quarta-feira, 30 de julho de 2008

Ainda sobre o Rito Inglês

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Irm. João Guilherme C. Ribeiro, M.I., M.R.A.;S.E.M.;C.T
Este artigo foi publicado no Engenho&Arte nº 13


Numa longa viagem de S. Paulo a Tóquio, sentaram-se lado a lado dois velhinhos , um judeu e o outro japonês. Muito educado, o velho rabino, bom conversador, tentava puxar conversa com o japonês para amenizar a monotonia e a imobilidade forçada. Mas a todas as iniciativas e gentilezas o japonês respondia rispidamente, com grunhidos e monossílabos. O rabino, intrigado, até porque conhecia bem a proverbial educação japonesa, acabou por irritar-se:
– Faz favor, eu sendo urbano, tentando conversar para distrair nesse viagem comprido e você non faz outra coisa que rosnar. Que coisa feia!
– Eu non gosta judeus. O velho rabino indignou-se: – Como, non gosta judeus? Eu, sim,
podia non gostar de japons, por causa de Eixo no guerra! Mas eu, que tive parente exterminado, eu estou aqui, sem preconceito, tentando fazer amizade... Non gosta judeus! Há! Faz favor! Que besteiron!
O japonês ofendeu-se: – No besteira! Pai de eu, Yoshiro Mo-
rimoto, morreu no Titanic! – Titanic! Titanic? Que tem a ver judeus com Titanic? Quem afundou navio foi um iceberg, ora!
– Pra mim, tudo mesma coisa: iceberg, Goldenberg, Rosemberg, Zilberberg, tudo mesma coisa!…
Só mesmo um pesquisador paciente, meticuloso e culto como o Irm. Pires
poderia ter desvendado o mistério da confusão que foi feita entre nós com o Rito Inglês. Sem susto, podemos dizer que o Rito foi confundido, rebatizado e carimbado indevidamente! Os vícios cartoriais fazem mais uma vÍtima...
Alhos por bugalhos
Não foi à toa que imitei o Irm. Beresiner, começando o artigo com uma piadinha. É que ela tem muito a ver com o que fizemos com o Rito mais antigo.
O Irm. Joaquim da Silva Pires, com seu bom senso e sua erudição habituais, desatou o nó górdio. Sim, porque não há outra forma legítima de designar o até então, entre nós, mal apelidado Rito de York senão de Rito Inglês.
Como ele demonstrou, tudo começou há mais de um século, quando do retorno do Grande Oriente dos Beneditinos ao seio do Grande Oriente do Brasil em 1883. O Grande Oriente dos Beneditinos tinha estabelecido contato com a Grande Loja de Wisconsin e teve três Lojas que trabalharam no sistema americano. Já o GOB tinha, desde a fundação da Orphan Lodge, em 1837, Lojas trabalhando no sistema inglês. Por ocasião da fusão dos GOB, Lavradio e Beneditinos, embora a Loja Vésper já tivesse adormecido, estabeleceu-se a confusão. Para a raia miúda; (1) se as Lojas trabalhavam em inglês, (2) se ingleses e americanos falam o mesmo idioma (os ingleses protestam...), (3) se York é um nome reverenciado na Maçonaria desde as Old Charges e (4) se York é uma cidade da Inglaterra, então, disseram eles:
– C’os diabos, está óbvio que tudo é farinha do mesmo saco!
E, cá entre nós, o nome York tem um certo charme, não? Então carimbou-se nos sacos de todas as farinhas o rótulo Rito de York e pronto!
Pois o rótulo continuou grudado até agora. Até ganhou lustre em duas ocasiões. A primeira foi quando o GOB e a Grande Loja Unida da Inglaterra firmaram o tratado de 1912, com a criação do Grande Capítulo do Rito de York, o erro ratificado oficialmente!
A segunda quando o GOB resolveu, em 1976, reeditar o ritual traduzido por Joseph Thomas Wilson Sadler e impresso na Inglaterra, em 1920, apondo-lhe um título espúrio que não tinha no original: Cerimônias Exatas do Rito de York.
Embaraços
Quantas e quantas vezes, durante a cerimônia de Indução à Cadeira do Oriente, no Real Arco, vemos a surpresa do iniciado ao ser-lhe entregue um chapéu.
– Ora, como pode, se no Rito de York o Venerável não usa chapéu?
Invariavelmente temos que explicar que o nosso Real Arco é Maçonaria americana e que lá o Venerável usa chapéu. E invariavelmente também se surpreendem quando lhes dizemos que os rituais simbólicos americanos estão mais próximos do antigo ritual inglês e que são mais antigos do que as versões inglesas atuais, das quais o Emulation Ritual é apenas uma de muitas!
