terça-feira, 24 de junho de 2008

Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil



Irm. Rui Ferreira da Silva, M.M., M.R.A.,S.E.M.;C.T


Novo, porém Antigo. Este foi o título do artigo publicado sobre o Real Arco no Engenho& Arte # 5, do verão de 2000, parodiando o lema do Grande Oriente do Brasil. De lá para cá, muita coisa aconteceu para acender o interes- se dos Maçons brasileiros sobre este último caminho regular da Franco- Maçonaria.
A Grande Loja Unida da Inglaterra, no âmbito do Grande Oriente do Brasil, está incentivando a criação de Capítulos do Arco Real em língua portuguesa. A GLMESP criou um Grande Capítulo do Arco Real inglês, através da Grande Loja da Espanha, para o Estado de S. Paulo.
Da mesma forma, os três Capítulos do Real Arco americano, que haviam feito uma petição ao Grande Capítulo Geral de Maçons do Real Arco Internacional receberam sua Carta Patente para o Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil.
Assim, de repente, os Maçons brasileiros estão recebendo notícias sobre algo meio desconhecido e é mais do que natural que estejam, ao mesmo tempo, confusos e curiosos.
Arco Real, a Versão Inglesa
O Arco Real inglês já existia ao Brasil há algum tempo, seus Capítulos sempre vinculados a uma Loja Simbólica. Isto porque, pelo Artigo II do Tratado de União de 1813, origem da
United Grand Lodge of England, o Arco Real inglês é parte dos Graus Simbólicos, constituindo-se num Grau lateral, complemento do Grau de Mestre Maçom. Diz o Artigo que “a pura Maçonaria Antiga consiste de três graus e mais nenhum, isto é, os de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, incluindo a Suprema Ordem do Sagrado Arco Real”.
Foi a maneira sutil de harmonizar os pontos de vistas antagônicos para que as Grandes Lojas rivais, Antigos e Modernos, aceitassem a união. Os estudos para unificar o ritual dos Graus Simbólicos culminaram na primeira exibição do novo ritual simbólico inglês, em 23 de agosto de 1815. A primeira Loja de Instrução, The Lodge of Stability, funcionou a partir de 1817. Mas o Arco Real inglês, em sua nova forma, só iria ganhar um ritual impresso em 1834.
Real Arco, a Versão Americana
O Real Arco americano, sem problemas, chegou à sua forma atual em 1797, ao mesmo tempo em que os Graus Simbólicos, todos organizados por Thomas Smith Webb.
Na verdade, os americanos tinham resolvido pragmaticamente seus impasses bem antes de 1813. Como a Maçonaria já estava estruturada nos Graus Simbólicos, não havia mais o que mexer. Assim, os Graus Capitulares, tanto do Rito de York quanto do Rito Escocês Antigo e Aceito, foram organizados numa estrutura simples e seqüencial, acima dos Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. O lado Escocês da famosa ilustração da escada Maçônica vai do 4º ao 33º, enquanto o lado York vai de Mestre de Marca, o primeiro Grau do Real Arco, a Cavaleiro Templário, o mais elevado.
Real Arco ou Arco Real?
Tanto faz. Desde os primórdios do Real Arco americano no Brasil, foi mantida a tradição do título adotado pelo Capítulo pioneiro, Jerusalém, do Paraná. Como os Companheiros da versão inglesa adotam Arco Real, a própria nomenclatura ao mesmo tempo guarda a semelhança e estabelece uma certa diferença.
Vejamos quais são: – O Real Arco americano, de quatro graus, é Maçonaria Capitular, com estrutura, liturgia e organização próprias. Forma um todo seqüencial, cronológico e harmonioso. Não está ligado às Lojas Simbólicas e nada tem a ver, administrativamente falando, com as Obediências Simbólicas, a não ser relações fraternas e respeitosas.
