Irmão Frank Urban
Desde tempos imemoriais o homem lida com o mais profundo de seus dilemas - a vida e a morte. Por conta disso criou mitos, lendas e sistemas de crenças organizadas que proporcionaram, cada qual de seu modo e época, algum conforto durante sua breve vida à espera da inevitável morte. Esses sistemas são baseados, na maioria da vezes, na existência de uma vida após a morte ou na ressurreição do corpo. O mito da ressurreição, por exemplo, é muito antigo, provavelmente antecede a 3.500 a.C., como indicam estudos realizados em construções monolíticas dos antigos povos das ilhas britânicas. Esses povos construíam, com enormes blocos de pedra dispostos em círculo, observatórios celestes que eram utilizados para procurar "as coincidências" astronômicas que os brilhantes astros visíveis - sol, Vênus e lua - proporcionavam, e por analogia da observação e repetição desses fenômenos, comparar com suas próprias vidas e mortes. Um homem nascido de uma conjunção de astros que fosse notável teria o destino glorioso, e poderia ser coroado rei em situação astronômica semelhante. Por exemplo o planeta Vênus em sua aparição pouco antes do nascer e morrer do sol, fica extremamente brilhante quando em conjunção com Mercúrio a cada quarenta anos. O conhecimento dos ciclos anuais do sol servia para determinar com muita precisão os solstícios e equinócios de inverno e verão. A utilidade prática desse conhecimento estava ligada aos períodos férteis na agricultura desses povos. Com o passar do tempo esse primitivo calendário também determinava ações importantes ligadas ao homem e às cidades, como a coroação de um rei ou a declaração de guerra contra um inimigo. A princípio esse culto estava ligado ao ciclo da agricultura mas tomou um aspecto mítico em contato com outras culturas. Esse legado ora como culto à Mitra (Babilônia/Pérsia), ora como Osíris (Egito) espalhou-se por civilizações que floresciam na Europa antiga e influenciaram o judaísmo, cristianismo e o islamismo entre outras. O catolicismo, oriundo do judaísmo, teve seu mito de ressurreição com Cristo que viveu nascido de uma virgem, pregou um código de conduta moral e foi crucificado - ressuscitando no terceiro dia. Igual destino tiveram seus predecessores, Mitra e Osíris 1.500 anos antes. A vida após a morte e a ressurreição, foram cultuadas por todas as civilizações e crenças religiosas. A preocupação com o "acordar" depois da morte estava ligada ao ciclo de vida e morte dos astros, no cuidadoso funeral e no merecimento pelos atos praticados durante a vida. Adequadamente preparado, o templo cumpria a função de guiar seu ocupante, ao "acordar" para a nova vida e para "falar" sobre sua obra e méritos. Não raro, encontramos templos dedicados à vida e morte de personagens "iluminados", solenemente cobertos por pedras entalhadas. Pedras que falam sob a areia do tempo. O mais famoso templo dedicado à "vida após a morte" sem dúvida é a grande pirâmide de Quéops no Egito. Existem outros notáveis exemplos pelo mundo todo e com uma fundamental semelhança entre si - a orientação para o leste onde sol é nascente - o oriente - no qual vemos em sua breve aparição o planeta Vênus. E naturalmente, sua morte no oeste. Esse ciclo de nascer e morrer dos astros à semelhança da vida do homem é o precursor de todos os mitos de renascimento. Está escrito nas pedras que os construtores usaram para edificar templos a seus mortos em todas as épocas. As sociedades de construtores que edificaram esses templos eram constituídas de experientes arquitetos e artesões em pedra e o fizeram através desse "conhecimento oculto", transmitido secretamente por séculos nas reservadas elites de Mestres. Hoje sabemos que a organização dessas sociedades de constrututores "maçons", que incluíam artesões metalúrgicos em bronze, formavam o que chamamos de maçonaria operativa. Séculos depois, esses conhecimentos ocultos foram reapresentados na Maçonaria Moderna, ou Especulativa, retomando o uso de símbolos, alegorias, palavras de passe etc., estes por sua vez, transmitidos através da iniciação a um neófito, devidamente escolhido, e aceito como Irmão. O notável desse "ritual de passagem" é a representação da morte - da vida profana - renascida em uma nova vida iluminada para a construção do "Templo interior". Se no segundo grau desenvolvemos o companheirismo e a confiança do Mestre para recebermos mais sabedoria oculta, no "Ritual de Passagem" do terceiro grau, renascemos Mestres Maçons pela mão de quem representa o Sol. O eixo da loja, representa os equinócios, os solstícios são representados pelas colunas "J" e "B". Esse caminho também percorre o Aprendiz e o Companheiro. Eles começam seus estudos topo de suas colunas que representam os equinócios - o lugar "mais escuro" - para terminar nas colunas solstíciais, onde o sol está mais perto e brilhante com toda a sua força e beleza.
Frank Urban M.: M.: - Glesp
Bibliografia:
O Simbolismo na Maçonaria - Colin Dyer - Madras
O Livro de Hiram - Knight e Lomas - Madras
O Segundo Messias - Knight e Lomas - Madras
Rituais do R.E.A.A. da Glesp
Um comentário:
>>Bela peça de arquitetura,com um profundo simbolismo e este simbolismo ´´e o verdadeiro tesouro da maçonaria, quando a ela nos associamos de livre e espontania vontade nunca nos foi dito que teriamos que ter algum beneficio em troca pelo contrario a ela nos doamos!!!!
T.'.F.'.A.'.
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