Você ficou confuso? Então vamos explicar.
Porém, para que possamos pegar o fio da meada, temos que recorrer à história (ela, sempre ela!). Aqui mesmo, no Engenho & Arte, muitas vezes falamos sobre o que acontecia, paralelamente, nas Maçonarias inglesa e americana. Só para recordar, vejamos.
Um pequeno flashback
A famosa data de 24 de junho de 1717 obviamente não é o início da Maçonaria, mas apenas da organização oficial da primeira Potência maçônica. Quer dizer, foi a primeira vez que Lojas independentes resolveram associar-se – e mesmo assim, apenas para que os Maçons de então pudessem organizar uma grande festança anual. De qualquer forma, com a criação da Primeira Grande Loja, a Maçonaria emergiu oficialmente aos olhos do público. Mas é claro que ela já existia há muito. Só que, para existir uma Grande Loja, é preciso que existam Lojas. E para que existam Lojas, é preciso que existam Maçons...
Por mais que se pergunte quem nasceu primeiro, se o ovo ou a galinha?, não é preciso inteligência brilhante para aceitar que se aconteceu a iniciação de Elias Ashmole é porque já havia Maçons para iniciá-lo, concorda? Daí, a conclusão óbvia é a de que a Maçonaria é algo anterior a 16 de outubro de 1646, meu caro Watson!
Seria maravilhoso viajar no tempo e ver as coisas in loco. Porém, em nos faltando a famosa máquina do tempo de H. G. Wells, somos obrigados a especular.
Seja como for, é inegável que a Maçonaria ganhou tremendamente de status durante o período de reconstrução de Londres, após o catastrófico e benéfico Grande Incêndio de 1666. Catastrófico porque destruiu dois terços da favela imunda que era então a capital inglesa, embora o número de vítimas não tenha sido tão grande quanto seria de se esperar naquelas condições. Benéfico por três razões. Primeiro, porque acabou com os ratos que a infestavam e tinham trazido a peste – cerca de cem mil pessoas já haviam sido vitimadas por ela, um fato às vezes esquecido por causa da atenção que o
Great Fire desperta. Segundo, porque levou à reconstrução da cidade, transformando-a completamente. Terceiro, porque daria um enorme impulso à Franco-Maçonaria.
Não pretendo falar da gênese da Ordem, mas daquele momento político. Em 1666, quando a Franco-Maçonaria ganhou proeminência, reinava Charles II, monarca da família Stuart, de origem escocesa, restaurada ao trono em 1660. Mas ele morreu sem herdeiro. Acontece que seu irmão, James II, tinha-se convertido ao catolicismo. Para os britânicos de então, fartos de lutas religiosas, o catolicismo era associado à inquisição e à intolerância religiosa, principalmente depois que o Rei Sol, Louis XIV de França, revogou o Edito de Nantes, que garantia liberdade religiosa aos franceses. Essa proibição levara muitos protestantes a refugiar-se na Inglaterra, inclusive aquele que teria enorme influência na emergente Franco-Maçonaria alguns anos depois, Jean Theophile Desaguliers(1). Quando nasceu um príncipe varão, vendo-se na iminência de um sucessor católico, os ingleses solenemente chutaram o Rei James do trono. Ele refugiou-se na França, sustentado por Louis XIV, enquanto suas filhas, uma após outra, sucederam-no na coroa. Como elas não tiveram filhos, os britânicos convidaram o príncipe alemão da Casa de Hanover e o coroaram como Rei George I. Entretanto, os Stuarts conspiravam do outro lado do Canal da Mancha.
Como sempre, as coisas não eram pau e pedra. Muita gente boa na Inglaterra era a favor dos Stuarts. Até porque agora eram os Hanover que cobravam os impostos, não os Stuarts – o bolso sempre foi o órgão mais sensível do corpo humano...
Na sociedade e no seio das Lojas Maçônicas as simpatias se dividiam – muitos dos que acompanharam os Stuarts à França eram Franco-Maçons. Como não podia deixar de ser, muitas famílias, apesar de divididas, mantinham suas ligações. A Maçonaria, além de uma grande família, tinha nas Lojas um dos mais eficientes meios de divulgação de idéias na época. Mas percebida como sociedade secreta, ainda que pseudo, atraía suspeitas das autoridades (2). Assim, depois que o último Grão-Mestre pró Stuart, o Duque de Wharton, foi sucedido pelo Conde de Dalkeith, pró Hanover, naturalmente a Grande Loja se aproximou do establishment oficial,pouco a pouco. Mesmo depois da derrota da causa Stuart, em 1745, continuaria a identificar-se com ele. Isso traria conseqüências no futuro.