– O Arco Real inglês é uma extensão lateral do Grau de Mestre Maçom, ao qual complementa. Está ligado sempre a uma Loja Simbólica, ficando, portanto, sujeito à Obediência Simbólica que o abriga.
Apesar das diferenças estruturais, lembramos que tanto a essência como a origem de ambas as versões é a mesma.
O início do Real Arco americano no Brasil
O Capítulo José Guimarães Gonçalves Nº 1 de Maçons do Real Arco foi instalado pelo Capítulo Jerusalém em 8 de maio de 1993, um tributo à coragem e à capacidade de realiza- ção do Irm. José Nunes dos Santos.
Recebeu sua Carta Constitutiva definitiva em outubro de 1997, diretamente do General Grand Chapter of Royal Arch Masons International.
Do Capítulo José Guimarães Gonçalves surgiram mais dois Capítulos, Thomas Smith Webb, no Rio Grande do Sul, em 1997, e Keystone, no Estado do Rio de Janeiro, em 2000.
Embora antigo nos Estados Unidos, o Real Arco americano é novo entre nós. Jóias, aventais, alfaias, rituais, instruções e mais toda a parafernália necessária à realização das cerimônias, tudo teve que ser criado e produzido seguindo a orientação do General Grand Chapter americano.
Além disso, organizar calendários anuais, preparar eventos litúrgicos e sociais. Sem falar na preparação dos formulários para remessa da capitação anual, redigidos em inglês, em formulário próprio, trabalho para apavorar qualquer Secretário.
Por isso, para fazer crescer o Real Arco no Brasil, tornou-se imperioso criar uma estrutura central nacional para ajudar na divulgação, na administração e na liturgia, dando suporte efetivo na educação dos Maçons do Real Arco e na criação de novos Capítulos.
O Supremo Grande Capítulo
Assim, no dia 15 de novembro de 2000, de acordo com as Tradições Maçônicas, os representantes dos três Capítulos originais fizeram uma petição ao General Grand Chapter para a criação do Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil, cuja fundação, para os efeitos legais, oficializou-se no dia 1º de janeiro de 2001. A Constituição e o Regulamento do Supremo Grande Capítulo foram registrados no Registro de Pessoas Jurídicas do Rio de Janeiro.
Tivemos, finalmente, a honra de receber a Carta Constitutiva do Supremo Capítulo, outorgada no dia 24 de maio de 2001, assinada pelo Grande Sumo Sacerdote Geral, Companheiro William Schoene. Hoje, já são 40 Capítulos no Brasil.
Alguns detalhes
O título de quem alcança o Grau de Maçom do Real Arco é Companheiro, derivado Companion (termo inglês derivado do latim cum panis, "aquele com quem se reparte o pão").
Ao terminar os três primeiros Graus,
Mestre de Marca, Past Master e Mui Excelente Mestre, o Mestre Maçom recebe um Certificado.
Quando alcançar o último Grau Capitular, receberá o Diploma e seu Cadastro de Maçom do Real Arco.
No Real Arco, estimula-se um clima de respeito, propício ao diálogo e ao aprendizado. Os ensinamentos são discutidos livremente, sem qualquer imposição dogmática, como é próprio a homens livres e de bons costumes. Até porque – e este é um dos motivos de fascínio do Real Arco – estamos todos aprendendo e construindo. Dentro deste princípio, o Brasil, único em sua pluralidade de Ritos regulares – Adonhiramita, Francês ou Moderno, Escocês Antigo e Aceito, Schröder, York (ritual Emulação), Brasileiro e agora também Escocês Retificado – oferece uma esplêndida oportunidade de aprendizado. Muitas vezes, o Maçom percebe em outro Rito aquilo que não ficara de todo explicado no seu Rito de origem.
