, humano e benevolente para com todos, sem preferência de raças nem de crenças, porque vê Irmãos em todos os homens.
Ser Mestre é aceitar que não nos pertencemos, mas à coletividade, e que por isso mesmo nossa inteligência e nossa vontade devem estar sempre a serviço dessa coletividade. Ser Mestre é acender luzes pelo caminho por onde passa; luzes de amizades e sabedoria, de bondade e justiça, de harmonia e compreensão, de solidariedade e fraternidade.
Ser Mestre é lembrar que o tempo, a paciência e a perseverânça podem realizar qualquer coisa. Todos os seus esforços tendem a poder dizer a si mesmo no dia de amanhã, que há nele alguma coisa de melhor do que na véspera.
Ser Mestre é jamais esquecer sua obrigação dos estudos, das pesquisas e, sobretudo, da meditação, exercício sagrado para a sedimentação do conhecimento, na busca incessante da palavra perdida, o grande segredo da Maçonaria.
Ser Mestre é saber aceitar um conselho, para ser ajudado. Ser Mestre é retribuir com ternura aos que o odeiam.
Ser Mestre é não se comprazer em procurar os defeitos alheios, nem em colocá-los em evidência. Se a necessidade a isso o obriga, procura sempre o bem que pode atenuar o mal. Ser Mestre, afinal, é ser perfeito nas mínimas realizações.
Esta não é a enumeração de todas as qualidades que distinguém o Mestre Maçom, mas todo aquele que se esforce em possuí-las, está no caminho que conduz a todas as outras.
O Poder - Pelo conhecimento, o Mestre disporá de quatro palavras mágicas que são: o Querer que se transformou em Saber, o Saber que o levou a Ousar numa hora aguda, e o Silêncio contemplativo, que o fez Calar no momento preciso. A sábia conjugação destas quatro palavras amalgamou-se em uma quinta denominada Poder. Por isso, um Mestre não condena nem elogia. Ele contempla o seu Poder, pelo conhecimento dos Cinco Pontos da Perfeição que são: p.´. com p.´., para indicar que o Mestre Maçom sairá de seu trajeto, até, se necessário, para dar assistência a um Irmão merecedor; j.´. com j.´., como lembrete de que, em suas orações ao Todo-Poderoso, o Mestre Maçom se lembre do bem-estar de seus Irmãos, assim como do seu próprio; p.´. com p.´., como garantia de que cada Mestre Maçom manterá em seu próprio p.´. todos os segredos de um Irmão quando estes lhe forem contados, exceto assassinato e traição; mão nas costas, porque um Mestre Maçom sempre estará pronto para estender a mão para apoiar o Irmão e defender seu caráter e reputação em suas costas, assim como diante de seu rosto; e b.´. no ouv.´., porque um Mestre Maçom tentará prevenir e dar bons conselhos a um Irmão pecador de maneira mais amigável possível, apontando seus erros e dando-lhe recomendações adequadas para que ele possa se afastar do perigo.
A distância, pela contemplação, procura compreender e aceitar os erros alheios. Intuirá que eles pertencem à essência da natureza humana, e como humano que é, aproveitará erros e acertos dos outros, para em si, como forma de ensinamentos, adotar o que suponha ser Virtude e abolir o que possa ser Vício. Vale a pena novamente repetir: por esses cinco pontos, o Mestre procurará se mostrar ao próximo e aos pósteros, como um espelho, refletindo o que de melhor encontrar, nessa sua busca da perfeição.
A Vida e a Morte - O objetivo do Mestre é dar-se conta das opiniões e da conduta de todos os assuntos graves e sérios. Saber distinguir entre as palavras “Vida” e “Morte”. A vida é um dos temas mais importantes oferecidos ao estudo do Maçom. As três fases da vida de um homem – infância, virilidade e velhice – têm sido simbolizadas pela Maçonaria que, através da Iniciação, conduz os seus adeptos à compreensão metafísica da Vida. Por isso, no terceiro Grau, a Vida foi simbolizada pelo túmulo de Hiram.
Na Maçonaria, quase todos os sistemas maçônicos consagram à Morte uma parte da instrução de seus Graus. A Morte, que constitui a base dos estudos do Grau 3 do simbolismo, é representada em muitos Simbolos Maçônicos a fim de induzir a alma do Iniciado a meditar sobre o seu destino e a tirar lições que contribuem para ele refrear as suas paixões.
Os Trabalhos no Grau de Mestre têm por objetivo mostrar, pelo estudo da vida e da morte, que a inteligência é a única coisa que constitui o homem, e para conservá-la em toda a sua integridade, torna-se necessário resistirmos sempre e com todas as nossas forças aos ataques mortais da ignorância, da Hipocrisia e da Ambição.
O Mestre deve ser um todo harmonioso. É a meta que deve procurar todo o Maçom. É o mérito do Iniciado de ter atingido este desenvolvimento que o constitui dentro da verdade como um ser intelectual e moral apto a servir de base a este Grau superior de vida e de participação na vida superior. Tudo isso, o Mestre aprende. É a razão pela qual a Loja do Mestre Maçom é conhecida como o Sanctum Sanctorum da Maçonaria. Sendo a mais sagrada das três partes do Templo, foi considerada o Símbolo de uma Loja de Mestres (Câmara do Meio), na qual são realizados os mais sagrados Ritos Iniciáticos da Maçonaria.
O terceiro Grau de Iniciação Maçônica é o complemento necessário dos dois primeiros. Se não existisse, a cumeeira do edifício faltaria e a Maçonaria Especulativa não seria outra coisa senão uma irrisória caricatura da Maçonaria Operativa.
O Mestrado conduz a novas sínteses. O Aprendiz dedicou-se ao trabalho material, ao desbaste da Pedra Bruta. O Companheiro ao trabalho intelectual que implica a realização da “Pedra cúbica”. Ao Mestre, não pode ser atribuído senão o trabalho espiritual. A sua missão é derramar a luz e reunir o que está esparso.