Incômodos ritualísticos
Em 1730, aconteceu Maçonaria Dissecada, de Samuel Prichard, uma inconfidência que expunha ao público o ritual maçônico. Alarmada, a Primeira Grande Loja introduziu modificações para reconhecer possíveis impostores, o que desagradou a muitos e trouxe também conseqüências (3), estas mais imediatas. As Grandes Lojas da Irlanda, criada em 1723, e a da Escócia, em 1736, conservaram os rituais como eram. Lembremos que a Franco-Maçonaria, nesses países, era praticamente tão antiga quanto na Inglaterra.
Em 1751, a Grande Loja inglesa negou acesso a alguns Franco-Maçons irlandeses, que resolveram então criar sua própria Grande Loja. Tiveram a sorte de contar com um Grande Secretário muito combativo,
Laurence Dermott. Inteligentemente, Dermott capitalizou o desagrado de muitos Franco-Maçons com as mudanças no ritual, dizendo que a nova Grande Loja, na realidade, praticava a verdadeira, a antiga Maçonaria de York (4). Assim, numa jogada esperta, dava à sua Grand Lodge of England according to the Old Institutions (Grande Loja da Inglaterra de acordo com as Antigas Instituições) o verniz respeitável de uma antiguidade que ela não tinha e transformava a rival em deturpadora de tradições: passou a chamar sua Grande Loja de Os Antigos (The Antients, com grafia latina, para dar mais respeitabilidade!), enquanto chamava a rival de 1717 de Os Modernos, desdenhosamente.
E fez mais: aproximou-se das Grandes Lojas da Irlanda e da Escócia. Os irlandeses e escoceses nutriam profunda antipatia à Casa de Hanover, os primeiros porque as diferenças religiosas eram fator de opressão na Irlanda; os segundos porque ainda se ressentiam da brutalidade da conduta do Duque de Cumberland para com os escoceses na Batalha de Culloden, em 1746, que terminou com as pretensões dos Stuarts ao trono (5). Assim, nas Ilhas Britânicas, tínhamos quatro Grandes Lojas, separa- das em dois blocos: de um lado, a Primeira Grande Loja de 1717 (os Modernos), com rituais modificados por causa da inconfidência de Prichard; de outro, as Grandes Lojas dos Antigos, da Irlanda e da Escócia.
Aí você pergunta: e daí, o que é que isso tem a ver com o Rito de York? Paciência, já chegaremos lá.
Acontece que foi justamente nesse período que a Maçonaria se desenvolveu nas então colônias da América do Norte, levada principalmente pelas Lojas militares. Essas Lojas, inicialmente militares e intinerantes e depois civis e estabelecidas em locais determinados, tinham suas Cartas Constitutivas (Warrants ou Charters) provenientes das quatro Grandes Lojas. Naturalmente, à medida que a insatisfação das colônias levava mais e mais à independência, as simpatias políticas seguiam a mesma divisória. As Lojas dos Modernos, mais chegadas à nobreza, identificavam-se com a metrópole e com o establishment, enquanto as Lojas da GL dos Antigos, da GL da Irlanda e da GL da Escócia pendiam mais e mais para a causa dos rebeldes. Quando sobreveio a Guerra de Independência (6), essa tendência se cristalizou. Os rebeldes ganharam e os Estados Unidos se tornaram uma nação independente, a primeira república e uma grande experiência prática dos princípios maçônicos. Em termos de tradição maçônica, podemos dizer que a facção yorkista ganhou a parada. A Maçonaria americana estava firmemente calcada no velho ritual inglês, supostamente tal como era antes que a Primeira Grande Loja (os Modernos) o tivesse modificado por causa de Prichard.
Bem, e na velha Albion?
Bem, por volta de 1777, Dermott já havia falecido e as grandes rivalidades cedido lugar a um espírito de conciliação, que acabou por encontrar resultados práticos. Com um príncipe de sangue real como Grão- Mestre de cada uma delas, as duas Grandes Lojas acabaram por unir-se em 27 de dezembro de 1813, ficando como Grão-Mestre um príncipe, o Duque de Sussex. Mas para que isso acontecesse, foi necessário aparar as arestas. Uma comissão de notáveis ficou incumbida de examinar os pontos controversos entre os rituais dos Modernos e dos Antigos, (7) para que se pudesse chegar a um acordo. Assim, um novo ritual foi desenhado pela Comissão de notáveis e apresentado, pela primeira vez, em 20 de maio de 1816. A partir daí, seria disseminado através das Lojas de Instruções, a primeira das quais foi a Loja Stability, de 1817.