Por isso, o Real Arco no Brasil não só está aberto a Maçons de todos os Ritos e de todas as Obediências regulares, como também incentiva o estudo e a análise.
Os Graus do Real Arco
O Grau de Mestre de Marca resgata uma das tradições operativas mais singelas e significativas da Idade Média. O Mestre de Marca passa a identificar-se como o faziam nossos antepassados que construíram as magníficas catedrais góticas.
O Grau de Past Master é um privilégio para o Mestre Maçom, porque, no começo, o Real Arco era prerrogativa exclusiva de Mestres Eleitos ou Instalados. O Grau de Mui Excelente Mestre é o único Grau Maçônico, de qualquer Rito, que fala da terminação e dedicação do Templo de Salomão. Sua nobreza e carga emocional o tornam uma das mais belas etapas da senda Maçônica.
O Grau de Maçom do Real Arco co- roa, de forma grandiosa, os conheci- mentos do Mestre Maçom. É o mo- mento em que a Lenda do Templo é concluída em magnífico esplendor.
O Real Arco traz, a Maçons de todos os Ritos, uma nova compreensão do Simbolismo. Leva-nos a pensar, a comparar e a entender. Conduz-nos à emoção e ao encantamento. Eleva- nos, cada um de nós, a uma dimensão inteiramente nova.
A Fundação Machado de Assis de Maçons do Real Arco
Uma das grandes tradições da Maçonaria americana é a dedicação à filantropia. Mas resultados bem mais expressivos e controláveis, aqui no Brasil, serão obtidos se os recursos forem concentrados e gerenciados dentro do rigor que a legislação brasileira impõe. Da mesma forma que nos Estados Unidos, o Real Arco fez de uma fundação o seu braço filantrópico. A Fundação Machado de Assis de Maçons do Real Arco já está operando desde 3 de dezembro de 1999, inscrita na Provedoria de Fundações. Está realizando projetos voltados às crianças desassistidas em parceria e com patrocínio de várias Secretarias Municipais, Estaduais, Federais e Empresas de Economia Mista, por ora no Rio de Janeiro.
Isto é apenas o início, os primeiros passos nesse novo caminho para os Maçons brasileiros. Custou muito aos pioneiros, mas valeu a pena. Em todos os sentidos.Por eles, os que já se foram e os ainda estão conosco, e pelos sagrados princípios da Franco-Maçonaria universal, empenhamos nosso trabalho, nossa dedicação e nosso amor para que o Real Arco, no Brasil, possa ser reconhecido, por aqueles que nos sucederem, como “trabalho bom, trabalho fiel, trabalho no Esquadro”, tal como em nossos rituais. Que o Supremo Arquiteto assim nos inspire e mantenha firme.
Para o Maçom, a busca da Verdade é constante. Sabemos todos que esta Verdade é interior, mas o Real Arco é uma das formas mais belas de encontrá-la – pela companhia, pelo ambiente, pelas Cerimônias e pela sensação esplêndida de estar construindo algo absolutamente novo.
Vamos deixar que as palavras do Irm. Richard Sandbach, membro da famosa Loja de Pesquisas Quatuor Coronati, de Londres, escritor Maçônico de fama internacional, encerrem esta breve exposição:
"Ao perceber que os ensinamentos da Ordem os deixa com um sistema de moralidade voltado às coisas do mundo e com uma lenda de perda, os Mestres Maçons percebem que deve haver algo mais. [...] O Real Arco é uma lenda de descobertas e sua mensagem é a de que vivemos na luz e na glória da eternidade. [...]
O Real Arco mais do que completa a educação do Mestre Maçom com relação à história e os segredos – ele coloca a Maçonaria no contexto da Eternidade.”