Acácia – É uma árvore com espinhos da família das leguminosas, que floresce próximo a Jerusalém, cresce na orla dos desertos ou em países quentes. Muito freqüentemente usada como emblema maçônico. O ramo que, segundo a lenda de Hiram, foi colocado na cabeceira do túmulo do Mestre. Por ser sempre verde, a acácia é considerada como símbolo da imortalidade.
Desde a alta antiguidade, a acácia foi considerada, como árvore sagrada. Moisés ordenou que dela se fabricassem o Tabernáculo, a Arca da Aliança, a Mesa dos Pães de proposição e o restante dos adornos sagrados. Isto explica porque os primeiros Maçons, que foram buscar quase todo o seu simbolísmo na Bíblia, adotassem a acácia como planta sagrada e a transformassem em símbolo de uma importante verdade moral e religiosa, consagrando-a nas cerimônias maçônicas iniciáticas.
A sua madeira teve sempre reputação de incorruptível, como a do carvalho, que é também um emblema simbólico.
A acácia é também considerada sagrada pelos Maçons que nela simbolizam a imortalidade da alma, a inocência, a incorruptibilidade, além de transformá-la em emblema da Iniciação. É por eles empregada nas cerimônias fúnebres como símbolo da tristeza, mas também de prudência, da qual é a recompensa.
Euforia e tristeza - O que deverá sentir um verdadeiro Mestre ao contemplar em Loja as lacunas deixadas por aqueles Aprendizes e Companheiros que um dia, cheios de entusiasmo, aqui chegaram e num outro dia desertaram?
Procurando matizar essa seqüência de idéias com as cores sombrias de uma realidade que nos preocupa, falamos da euforia que sentimos nas freqüentes sessões magnas de Iniciações a que assistimos e, tempos depois, da triste constatação da ausência de muitos daqueles Aprendizes desertando dos seus assentos na Coluna da Força e de alguns Companheiros deixando de reforçar a Coluna da Beleza. Aludimos tamém aos Mestres que, com pouco tempo da Exaltação, sem um pedido formal ou qualquer satisfação, nunca mais aparecem na loja; e convém não esquecermos daqueles Irmãos que, cingidos com o Avental de Mestre e julgando-se “donos da Verdade”, só aparecem na loja nos dias de festas e à vezes até aproveitam essas oportunidades para discursarem palavras inflamadas de críticas apaixonadas e violentas, distribuindo “sábios conselhos”. Infelizmente, essas cores sombrias são uma constante em tantas Lojas...
A responsabilidade do Mestre - Pensando na redobrada responsabilidade da Exaltação, já que podemos entender o Mestre como aquele que ensina como guia, como exemplo e, naturalmente, como aquele que na prática do método iniciático, estuda as suas próprias imperfeições e trabalha, sem cessar, em combatê-las burilando a mente, tornando-a mais aberta e predisposta para estudar e assimilar novos conhecimentos. Lembremos que é no trabalho profícuo que exalta as virtudes dos seus Mestres, dentro e fora da Loja, que se baseia o sucesso da atuação da Maçonaria.
Se a ordem social colocou homens sob sua dependência, o Mestre Maçom os trata com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante o Criador, usa de sua autoridade para erguer-lhes o moral e não para esmagá-los com o seu orgulho; evita tudo o que poderia tornar sua posição subalterna mais penosa.
Como subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua posição, e tem o escrúpulo em cumpri-los conscienciosamente. Assim, em todas as Lojas os AApr.’. e os CComp.’. estarão sempre olhando para os MM.’.. Nessa ordem de idéias, julgamos válida a preocupação que sentimos visitando uma Loja, ao saber que o Ex-Venerável ou Past Master Imediato (último Venerável) desertou após a passagem do malhete sem cumprir a honrosa missão de atuar como assessor e conselheiro experimentado de seu sucessor. Concluindo – Não se deve esquecer que o Mestrado não é um dom. É uma conquista. É a vitória do homem sobre si mesmo. O Mestre deve se esforçar para enxotar o velho homem, isto é, por eliminar paciente, mas definitivamente, todos os erros, as antíteses, as contradições de costumes e usos de nossa civilização, a fim de edificar sobre um terreno novo o ser superior que o colocará em comunicação com as regiões de igual natureza. O Mestre não deve esquecer que, em sua ascensão para a espiritualidade, o pensamento é uma força soberana, mas que deve ser guiada com bom senso e lógica. Convém ter sempre no espírito a meta a atingir e concentrar os seus desejos, os seus pensamentos e os seus atos para um mesmo ponto de vista dirigido com amor para uma ordem de coisas, mais perfeita, para as múltiplas definições do Bem, do Belo e do Verdadeiro. Além disso, respeita em seus semelhantes todos os direitos dados pelas leis da Natureza, como gostaria que os seus fossem respeitados. Promete e jura que sempre lembrará de seu Irmão Mestre Maçom quando estiver ajoelhado oferecendo sua devoção a Deus Todo Poderoso.E não posso parar na senda do progresso e da perfeição, porque “A Ac.’. m.´. é conh.´.”.
Fonte de Consultas: Grande Dicionário Enciclopédico deMaçonaria e Simbologia – Nicola Aslan.

Por Seus Frutos


(Por: João Eduardo Ornelas - Loja Simbólica Filhos de Hiran Or:. De São Francisco do Glória – MG)

É comum no meio maçônico dizer que determinada pessoa sempre fora Maçom, mesmo antes de ter-se iniciado. Isto porque tal indivíduo é detentor de qualidades e virtudes características de um verdadeiro maçom. Mas quais são essas marcas que levam alguém a ser considerado um maçom nato? Como se pode afirmar tal coisa sem risco de se enganar?