É preciso que se note que a Grande Loja Unida da Inglaterra não tem um ritual obrigatório. Nós, latinos, custamos a entender como, depois de tanta celeuma, a Grande Loja-Mãe, que nasceu da pacificação, não impôs um ritual no peito e na raça. Três coisas temos que lembrar. Primeiro, que os ingleses preferem os usos e costumes ao gesso da palavra escrita (tanto assim que até hoje não têm constituição escrita, nem acham que seja necessária). Segundo, que as comunicações eram difíceis. E terceiro, que até então os rituais não eram impressos, a não ser as inconfidências esporádicas(8) . Na prática, os rituais acabaram surgindo das Lojas de Instrução, como o Stability e o Emulation. Mas existem muitos outros, como Unanimity, Oxford, Sussex, Logic, Perfect Ceremonies, Standard, Taylor’s, Revised,
Bristol (o que conserva a forma mais parecida com os antigos rituais) e (9) outros, ainda. Exceto por este último, todos diferem muito pouco.
Por sua vez, os rituais americanos também diferem pouco entre si – apesar de serem meia centena de Grandes Lojas, cada um com seu ritual e seus costumes! E, surpresa, os rituais americanos, mais antigos, e os ingleses nem são tão diferentes assim!
Harry Carr, grande escritor inglês e insuspeitíssimo Secretário da Loja Quatuor Coronati nº 2076, dirigin- do-se aos americanos, explicou bem o porquê:
“[...] Pelos Rituais e Monitores que estudei e pelas Cerimônias e Demonstrações que presenciei, não há dúvidas de que seu ritual é mais pleno que o nosso, dando ao candidato muito mais explicações, interpretação e simbolismo do que normalmente nós damos na Inglaterra. Com efeito, por causa das mudanças que fizemos entre 1809 e 1813, é justo que se diga que, em muitos aspectos, seu ritual é mais antigo e melhor que o nosso”.
York ou American Rite
Há um estado americano, a Louisiana, onde os termos York e Escocês são usados para os Graus Simbólicos com sentido exatamente similar ao daqui do Brasil. Isto porque a Louisiana foi colonizada pelos franceses e só foi admitida nos Estados Unidos em 1812. A Grande Loja do Estado da Louisiana adota dois rituais, um para o Rito Escocês, trabalhado em 10 Lojas (incluindo sua primeira Loja, Étoile Palaire nº1, de Nova Orleans), e outro para o Rito York, trabalhado nas outras 258 Lojas. Na prática, é o mesmo ritual de Thomas Smith Webb para as Blue ou Craft Lodges.
Um outro exemplo da conexão do termo York com a Maçonaria Americana está num ritual, que durante anos ouvi chamar de espúrio. Na verdade, também é visto como uma inconfidência. Ainda assim, segundo Freemasonry Universal, de Kent Henderson eTony Pope, é adotado pelas Grandes Lojas de Arkansas e Missouri, subordinadas à Grande Loja de Prince Hall, a regularíssima Maçonaria Negra Americana. Então não tem como ser considerado espúrio, concordam? É de autoria de Malcolm C. Duncan (de quem nada consegui descobrir) e foi publicado em Nova York (a terceira edição data de 1866). No frontispício, está o título, Duncan’s Masonic Ritual and Monitor. Logo abaixo, Guide to the Three Symbolic Degrees of the Ancient York Rite (Guia dos Três Graus Simbólicos do Antigo Rito de York).
E mais abaixo ainda, continuando: ... and to the Degrees of Mark Master, Past Master, Most Excellent Master and the Royal Arch (e para os Graus de Mestre de Marca, Past Master, Mui Excelente Mestre e o Real Arco). Para quem é Maçom do Real Arco, o Duncan’s é uma fonte muito boa, digam o que disserem.
Uma última palavra sobre terminologia maçônica
Na Inglaterra, as Corporações de Ofício da Idade Média eram exatamente Craft Guilds, o termo craft significando exatamente isto, ofício.
Lá, as Lojas que aqui chamamos Simbólicas, responsáveis pelos três primeiros Graus, são chamadas Craft Lodges, que poderíamos traduzir, ao pé da letra, por Lojas do Ofício. Daquele que está no Segundo Grau, diz-se que é um Fellow of the Craft ou Fellow Craft (Colega ou Membro do Ofício), traduzido para português, com um pouco mais de status, como Companheiro.