Uma nova (mais antiga) opção

João Guilherme da Cruz Ribeiro - MI /MRA/SEM/CT
Deputy General Grand High Priest of the Jusrisdiction of South America- The General Grand Chapter of Royal Arch Masons, International


A Lição Inacabada
Parabéns. Você chegou ao Grau de Mestre Maçom.
Entretanto, ainda que você seja um Mestre antigo ou mesmo um Mestre Instalado, não tem como saber como nem quando o Rei Salomão cumpriu sua promessa, elevando a Mestres os Obreiros do Templo. Sabe, pelo Livro das Sagradas Escrituras, que o Templo foi terminado e consagrado, mas também não sabe como nem quando. E, finalmente, está de posse apenas dos Segredos Substituídos de Mestre Maçom, porque a Verdadeira Palavra se perdeu.
Ainda que você seja um Mestre Maçom, ficou em você, como em qualquer Mestre inteligente e sensível aos Ensinamentos, uma sensação inequívoca de que a história não se completou, de que deve haver algo além. Realmente, há.
Chama-se Real Arco.
O que é o Real Arco?
Seja qual for o Rito Simbólico de origem, o Maçom que chega ao Grau de Mestre pode ascender por duas escadas – ou ambas ! – para completar sua educação: os Altos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito ou os Altos Graus do Rito de York. Neste último, os quatro primeiros degraus constituem o que chama- mos Real Arco.
Diferentemente dos Altos Graus do R.E.A.A., conhecidos por números, os Graus do Real Arco são conhecidos apenas por seus nomes:
Mestres de Marca, Past Masters, Mui Excelentes Mestres e Maçons do Real Arco. Esses Graus revivem, na íntegra, a história do Templo do Rei Salomão, subseqüente à morte do Arquiteto, em Cerimônias de profundo simbolismo, consistência e beleza.
Os Graus do Real Arco
Ao fazer o Grau de Mestre de Marca, o Mestre Maçom estará resgatando uma das tradições operativas mais singelas e significativas da Idade Média – e passando a identificar-se como faziam nossos antepassados que construiram as magníficas catedrais góticas.
No Grau de Past Master, estará recebendo um privilégio, porque, no começo, o Real Arco era prerrogativa exclusiva de Mestres Eleitos ou Instalados.
O Grau de Mui Excelente Mestre é o único Grau Maçônico de qualquer Rito que fala da terminação e dedicação do Templo de Salomão. Sua nobreza e carga emocional o tornam uma das mais belas etapas da senda Maçônica.
O Grau de Maçom do Real Arco coroa, de forma grandiosa, os conhecimentos do Mestre Maçom. É o momento em que a Lenda do Templo será concluída para você em magnífico esplendor.
O Real Arco traz, a Maçons de todos os Ritos, uma nova compreensão do Simbolismo. Leva a pensar, a comparar e a entender. Conduz à emoção e ao encantamento. Eleva o Mestre Maçom a uma dimensão inteiramente nova.
Um pouco de história
Por mais de dois séculos, para a grande maioria dos Maçons de todo o mundo, o Real Arco tem sido o complemento indispensável da educação dos Mestres Maçons.
Na época em que a Maçonaria inglesa encontrava-se dividida em duas Grandes Lojas rivais, Laurence Dermott (1720-1791), o famoso e combativo Grande Secretário dos Antigos, dizia que o Real Arco era "a raiz, o coração e o cerne da Maçonaria". A Grande Loja dos ,Antigos já praticava o Real Arco desde sua fundação. E o considerava tão importante que chegou a ser conhecida como a "Grande Loja dos Quatro Graus". Seu brasão prova isso, porque só ostentava elementos simbólicos do Real Arco.
Quando veio a União das duas Grandes Lojas, dos Modernos e dos Antigos, em 1813, o Real Arco inglês, alguns anos depois, acabou por encaixar-se nos Graus Simbólicos. Ele assim é praticado pelos Irmãos do Grande Oriente do Brasil.
Foi nos Estados Unidos, entretanto, que o Real Arco alcançou a maravilhosa consistência ritualística que mantém nos dias de hoje.
Em 1797, Thomas Smith Webb, famoso ritualista americano, registrou seu Monitor (algo parecido aos nossos rituais, porém quase todo cifrado) e conseguiu que representantes de diversos Capítulos se reunissem em Boston, em 24 de outubro do mesmo ano. Esta Convenção é considerada hoje o ponto de partida para o que é atualmente conhecido como The General Grand Chapter of Royal Arch Masons, International. Podemos di- zer que foi a partir daí que o Real Arco americano cristalizou-se em toda sua beleza.
O Real Arco inglês e o americano se reconhecem mutuamente. Mas como a versão inglesa tem um único Grau, um Maçom inglês, para entrar num Capítulo americano que estiver trabalhando nos Graus de Mestre de Marca, Past Master e
Mui Excelente Mestre, deve receber primeiro aqueles Graus.
No Real Arco, deve-se enfatizar, todos os Graus são iniciáticos.