O livro sagrado nos dá o caminho. Nele está escrito: “conhece-se a árvore pelos frutos que produz. É impossível que uma boa árvore produza maus frutos, assim como é impossível á árvore ruim produzir bons frutos”. Assim é o homem: se dele advém boas coisas, atitudes corretas, gestos edificantes, ele é como uma boa árvore que produz bons frutos. Se for o contrário, se seu caráter for falho, por mais que tente mascarar sua personalidade, não conseguirá: é uma árvore ruim, que produz frutos ruins. O poeta e filósofo Emerson disse: “o que a pessoa é na realidade paira sobre sua cabeça, e brada tão alto que é impossível ouvir sua voz dizendo o contrário numa vã tentativa de ludibriar os outros”.
Quando o neófito encontra-se à porta do templo e é anunciado , como um candidato a conhecer os Augustos Mistérios Maçônicos, é perguntado como pode ele conceber tal propósito. A resposta dada constitui-se na primeira característica necessária a um Maçom nato: “Porque ele é livre e de bons costumes”.
O homem livre é aquele capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos, atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos que o forcem e o constranjam a sentir, a fazer e a querer o que quer que seja. A liberdade não é tanto o poder para escolher entre várias possibilidades, mas o poder para auto determinar-se, dando a sí mesmo regras de condutas.
Portanto, somente é de fato livre, aquele que é senhor de sí mesmo. O verdadeiro maçom, sabe respeitar a liberdade alheia , conhece os limites entre o certo e o errado e não se rende às paixões ignóbeis. Ele tem consciência de que, como afirmou o filósofo Nietszche: “A ação mais alta da vida livre, é nosso poder para avaliar os valores”.
Ser de bons costumes equivale a dizer que ele um homem íntegro, que tem sua conduta pautada em sólidos princípios éticos e morais, que é um cidadão exemplar, cumpridor de seus deveres, reto em seus compromissos, honesto em seus negócios, um bom pai de família, respeitador e correto em todos os sentidos.
Na continuidade do processo de iniciação é perguntado se o neófito encontra-se preparado para ingressar na Sublime Ordem. Eis a resposta: “Sim, pois seu coração é sensível ao bem”. Temos aí a segunda marca de um legítimo Obreiro da Humanidade: possuir um coração sensível ao bem.
O coração de um maçom não aceita as injustiças e não compactua com o erro e a maldade. E mais do que isso, ele se inquieta, se revolta e luta contra todo tipo de injustiça e opressão. Ao longo de toda história da humanidade a Maçonaria tem-se empenhado em duras batalhas contra a tirania o despotismo e o obscurantismo, sofrendo com isso conseqüências dolorosas, perseguições implacáveis que resultaram no flagelo e na morte de vários irmãos. Ela porém jamais se curvou, jamais abriu mão de seus nobres ideais, nunca se omitiu em sua missão altruística, em sua luta inglória em favor da Liberdade, da Igualdade, e da Fraternidade.
Igualmente hoje quando o futuro da raça humana aponta para rumos incertos, a influencia benéfica e restauradora da Maçonaria se faz necessária. Num momento em que nossa pátria no olho de uma crise mundial passa por momentos difíceis devido ao estado fragilizado de sua economia, o que leva a muitos passarem apertos financeiros, está em voga a prática do salve-se quem puder e do cada um por si. Muitos são os adeptos da famigerada Lei de Gerson, onde o importante é levar vantagem em tudo. Quando testemunhamos a importância e a natureza sagrada da família sendo relegada a segundo plano por motivos fúteis, quando vemos as drogas, a violência e todo tipo de criminalidade assolando a sociedade, nós, os pedreiros livres, não podemos nos omitir.
Batalhas, embora não sangrentas como as da Antigüidade, mas igualmente árduas, esperam por nossa ação. Não mais a espada, mas nossa determinação, nosso exemplo, nossos propósitos de aperfeiçoamento são nossas armas.
O juramento sagrado proferido pelo maçon com a mão direita sobre o Livro da Lei (Bíblia Sagrada), é um compromisso assumido com Deus , com os irmãos, mas sobretudo consigo mesmo, compromisso este de, através do auto aperfeiçoamento, contribuir significativamente para o aprimoramento de toda a humanidade.Se ali se encontra um incauto, um dissimilado que equivocadamente foi levado ao processo de iniciação, lamentavelmente tal pessoa não passará de uma grande decepção. Com certeza, as exigências das práticas maçônicas, pesadas ao fraco de caráter, se encarregará com o tempo de excluí-lo da Maçonaria.
Mas se ao contrário, o homem postado diante do Altar dos Juramentos, for da estirpe dos grandes homens, se trouxer consigo as marcas indeléveis que caracterizam os verdadeiros maçons, estará o mundo ganhando um lutador valioso, um guerreiro do Bem e da Justiça.
Quisera todos os homens livres e de bons costumes do planeta tivessem a mesma oportunidade, para que no ambiente propício de uma oficina maçônica, recebendo a inspiração da Filosofia ali difundida, pudessem direcionar seus esforços de forma efetiva em prol da construção de um mundo melhor.
O verdadeiro maçom sabe que não há melhor argumento que sua própria vivência . Ele se impõe no seu ambiente influenciando-o positivamente, não de forma arrogante ou arbitrária, mas por sua conduta exemplar e inquestionável. Ele é enérgico porém bondoso. Firme, porém humilde. Sua bondade e humildade residem no fato de saber que, a despeito de num dado momento de sua vida maçônica ser simbolicamente denominado mestre, na prática será sempre aprendiz. Aprende-se a todo instante e de todas as formas. O Maçom é o pedreiro de sí mesmo, e por mais que a obra esteja adiantada, sempre faltará um retoque, pequeno que seja. E depois outro, outro, e mais outro, assim infinitamente. Por mais que se saiba, por mais evoluído que seja, sempre restará algo a aprender, novas lições a assimilar. Na escola da vida não há formandos, ou formados, apenas eternos alunos em busca do aperfeiçoamento.
Fixemo-nos pois, nas principais características que distinguem o verdadeiro Maçom e não nos desvirtuemos de nosso objetivo maior. Mantenhamo-nos livres e firmes na prática dos bons costumes, e que com o auxilio do "Grande Arquiteto do Universo" nossos corações sejam cada vez mais sensíveis ao bem.