Quando falam na instituição, os ingleses dizem The Craft (O Ofício), que nós traduzimos por A Ordem.
Nos Estados Unidos, além de Craft Lodges, as Lojas Simbólicas são até mais conhecidas por Blue Lodges, isto é, Lojas Azuis.
Embora, no início, bem na tradição da Grande Loja dos Antigos, outros Graus fossem conferidos, com o advento do Grande Capítulo do Real Arco, em 1797, e do Supremo Conselho do Rito Escocês, em 1801, as Craft ou Blue Lodges ficaram com os Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Os Graus acima do 4º e acima de Mestre de Marca para a esfera dos Altos Graus do Rito Escocês e do Rito de York, respectivamente, aí sim, na nomenclatura hoje aceita pela Maçonaria americana.
E assim, entendidas as razões da confusão, por que não resolver, de uma vez por todas, esse imbroglio brasileiro com a brasileiríssima sugestão do Irm. Pires, designando o conjunto dos rituais ingleses pelo seu gentílico? Nada melhor que Rito Inglês!
Os Maçons do Real Arco mais do que aplaudem o Irm. Pires por sua erudição e vocação Sherlockiana: agradecem-no pela excelência da contribuição à Maçonaria Brasileira em geral e ao legítimo Rito de York em particular!
Gratos, Irm. Joaquim da Silva Pires!
Notas
(1) Hoje praticamente não restam dúvidas de que Desaguliers, homem notável do seu tempo, membro da Royal Society e amigo pessoal de Isaac Newton, foi um dos responsáveis pela introdução do Terceiro Grau no Simbolismo, por volta de 1725.
(2) Era difícil o momento político. Sentindo-se os Hanover ameaçados pelas conspirações Stuart que vinham do outro lado do Canal, as sociedades reservadas, como a Franco-Maçonaria, e outras do mesmo tipo eram vistas, no mínimo, com reserva. E isto perdurou por muito tempo. Em 1799, o Parlamento inglês fez passar o Unlawful Societies Act, para a “supressão mais eficaz de agremiações estabelecidas com propósitos sediciosos e traiçoeiros”. Graças aos esforços conjuntos dos Grão-Mestres das duas Grandes Lojas, o Duque de Atholl, dos Antigos, e o Conde de Moira, dos Modernos, uma cláusula foi incluída, excluindo “as sociedades sob a denominação de Lojas de Franco-Maçons [...]”.
(3) O motivo também era econômico. A Grande Loja e as Lojas prestavam auxílio aos Irmãos necessitados. Obviamente não estavam querendo que espertalhões se aproveitassem da Caridade.
(4) Não podemos esquecer da velha lenda das guildas medievais de pedreiros, contada nas Old Charges (Velhas Obrigações), relativa ao Príncipe Edwin e à cidade de York. York é um nome venerando nas tradições maçônicas.
(5) Até hoje, para os escoceses, o Duque de Cumberland é conhecido por Butcher, quer dizer, açougueiro.
(6) Ao eclodir a Guerra de Independência, 45% das Lojas eram dos Modernos e 55% dos rebeldes, do bloco da Maçonaria dita fiel às “antigas tradições de York”.
(7) Um nome destacado nessa fase foi o do secretário particular do Duque de Sussex, um ilustre brasileiro chamado José Hipólito da Costa, Patrono da Imprensa Brasileira. Somente agora o importante papel por ele desempenhado nessas nego- ciações está sendo estudado. Já publica- mos um artigo do Irm. William Carvalho sobre Hipólito da Costa no E&A #8. Falaremos sobre seu desempenho nesta fase em algum momento do futuro.
(8) O primeiro ritual pós União, da Emulation Lodge of Improvement for Master Masons Lodge of Instruction (Loja de Instrução da Loja Emulação para o Aperfeiçoamento de Mestres Maçons – esse o nome completo!) foi impresso por George Claret em 1836, baseado no trabalho do preceptor e ritualista entusiasta, Peter Gilkes)
(9) Há um ritual chamado York, mas que nada tem a ver com a nossa história, porque foi criado em meados do século XIX e usa- do na Union Lodge, de York, hoje Loja York nº 236.

2 comentários:

Eduardo Corrêa disse...

Facinante André, parabens mais uma vez pelo brilhante trabalho no blog está repleto de informação!!!
T.'.F.'.A.'.

Anônimo disse...

Grande trabalho. Parabéns mesmo !