Como vimos, há duas versões principais do Real Arco, ambas descendendo dos antigos Ritos ingleses. A versão inglesa é considera- da uma extensão lateral do Grau de Mestre, embora regida por Capítulos independentes das Lojas Simbólicas. Já no Real Arco americano, ao contrário, essa separação é evidente, entendendo-se a Maçonaria do Real Arco como Capitular por excelência.
Aqui no Brasil, até há bem pouco, para fazer o Real Arco americano, os Maçons só dispunham do Capítulo Jerusalém, no Paraná.
Em 8 de maio de 1993, foi fundado o Capítulo José Guimarães Gonçalves de Maçons do Real Arco, um tributo à coragem e à capacidade de realização do Irm. José Nunes dos Santos. Registrado, como Sociedade Civil, no Cartório do Registro Civil das Pessoas Jurídicas sob o nº 128.942, no Livro A-34, está instalado no Condomínio Maçônico Demerval de Souza Barros, em São Cristóvão, à Rua S. Luiz Gonzaga, 1732, na cidade do Rio de Janeiro. Hoje, graças ao empenho e à dedicação de alguns dos Companheiros, o Capítulo é co- proprietário do Condomínio.
Em 10 de março de 1994, foi declarado como de Utilidade Pública pelo Decreto 12.739. Em 20 de outubro de 1997, com a outorga da Carta Constitutiva definitiva pelo General Grand Chapter of Royal Arch Masons, International, passamos ao nome oficial de Capítulo José Guimarães Gonçalves Nº 1 de Maçons do Real Arco.
Alguns detalhes
O título de quem pertence ao Real Arco é Companheiro, não no mesmo sentido do Fellowcraft, título do Grau 2 do Simbolismo em inglês, mas de Companion (termo inglês derivado do latim cum panis, "aquele com quem se reparte o pão"). O traje usual é balandrau. Em algumas das Cerimônias, os Candidatos devem usar terno e gravata pretos.
Embora levadas extremamente a sério, as Sessões são leves e descontraídas, deliberadamente, para estimular um clima respeitoso e propício ao diálogo e ao aprendizado. Os ensinamentos são discutidos livremente, sem qualquer imposição dogmática, como é próprio a homens livres e de bons costumes. Até porque e este é um dos motivos de fascínio do Capítulo – estamos todos aprendendo e construindo.
Participação ativa
Um dos aspectos fundamentais do Real Arco é a mais absoluta transparência. Além da participação ativa dos Companheiros na Administração, o Capítulo tomou a iniciativa pioneira de fazer a publicação periódica, em periódicos maçônicos, de balancetes semestrais e relatórios anuais. Desta forma, os Companheiros têm informações detalhadas para que possam influir nos destinos do Capítulo, tanto na parte financeira quanto na par- te administrativa. Afinal, a gestão democrática é um imperativo para qualquer Corpo Maçônico legitimadado nos Estados Unidos.
Para saber mais
Para o Maçom, a busca da Verdade é constante. Sabemos todos que esta Verdade é interior, mas o Real Arco é uma das formas mais belas de encontrá-la pela companhia, pelo ambiente, pelas Cerimônias e pela sensação esplêndida de estar construindo algo absolutamente novo.
Vamos deixar que as palavras do Irm. Richard Sandbach, membro da famosa Loja de Pesquisas Quatuor Coronati, escritor maçônico de fama internacional, encerrem esta breve exposição:
"Ao perceber que os ensinamentos da Ordem os deixa com um sistema de moralidade voltado às coisas do mundo e com uma lenda de perda, os Mestres Maçons perce- bem que deve haver algo mais. [...] O Real Arco é uma lenda de descobertas e sua mensagem é a de que vivemos na luz e na glória da eternidade. [...]
O Real Arco mais do que completa a educação do Mestre Maçom com relação à história e os segredos – ele coloca a Maçonaria no contexto da Eternidade."
Como entrar
Um Mestre pode ser convidado, indicado ou pedir para entrar. Todas são formas igualmente honrosas. É necessário apenas preencher a proposta formal do Capítulo, anexando 3 fotos e uma cópia do seu Cadastro Maçônico. O Real Arco está aberto a Mestres Maçons ativos. As propostas podem ser conseguidas através dos membros do Capítulo, por solicitação de sua Loja ou por carta diretamente à
Comissão de Seleção Capítulo José Guimarães Gonçalves Nº1 de Maçons do Real Arco. No Pará temos o Companheiro André Gondim – MRA/SEM - (Loja Maçônica De Campos Ribeiro 51 – GLMPa),ou diretamente ao Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil que poderá nos enviar e avaliar sua proposta, e está em busca de interessados para a criação do Capítulo de Maçons do Real Arco no Pará.

terça-feira, 10 de junho de 2008

A Espiritualidade

“As religiões constroem templos e catedrais para através delas chegarem até Deus. A espiritualidade constrói templos interiores desprovidos da materialidade”