E lembremo-nos sempre: “ o que para o profano é um gesto meritório, para o Maçom é um dever sagrado.”

Como quero a minha "Loja Maçônica"

Não quero mais uma Loja Maçônica. Quero uma Loja que seja um estado de espírito.
Quero um centro de solidariedade, onde todos sofram as aflições de cada um e comemorem o justo regozijo de cada um. Quero um templo azul, ungido pelo orvalho de Hermon, onde cada irmão possa chorar quando quiser e possa sorrir com os olhos, o coração franqueado à compreensão e a razão predisposta ao diálogo.
Quero ver todos os meus irmãos, todos os dias, ouvir idéias e críticas às minhas idéias. Quero divergir e assim convergir no mesmo ideal.
Não quero apenas mais uma Loja maçônica.
Quero uma Loja livre, que ajude a libertar. Quero uma Loja igual, onde todos realmente se igualem. Quero uma assembléia onde se possa debater com a liberdade e a simpatia que estão ausentes no mundo profano. Quero uma oficina onde todos aprendam juntos a compreender os desígnios do grande Arquiteto do Universo.
Não desejo apenas uma Loja onde sempre prevaleça a vontade de alguns.
Quero uma Loja onde a maioria respeite as convicções da minoria, onde se cultive a fraternidade, sinônimo de amor, sem condições e perdão sem restrições. Quero uma Loja dedicada à construção de um templo diverso do templo profano: um templo mais amigo, mais piedoso e, sobretudo, mais justo.
Não desejo uma Loja de elite, insensível e presunçosa.
Quero uma pequena comunidade, onde todos sejam líderes de suas próprias crenças, onde cada irmão perdoe os defeitos alheios na mesma medida em que lhe são desculpados os próprios senões.
Não desejo uma Loja, onde todos cumprem seus deveres somente porque a lei o exige.
Quero uma Loja de cargos simbólicos, onde não haja apenas contribuintes, aonde todos venham pelo puro prazer de vir, uma Loja que faça parte da vida de cada um, do credo de cada um, do modo de ser de cada um.
Não desejo uma Loja de maçons perfeitos.
Quero que o Grande Arquiteto do Universo nos livre dos homens perfeitos. Eles nunca erram, porque jamais acertam. Eles nunca odeiam, porque jamais amam. Quero uma Loja de maçons que mereçam a caridade que fazem a si próprios e ao próximo, porque ninguém é ainda uma pedra polida.
Não desejo uma Loja completa.
Quero uma Loja onde não haja erros e acertos, mas que se procure em cada vocábulo emitido, o quanto de amor transmite. Quero uma Loja onde haja equívocos, contradições e até mesmo ilusões. Quero uma opção de aprimoramento espiritual.
Não quero uma Loja de homens ricos.
Quero uma Loja onde ninguém se eleve senão pelo trabalho, onde ninguém se acomode, onde todos sejam eternos insatisfeitos. Quero uma Loja onde o segredo não precise ser jurado e continue segredo.
Quero uma oficina humana e crística. Não o Cristo lenda do cristianismo, que só se compreendeu quando crucificado, mas dos aflitos e dos andarilhos.
Não quero apenas mais uma Loja Maçônica.
Quero uma Loja de pequenas dimensões e grandes obras, onde, um dia, possa fazer do meu filho, meu irmão.
"LOUVADA SEJA A MAÇONARIA QUE NOS FEZ IRMÃOS"

FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE,por José Cássio Simões Vieira

Tendo em vista a necessidade de buscar argumentos que possam contribuir para o aprimoramento moral e espiritual dos Maçons, no sentido desenvolver e assegurar a fidelidade às obrigações assumidas, bem como aperfeiçoar seu caráter, a Ordem analisa os ensinamentos propiciados pelas Grandes Religiões.
Tais estudos, como é óbvio, não se prendem a questões religioso-sectárias, o que sairia totalmente do espírito maçônico, mas sim ao conteúdo filosófico, ao núcleo ético, dos ensinamentos das religiões, os quais, na verdade, são todos superponíveis uns aos outros.
De fato, por mais inconciliáveis que pareçam, à primeira vista, os diversos sistemas religiosos, quem os examina com imparcialidade, não pode deixar de concluir que só existe, na verdade, uma religião, sempre adaptada à situação social em que surge. Seus elementos essenciais constituem, independente de seus dogmas, a mais completa metodologia educacional, pois, acompanhando o homem do berço até o túmulo, tem como finalidade adaptá-lo, cada vez mais, ao convívio social. E, do ponto de vista da transcendência, não existe uma religião melhor do que a outra, já que a melhor, para cada um de nós, é aquela que nos facilitará melhor compreender os mistérios e desígnios de Deus, permitindo-nos entrar em comunhão com um TODO MAIOR, não importa o nome que se lhe dê. O que importa é que esse estado de consciência nos leve a descobrir uma razão de viver, um sentido de vida, que ultrapasse nossa simples presença na Terra.
Dentro dessa concepção, façamos uma sucinta análise da Trilogia Cristã, constituída pela Fé, Esperança e Caridade, ou seja, pelas Virtudes Teologais.
As Virtudes Teologais
Definamos, em primeiro lugar, o que é virtude.
Tal pergunta já é feita ao postulante, quando da cerimônia de sua Iniciação ao Primeiro Grau.
A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite-nos não só a praticar bons atos, mas a dar o melhor de que dispomos. Com todas as suas forças físicas e espirituais, a pessoa virtuosa tende ao bem, persegue-o e escolhe-o na prática.
Se alguém busca sempre dizer a verdade, possui a virtude da veracidade ou sinceridade. Se prima por ser rigorosamente honesto com o direito dos outros, tem a virtude da justiça.
Para os teólogos do Cristianismo, se adquirimos uma virtude por esforço próprio, como as mencionadas acima, ela é uma virtude natural. Mas, há virtudes que exigem muito mais para se consolidar; dependem de um "dom divino" para serem adquiridas e a elas o homem não pode chegar só com seus dotes naturais. São as virtudes sobrenaturais ou teologais, assim chamadas porque dizem diretamente à intervenção divina. Na verdade, nada ocorre sem a presença de Deus. "Invocado ou não, Deus está sempre presente".
A Fé
Das três Virtudes Teologais a Fé é fundamental.
Não confundamos a Fé com a simples crença, como magistralmente frisa Huberto Rohden. Tal confusão surgiu nos primeiros anos do Cristianismo, quando o texto grego do Evangelho foi traduzido para o latim.
Fé, fides, quer dizer "fidelidade", harmonia entre a alma humana e o espírito de Deus. É, basicamente, uma "adesão pessoal" do homem a esse TODO MAIOR, uma atitude de "alta fidelidade", de sintonia de freqüência do receptor (homem) com o emissor (Deus).
Como esse substantivo latino não tem verbo derivado do mesmo radical, como no grego, os tradutores viram-se obrigados a recorrer a um verbo de outro radical, valendo-se de credere, que em português deu crer.
Crença, crer, com efeito, têm conotação diferente de Fé, de ter Fé. Refere-se a algo incerto, vago, como quando dizemos: "creio que vai chover", "creio que Fulano mudou-se de casa".
Crer em Deus não é o mesmo que ter Fé ou fidelidade a Deus. Quem tem Fé, fides, fidelidade estabelece com Deus perfeita sintonia ou sinfonia de pensamentos, palavras e obras.
Se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem Fé, embora talvez creia. Tal pessoa pode, em tese, aceitar que Deus existe e, apesar disso, não ter Fé.
Crer é um ato apenas intelectual, de quem se persuadiu de algo que lhe parece verdadeiro; ter Fé vai mais longe. É uma atitude de consciência e de vivência, que brota da experiência íntima. É o resultado de uma intuição espiritual, que transcende a mera intelectualização.
A Fé implica certeza. Ter Fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que vai muito além do âmbito da crença.
Conseguir a Fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer "eu creio", mas afirmar "eu sei", ou seja, eu saboreio, que é o significado etimológico de saber, com todas as dimensões da razão, iluminadas pela luz do sentimento.
Essa Fé não é de boca para fora, recitada. É profunda, inabalável, não se estagnando em nenhuma circunstância de vida, habilitando-nos a superar os maiores obstáculos. É nesse sentido que "a Fé remove montanhas", que são os entraves encontrados em nosso caminho evolutivo, ou seja, os vícios, as paixões, os preconceitos, a ignorância, os interesses puramente materiais, as dores, os reveses, o infortúnio etc.
Em outras palavras, com a certeza na assistência de Deus, a Fé exprime a confiança, que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração.
A Fé inteligente
A Maçonaria insiste em que a Fé não pode ser reduzida à simples crença em certos dogmas religiosos, aceitos sem exame, anulando-se a razão. Essa é uma "fé cega", comparável a um farol, cuja luminosidade não atravessa o nevoeiro, deixando o navegante sem saber seu rumo nos momentos de tormenta.
A verdadeira Fé é esclarecida, como um foco elétrico, que ilumina com brilhante luz o caminho de nossa evolução e ser percorrido.
Chamemo-la "Fé racional" e, por isso mesmo, robusta. Necessita ser conquistada, porquanto passa pelas tribulações da dúvida, pelas aflições que embaraçam o caminho dos que buscam o livre exame e a liberdade de pensamento.
Em vez de dogmas e mistérios, cumpre-nos reconhecer os princípios que regem o mundo e o homem.
Assim, a verdadeira Fé é inteligente, porque se apóia na lógica. Não basta somente dizer "tenho fé". É indispensável conhecer, compreender, saber a dinâmica dessa certeza.
A Fé não dispensa o suporte da razão. "Quem tem olhos de ver, que veja!". Basta lançar nossos olhos sobre as obras da criação, para se ter certeza da existência de Deus. Não há efeito sem causa. O Universo existe; ele tem, pois, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar esse axioma das ciências e admitir que o nada pode fazer tudo.
Deus é a Grande Lei que estabeleceu e mantém a Harmonia Universal. É o Grande Arquiteto do Universo. Duvidar da existência de Deus é duvidar de si mesmo!
A Esperança
A Esperança é a filha dileta da Fé.
A Fé vivida em plenitude, como acima definida, já contém a Esperança, virtude teologal pela qual confiamos na promessa da vida eterna.
Em Maçonaria, usamos a expressão "Oriente Eterno", no sentido de que a alma é imortal e o fenômeno a que se chama morte não é, senão, a transição de uma etapa de nossa evolução infinita.
Por isso, a pessoa consciente, que possui a virtude da Esperança, é capaz de vencer o medo, as tribulações, as intempéries da vida diária, com compreensão e resignação, agradecendo a dádiva das provas e provações que Deus nos oferece, para que nos aperfeiçoemos em nossa caminhada espiritual, na busca da LUZ que vem do Oriente.
A Caridade
Enquanto a Fé e a Esperança são virtudes que vivenciamos em um plano subjetivo, a Caridade é uma ação explícita, em nível objetivo. É uma atuação, embora deva ser silenciosa. Sua prática desenvolve a Fé e a Esperança.
Um dos fundamentos da Ordem Maçônica é a prática da Caridade, sob a forma de filantropia, visando ao bem estar do gênero humano. De fato, nossa Instituição não está constituída para se obter lucro pessoal de nenhuma espécie, senão, pelo contrário, suas arrecadações e seus recursos destinam-se a contribuir materialmente para aqueles que estão privados dos meios de prover uma digna subsistência. E "que nossa mão esquerda não saiba o que dá nossa mão direita".
No entanto, independente de qualquer aspecto pecuniário, o Grande Arquiteto do Universo nos dá a oportunidade de, em qualquer parte, praticar a "caridade maior", a caridade moral, pois "nem só de pão vive o homem".
Ninguém precisa dispor de recursos materiais para praticar essa Caridade. Entretanto, ela é a mais difícil e, por isso, a mais valiosa. Se não, vejamos alguns exemplos:
- Fazer aos demais o que desejaríamos fosse feito conosco.