Autor: Roldão Ruffini

Este tema, muito polêmico, é também muito confundido com religiosidade. Espiritualidade tem a ver com a qualidade do espírito, independentemente de se professar qualquer religião. Religiosidade tem a ver com doutrina, dogmas e ritos que também podem ser o caminho para se chegar à espiritualidade. As religiões constroem templos e catedrais para através delas chegarem até Deus. A espiritualidade constrói templos interiores desprovidos da materialidade. Aquele que é apenas religioso, quando depara com o oceano dirá ex- clamando: — Meu Deus, que beleza, quanta água! E o que tem espiritualidade dirá: — Meu Deus, quão grande é o oceano, quantas vidas se escondem debaixo dessas águas numa cadeia magnífica, interligando continentes e povos! O que tem espiritualidade enxerga muito além da matéria. Aquele que é religioso está preocupado nos resultados após a morte, al- meja a qualquer custo um passaporte de primeira classe, fica aterrorizado em saber que não está preparado. O que possui espiritualidade não se preocupa com isso, sabe que somos parte de um Todo, e que tudo pertence a esse Todo, e com isso, quebra sua relação de insegurança para com as coisas do mundo, passa a ter, apenas uma relação de comunhão e de con- fiança com todas as coisas e todos os seres do universo. Não espera por prêmios após a morte, vive premiado todos os dias.
A espiritualidade é, antes de mais nada, um estado do Espírito, onde é comum a prática expontânea do amor, compaixão, paciência, tolerância, capacidade de perdoar, que aliadas a noção de responsabilidade e de harmonia, traz o contentamento e a felicidade para sua própria pessoa e para os outros pela luz que irradia. As religiões e seus religiosos atravessaram séculos articulando poderes, derrubando e criando reinados, matando e silenciando consciências, e ainda hoje, continuam a não querer fiéis criativos mas apenas obedientes. A melhor religião é aquela que nos faz melhor, que transforma nossa espiritualidade. Cristo deixou bem caracterizado tudo isso quando anunciou o “Reino de Deus”, uma presença ativa e revolucionária dentro desse universo. Uma revolução que começa no interior da pessoa humana, e a partir dela, desencadeia uma rede de transfor- mações, na comunidade, na sociedade, nas relações com a natureza e com o universo inteiro. Cristo pregou o “Reino de Deus”, o reino que é o conhecimento de nós mesmos e, em seu lugar, apareceram as Igrejas e as religiões Cristãs com seus dogmas, ritos e até com dominações aterrorizantes. A maneira mais fácil de percebermos Deus é através da espiritualidade da contemplação dos bens do universo, da escuta das mensagens que recebemos a todo instante, e que estão impregnadas em tudo que se encontra à nossa volta. Para isso, é preciso reconhecer e experimentar Deus até nas coisas mais contraditórias, como na violência do cotidiano ou na força destrutiva de terremotos e vendavais, pois não sabemos definir as razões divinas dessa terrível ausência por mais que tentemos elucidar esse mistério. Crer em Deus não é pensar em Deus, mas, sentir Deus em todas as coisas. Quando passamos por adversidades, melhor é perguntar: Que sentido mais profundo traz essa realidade para mim? Em que isso me faz crescer? Gustavo Jung, psicanalista que foi juntamente com Freud os pais da Psicanálise, disse que a maioria absoluta de seus clientes com mais de 35 anos, estavam doentes porque haviam perdido o seu elo de ligação para com Deus, e nenhum curou-se realmente sem recobrar a atitude religiosa que lhe fosse própria. Não se trata de uma adesão a um credo ou ser membro de uma igreja, mas sim, da necessidade de se integrar, de se encontrar a própria dimensão espiritual, pois, muitas de nossas doenças e angustias, são consequência da dimensão espiritual não desenvolvida, distorcida ou recalcada. Geralmente quando estamos no caminho de volta da Vida e os anos estão amadurecidos é que percebemos, não pela cultura, mas pela sabedoria de que é pela simplicidade das coisas que temos uma visão gratificante do mundo e passamos a enxergar e sentir Deus com mais facilidade.

Bibliografias dos autores: Leonardo Boff e Dalai Lama.

QUE VINDES FAZER AQUI?

Autor: Valdemar Sansão
É difícil “se tornar Maçom” muito mais difícil, porém, é “Ser Maçom”.
O que vindes fazer aqui? – Quando ouvimos a pergunta QUE VINDES AQUI FAZER? - respondamos com orgulho e humildade: “Vencer minhas paixões, submeter minha vontade e fazer novos progressos na Maçonaria”.
Venho me despojar do absolutismo, da prepotência, do egoísmo, pois quero sumeter minha vontade para o bem da humanidade; quero continuar sendo fiel aos meus ideais e ao que a Maçonaria me ensina. Quero evoluir. Procuro laços de união entre Irmãos, quero aprender com eles, dar de mim, receber suas críticas para minha evolução.
Auxílio aos neófitos - Para auxiliar os neófitos das Grandes Lojas que trabalham no Rito Escocês Antigo e Aceito (maioria) a entenderem com menos dificuldades alguns ensinamentos maçônicos contidos no universo do 1° Grau, compilamos algumas interpretações simbólicas que lhes permitem elevar seus olhos do chão, na busca do aprendizado das primeiras Instruções do Ritual do Aprendiz. A Maçonaria não é somente o que está explicito em Rituais. Existem as entrelinhas e o estudo constante de sua filosofia e principalmente da doutrina, recomendável aos Irmãos “recém-nascidos para a Ordem”. Existem, pois, partes instrutivas inseparavelmente ligadas ao verdadeiro Ritual Maçônico, e para serem compreendidas devem ser estudas em conjunto.
Nunca se esquive do aprendizado, não tenha vergonha de perguntar, indagar, questionar. Pesquise, leia. Nunca se permita estacionar na escalada do conhecimento.
Realmente, todos nós, por mais que sejamos dedicados aos estudos, sentimos essa grande necessidade de aprimoramento, acontecendo em todos os campos, tanto profissional, como social, filosófico e esotérico para que se possa acompanhar o progresso da humanidade, evitando ficar para trás, ultrapassado, pois tudo progride em velocidade vertiginosa.
Observem caríssimos Irmãos, que quem se atreve a transferir conhecimentos maçônicos deve proporcionar aos estudiosos os meios mais simples e mais efetivos. Portanto, enquanto estivermos aqui, trocaremos experiências, pois, há sempre algo para aprendermos juntos e muito possívelmente, alguém para aprender conosco também.
Não se pode é ignorar e permitir tantas fantasias, invencionices, distorções e tantos modismos, tantos “chutes” que são dados a esmo e incorporados no dia-a-dia e tidos como autênticos. O fato de todos estarem de acordo a respeito de alguma coisa não transforma o falso em verdadeiro. A verdade só pode florescer através da pesquisa e do estudo que é obrigação de todo Maçom interessado com a Ordem e com a Humanidade.
Comentaremos, assim, resumidamente, os pontos onde achamos que devem ser bem esclarecidos para evitar, maiores hesitações e indecisões. Mas, lembremo-nos que, para o Maçom, não é importante decorar as Instruções dos Rituais, o que realmente vale é vivenciá-las; que simbolísmo é a utilização dos Símbolos, na busca de uma verdade.
Obediência – O título mais correto para uma federação de Lojas, sob a direção de um Grão-mestre é OBEDIÊNCIA, pois o termo significa que as Lojas que a compõem são subordinadas a ela e que devem Obediência às suas leis e normas. O título mais usado, principalmente nos países latinos, é Potência, o qual, todavia, não é o mais adequado, envolvendo algo de pretensioso. Quando se fala no sistema de Lojas subordinadas a um Grão-mestrado, fala-se em sistema obediencial e não “potencial”, o que demonstra qual é o termo mais correto (embora Potência não seja errado; só é mais inadequado).
Publicações maçônicas – As publicações maçônicas – livros, plaquetas, artigos – são isentas de qualquer autorização do Grão-mestrado, desde que não envolvam a Obediência Maçônica, a não ser em abordagens históricas, doutrinárias e da estrutura administrativa, já que certas referências, principalmente de ordem política, podem comprometer o conceito externo da Obediência. Também não são permitidas – aí, em nome da ética e da moral maçônicas – publicações ofensivas a Maçons, Lojas e Obediências e nem publicações anônimas.
Profano – Em linguagem maçônica, profano é aquele que não foi Iniciado na Maçonaria, ou não Iniciado nos conhecimentos da Instituição. Não tem nada de pejorativo, como muitos julgam, mostrando, somente, um fato, que em nada desabona o indivíduo indicado.