- Perdoar as ofensas tantas vezes quanto forem necessárias.
- Respeitar nos semelhantes a LIBERDADE de opiniões e pensamentos divergentes dos nossos.
- Ter pelo próximo solidariedade fraternal, FRATERNIDADE.
- Lutar pela IGUALDADE de direitos entre as pessoas.
- Abster-se de julgamentos precipitados e de juízos temerários.
A lista é imensa. O que importa é sabermos que essa "caridade moral" não implica subserviência de nossa parte. Pelo contrário, quanto mais nos respeitemos e qualifiquemos, mais capacidade teremos de nos dar, de amar, de sermos caridosos.
O Autor é Mestre Instalado da ARLS Theobaldo Varoli Filho

Análise Simbólica e Histórica do Frontispício do Manual do Aprendiz

pelo Ven.Irmão Ethiel Omar Cartes GonzálezLoja Guatimozín 66 Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo (Brazil)
Na noite da sua Iniciação, nas Grandes Lojas do Brasil, o Aprendiz recebe um Ritual que ele deve ler gradativamente e onde encontrará informações básicas do grau, do Templo, do ritual de apertura dos trabalhos, encerramento dos mesmos, da iniciação pela qual ele acaba de passar, as instruções que ele deverá aprender, etc.E o primeiro enigma para ele é a capa do Ritual que tem iniciais tripontuadas, palavras novas para ele, um brasão da Grande Loja com símbolos para ele além de outros elementos, se não desconhecidos, não consegue de inicio, descobrir seu significado.Para dar início á instrução de um Ap.’. entendemos que todas as Lojas deveriam logo na primeira sessão seguinte da sua iniciação, explicar ao Aprendiz o significado de todos os dizeres da capa de seu Ritual, facilitando o entendimento posterior das outras instruções que ele deverá receber. E é exatamente o que pretendemos fazer nas seguintes linhas.Começamos vendo que na parte superior da capa, encontram-se quatro pares de letras maiúsculas, cada par seguido de três pontos formando um triângulo eqüilátero, quer dizer de três lados iguais. Elas são:MM.’. LL.’. AA.’. AA.’.Isto é a escritura tripontuada adotada pela Maçonaria já desde um tempo. Devemos aclarar que a escritura tripontuada não foi criada pela Maçonaria e que seu uso é relativamente recente.O primeiro documento maçônico conhecido que utiliza a escritura com três pontos é uma circular do Grande Oriente da França, datado 12 de Agosto de 1774, comunicando novo valor da anuidade e mudança de local. Lennhoff, no Dicionário Maçônico Internacional, diz que os três pontos aparecem já em antigos escritos monacais, conservados na Biblioteca Coraini, Roma. Na Corte Pontifícia de Roma existia um tribunal denominado “Tribunal da A.’. C.’.” que para uns era Augusta Consulta e para outros Auditor Camarae.O significado simbólico dos três pontos está, evidentemente, relacionado com o Ternário e como todos nos sabemos, o significado é variado e abrange todos os símbolos relacionados com o número três. O primeiro ponto é o origem criador de todo o que existe, o Uno, a Monada, o Princípio Fundamental, a Unidade, é Deus. Os dois pontos inferiores são a Dualidade, eles são gerados pelo primeiro ponto e, se se juntaram, voltam a ser a Unidade, da qual tiveram nascimento. O ponto superior corresponde ao Oriente em Loja, que é o mundo Absoluto da Realidade, é o Delta Sagrado, e os dois pontos inferiores correspondem ao Ocidente, ou seja o Mundo relativo, o domínio da Aparência, são as duas colunas, como mais um emblema da dualidade. Como podemos ver, a interpretação dos três pontos, são muitas e nelas não poderemos ficar restritos, para não pecar de dogmáticos.Indo agora para as letras, que por estarem repetidas, indicam que a palavra está no plural, tomaremos primeiro o primeiro par de MM, que significa, neste caso, Maçons, e que identifica aquelas pessoas que já merecem serem chamadas de Maçons, porque, cumpridas exigências regulamentares, foram iniciadas em uma Loja regular, passando a ser integrantes dela.O segundo par de letras é LL, e significa Livres, indicando que a consciência do Maçom não está sujeita a compromissos de tipo religioso, moral, político, etc, que poderiam comprometer a conduta que a Maçonaria espera dele e que está com sua mente livre para poder receber novos ensinamentos.Logo vemos dois pares de letras AA, sendo que o primeiro significa Antigos e o segundo Aceitos. E para explicar seu significado aos Aprendizes, temos que entrar na história conhecida da Maçonaria. Falamos “conhecida” porque existe, lamentavelmente, muita invenção e imaginação por parte de pseudo historiadores que não apresentam nenhuma evidência de suas exageradas teorias. Todos nos sabemos que, na antigüidade existiram sociedades de diversos ofícios, sendo as mais numerosas e conhecidas as associações de construtores. Na Caldeia, existiam confrarias de construtores em 4500 ac, e existem monumentos acádicos com triângulo como símbolo da letra Rou que significa fazer, construir. No Egito, a arquitetura foi ciência sacerdotal, iniciática, hermética, com segredos, isolada da sociedade. Na China, livros sagrados conheciam o simbolismo do esquadro e compasso, que eram a insígnia do sábio diretor dos trabalhos. Na Grécia, aparecem os artífices dionisíacos, favorecidos nas leis de Sólon; eram iniciados, se reconheciam por palavras e sinais, divididos em colégios, dirigidos por um mestre eleito anualmente; os mais ricos ajudavam os mais pobres, não aceitavam imposições de reis; guardavam os mistérios da construção. Na Roma imperial aparecem os Collegia de artesãos, das mesmas características das associações mencionadas anteriormente; banidos, por ter-se transformados em clubes políticos, desaparecem e autores pensam que haveriam constituído confrarias na ilha de Como, no lago do mesmo nome, norte da Itália, nos anos 600 dc.; outros autores argumentam que eles se repartiram por toda Europa, especialmente as Ilhas Britânicas, sendo o início dos grêmios de pedreiros da Idade Média.Todo o anterior, ainda que ofereça semelhanças com Lojas de pedreiros, não tem evidências que eles formam parte da história ou das origens da Maçonaria. O único documento antigo conhecido, que da base para falar em Maçonaria é o Manuscrito de Halliwell ou Manuscrito Regius, escrito aproximadamente em 1390, na Inglaterra, e que é um Manual completo para Lojas de autênticos pedreiros existentes na Inglaterra nos anos 926 dc, e que da a conhecer um Congresso, dirigido pelo rei Athelstan. Resumindo, com toda seriedade podemos afirmar que em 926 dc, já existiam Lojas maçônicas na Inglaterra. E quando essas Lojas ou a Maçonaria começaram? Não sabemos.Estas Lojas de ANTIGOS pedreiros continuam através de toda a Idade Média, mas, com o Renascimento, o aumento dos médios de cultura, o interesse de ingressar nas Lojas para aprender a arte de construir, começa a diminuir sensivelmente e já a partir de 1600 ou anterior, estas Lojas começam a iniciar candidatos não pedreiros, porque pessoas cultas, da nobreza, sabendo que estas Lojas eram possuidoras de conhecimentos das ciências antigas, solicitam seu ingresso e são ACEITOS. Posteriormente em 1717 começa o período da Maçonaria Especulativa a diferença da Maçonaria Operativa e praticamente os componentes destas Lojas são exclusivamente aceitos ou especulativos. Então estes dois pares de AA lembram estes dois tipos de membros.Logo na capa do Ritual aparece: RITUAL DO SIMBOLISMO.O que é um Ritual? Um manual que ordena os passos de uma cerimônia, não exclusivamente religiosa. Toda cerimônia maçônica obedece a um ritual que preserve a pureza dela, conforme os Antigos Usos e Costumes, que existem desde tempos que não podemos determinar.Simbolismo é a prática do emprego de símbolos. Nossa Instituição usa como elemento fundamental de seus ensinamentos, os símbolos, constituindo eles uma linguajem própria dentro da Ordem. Símbolo é um objeto material que serve para representar uma idéia; por exemplo, a cadeia é símbolo de união, o pavimento mosaico simboliza a igualdade entre as raças, etc. Analisamos um símbolo primeiramente de uma forma simples e logo depois procuramos seu significado filosófico; podemos dizer que o símbolo sintetiza um acúmulo de conhecimentos, resume objetivos, idéias e normas que procuram dirigir a mente humana por caminhos mais esclarecidos.Em letras de tamanho bem maior, justamente para dar destaque, temos o nome do grau do Ritual sendo analisado: APRENDIZ MAÇOM. Corresponde ao primeiro grau, de três, da Maçonaria Simbólica e que é conferido ao recém iniciado. Na Maçonaria Operativa somente existiam dois graus (Ap.’. e Comp.’.) sendo que o grau de Mest.’. teria sido instituído em 1727, porque num documento da Loja Swam and Rummer, em Finch Lane, Londres, é convocada uma Loja de Mestres para Abril 29 de 1727; esta seria a mais antiga referência conhecida do grau de Mestre. Antigamente, o V.’. M.’. era escolhido entre os Companheiros e durante o período que o eleito exercia o cargo recebia o tratamento de Mestre.A continuação vemos a reprodução do brasão da GLESP, encabeçado, em letras maiúsculas, pelo seu nome completo.A nossa Grande Loja é a Potência maçônica regular a qual nossas Lojas devem obediência.Uma Loja para ser considerada regular, tem que ter obtido sua carta patente ou carta constitutiva de uma Grande Loja igualmente regular. Uma Grande Loja não tem Carta Constitutiva outorgada por outra Potência; ela é constituída por 3 ou mais Lojas legalmente organizadas e em goze de seus direitos e que proclamam seu desejo de estabelecer uma Grande Loja em um território que está livre (significa que não existe nenhuma outra Potência nele). Posteriormente as outras Grandes Lojas estudarão o processo de sua geração e decidiram se ela merece ser admitida no seio da maçonaria regular universal conforme suas normas de reconhecimento, que são princípios adotados livremente por elas.Como não poderia ser de outro modo, a base destas normas tem sido ditadas pela Grande Loja Unida da Inglaterra e que as atualizou em 4 de setembro de 1929 ficando como segue:1. Regularidade de origem. Cada Grande Loja deverá ser estabelecida legalmente por três ou mais Lojas regularmente constituídas.2. A crença no Grande Arquiteto do Universo (fórmula adotada pela maçonaria para designar a Deus incluindo as diferentes denominações dadas pela religiões) e na sua Vontade revelada será um requisito essencial para a admissão de novos membros.3. Todos os iniciados prestarão seu juramento sobre ou na presença completa do Livro da Lei Sagrada aberto pelo qual significa-se a revelação do alto que liga a consciência do indivíduo particular que se inicia.4. Os afiliados da Grande Loja e das Lojas individuais serão exclusivamente homens. Cada Grande Loja não terá relações maçônicas de nenhum tipo com Lojas mistas ou com Corpos que admitem mulheres como membros.5. A Grande Loja terá jurisdição soberana sobre todas as Lojas de seu território podendo realizar inspeções periódicas. Será independente e governada por si mesma com autoridade sobre seus obreiros que serão dos três graus simbólicos (aprendiz, companheiro e mestre). Tal autoridade jamais poderá ser dividida com qualquer outro Corpo ou Potência ou sofrer inspeções e interferências de qualquer espécie.6. As três Grandes Luzes da Francmaçonaria (Livro da Lei Sagrada, Esquadro e Compasso) estarão sempre expostas quando a Grande Loja ou suas Lojas subordinadas estivessem trabalhando, sendo a principal delas o Livro da Lei.7. A discussão de religião ou política dentro da Loja será estritamente proibida.8. Os princípios dos Antigos Limites (Old Land-marks), usos e costumes da Ordem serão estritamente conservados.O prazo de duração de uma Potência maçônica é indeterminado e ilimitada a quantidade de Lojas e maçons que a compõem; ela somente se dissolverá se houver menos de três Lojas sob a sua Jurisdição. Uma Loja tem um mínimo de sete membros.O conceito de territorialidade nunca tem sido definido nem praticado na íntegra no mundo maçônica, por motivos que seria demorado explicar e que acaba escapando ao tema deste trabalho. De fato acontece no Brasil e, especificamente no Estado de São Paulo, a GLESP mantém relacionamento amistoso tanto com o GOB como com o Grande Oriente Paulista, ambas potências com Lojas dentro de território do Estado de São Paulo.Continuando com o brasão vemos desenhados o Sol, a Lua e uma estrela de 5 pontas, e no lado superior esquerdo, um conjunto de 7 estrelas. Como sabemos, no teto do Templo maçônico esta desenhada uma abóbada celeste, semeada de estrelas e nuvens, na qual aparecem o Sol, a Lua e outros astros (um total de 36 corpos celestes, sendo que Marte fica fora do Templo), que se conservam em equilíbrio pela atração de uns sobre os outros; o Templo representa o Universo, sendo o pavimento a Terra e o teto, o Céu.O Sol é uma estrela anã amarela, com 4,5 bilhões de anos (está na metade da sua vida); ela emite luz e calor como produto de reações termonucleares no seu interior. Sendo a luz maior do céu, ele foi escolhido para ser o astro regente do V.’. M.’. e a sua luz é o símbolo da Sabedoria do V.’. M.’..A Lua é o satélite natural da Terra e ela reflete a luz do Sol; portanto foi escolhida para ser o astro regente do Prim.’. V.’.; simboliza a luz que é recebida do V.’. M.’.e que é retransmitida pelo Prim.’. V.’.para as colunas.A estrela de 5 pontas que vemos a continuação é uma estrela virtual, imaginária. Conforme Pitágoras, quando são discutidas coisas divinas, o que realmente acontece dentro de uma Loja maçônica, deve existir um facho que ilumine o Templo. Como o Sol era a luz mais intensa do Universo conhecido na época foi reservada para o V.’. M.’., simbolizando a sabedoria de Deus vinda desde o Oriente, não sendo conhecido outra estrela que emitisse tanta luz. Hoje se sabe que existem muitas outras estrelas mais brilhantes e maiores que o nosso Sol, por exemplo Arcturus, Antares e Formauhalt. Por isso foi criada uma estrela virtual, imaginária, e que recebeu o nome de Stella Pitagoris, e que foi reservada para o Seg.’. Vig.’..As 7 estrelas que vemos no outro lado do brasão são conhecidas como as Plêiades que são um aglomerado aberto na Constelação de Touro, com milhares de estrelas, das quais na época da criação da Abóbada Celeste somente eram visíveis 7 delas. Elas regem os Mestres, que formam uma plêiade de homens justos.No brasão vemos também elementos que correspondem a heráldica que não é do caso analisar.Passamos agora ao centro do brasão onde estão o Esquadro, o Compasso e a letra “G”. O Esquadro simbolizando a retidão e também a matéria; o Compasso é a imagem do pensamento nos diversos círculos por ele formados; a abertura de suas hastes e seu fechamento representa os diferentes modos de raciocínio que, de acordo com as circunstâncias, devem ser amplos e abundantes, ou precisos e concisos, mas sempre claros e objetivos; a abertura do compasso indica as possibilidades de conhecimento.A letra “G “ lembra Deus, do inglês God, já que a simbologia maçônica nasce na Inglaterra. Outras palavras importantes para o maçom também começam com a letra G conforme será visto nos graus após o 1o.No pé do brasão estão escrita três palavras, que são: AUDI, VIDE e TACE. Sua tradução significa OUVI, VI e CALEI. Lembra ao Irmão como deve ser seu comportamento após receber os secretos do grau e outros conhecimentos que se dados a profanos que não passaram pela iniciação não poderão entender ou entenderão eles de uma forma errada.Logo temos novamente o nome de nossa Grande Loja e finalmente as palavras RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO.São numerosos os Ritos nos quais trabalha a Maçonaria no mundo todo. Passa de 70 (alguém fala que são centenas) os Ritos que tem sido criados, muitos de curta duração, outros totalmente desconhecidos e alguns espúrios ou irregulares porque omitem qualquer alusão ao G.’.A.’.D.’..’.U.’.e a imortalidade da alma, não utilizam o Livro da Lei ou são mistos (aceitando homens e mulheres), etc. A imensa maioria dos Ritos foram criados a partir de 1717. Entre os praticados hoje em dia temos o R.’.E.’.A.’.A.’., Schröeder, Emulation (o modo mais antigo e difundido de fazer o Rito de York), Adonhiramita e São João. Os ritos mais praticados no mundo são o de York, praticado na Inglaterra, Escócia, Irlanda, Canadá e EEUU, que congregam praticamente 66% dos maçons regulares no mundo todo, e o R.’.E.’.A.’.A.’. praticado especialmente na América latina.O R.’.E.’.A.’.A.’.tem como data de fundação oficial, 31 de Maio de 1801, quando na cidade de Charleston, EEUU, foi fundado o primeiro Supremo Conselho para o R.’.E.’.A.’.A.’. (conhecido como o Supremo Conselho Mãe). Mas o Escocesismo nasceu antes, quando eliminada a dinastia dos Stuart (católicos), toda a nobreza escocesa foge para a França, principalmente Paris, sendo que muitos deles eram maçons. Eles são recebidos como membros honorários nas Lojas existentes na França, e nelas começam a trabalhar pela restauração da dinastia Stuart, e acabam criando uma nova linha de maçonaria que é o Escocesismo, aplicado nas Lojas livres que eles começam a fundar. Relatamos estes fatos históricos unicamente para explicar que o R.’.E.’.A.’.A.’.não foi, como poderia parecer criado na Escócia, e sim tem seu nome porque deriva do denominado Escocesismo.