Religião – A maioria dos Ritos Maçônicos exige, de seus Iniciados, a crença num ente supremo, o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus. Além disso, existem, em Loja, Símbolos que lembram a divindade, como o Delta Radiante e os textos do Livro Sagrado (Bíblia, Torá, Corão, etc.). Todavia, a Maçonaria não é, de maneira alguma, uma religião, como muitos profanos pensam e afirmam, embora surjam no desenvolvimento de sua doutrina, preocupações metafísicas e de cunho místico. Corroborando esta assertiva, os Templos Maçônicos estão abertos a homens de qualquer religião, não havendo qualquer discriminação, desde que eles sejam homens de consciência livre e de reputação ilibada.
Reconhecimento – A maneira correta de reconhecer um Maçom, é através dos Toques, Sinais e Palavras, que representam as senhas de reconhecimento. A pergunta correta que se faz, antes de passar a esse exame, é: Sois Maçom? pois há uma resposta específica, que só um verdadeiro Iniciado pode dar. A tão divulgada e usada “tudo justo”? não é meio de reconhecer outro Maçom, devendo ser evitada.
Tratamento respeitoso – em princípio o Aprendiz extranha o tratamento na terceira pessoa (vós) (linguagem da Bíblia); se somos todos Irmãos o mais apropriado não seria a intimidade da segunda pessoa, o “tu” amigo e frateno? Mais tarde percebe que sempre é usado esse tratamento respeitoso como norma porque o Maçom jamais está só, daí a justificativa para um tratamento no plural, que abrange mais de uma pessoa. Triste o homem só.
O Maçom não conta apenas com o seu grupo particular da Loja, mas da Fraternidade Universal, de todos os Maçons existentes no mundo.
Ser assim defendido exige, contudo, uma correspondência, não só através de uma igual responsabilidade, mas, sobretudo da observação dos compromissos assumidos que devem ser escrupulosamente observados.
Liberdade - Até do grande público é conhecida a trilogia maçônica “Liberdade – Igualdade – Fraternidade”, que sintetiza a sua doutrina. A Liberdade, todavia, é infinitamente mais importante do que as demais metas maçônicas, porque sem ela as outras não podem subsistir. Sem Liberdade, a vida é carga pesada, é nau à deriva, sem rota e sem destino.
Igualdade – A igualdade é um dos magnos princípios maçônicos, já que a Maçonaria considera iguais todos os homens, independentemente de raça, cor, nacionalidade e credo religioso.
Fraternidade – A Maçonaria é uma fraternidade, uma associação fraternal, onde existe a união e a convivência como a de Irmãos. Assim o principal dever de um Maçom, em relação aos seus Irmãos de Maçonaria, é a amizade, o afeto, a união, o carinho, ou seja, tudo aquilo que a verdadeira fraternidade exige. O mesmo dever se aplica em relação a toda a humanidade, pois o amor ao próximo é um dos basilares preceitos maçônicos.
Beneficência - Em Maçonaria, muitos Ritos possuem o chamado Tronco de Beneficência ou de Solidariedade, para o recolhimento, durante as Sessões Maçônicas, da contribuição dos Maçons, para as obras assistenciais da Oficina; note-se que todos os Ritos têm esse recolhimento, mas o nome de Tronco de Beneficência, ou de Solidariedade, não é estendido a todos eles. (em muitos o Venerável Mestre diz, simplesmente: “Lembremo-nos dos pobres”, para comunicar que vai ser feita a coleta de contribuições)
Aclamação – Significa clamar, aplaudir, ou aprovar, por meio de brados, proclamar, saudar. A aclamação deve ser feita aos brados e não pouco mais do que murmurada, como muitos fazem. Huzzé, Huzzé, Huzzé! é a aclamação de alegria entre os Maçons do R.E.A.A. (a aclamação não deve ser confundida com exclamação).
Chover – Em Maçonaria, quando se diz que está chovendo , isso significa que há, entre os Maçons, a presença de não Iniciados, de profanos e que, portanto, não se está a coberto. Os Maçons estão expostos à chuva (à goteira); isso serve como advertência de que, a partir daquele momento, é proibida a abordagem de assuntos maçônicos reservados aos Iniciados.
Prolixo – designa o que é muito excessivo, abundante; o que faz emprego inútil e fastidigioso de muitas palavras. Uma das ciências humanas de interesse no universo científico maçônico é a Retórica, que é arte de bem falar. Maçom deve falar pouco e bem, com a maior objetividade, pois o Obreiro prolixo demais, além de entendiar os demais, estende a Sessão além do necessário e tira-lhe o caráter educativo.
O laconismo é altamente desejável quando o Maçom fala em Loja, a não ser que seja para Instrução, ou palestra, já que o tempo da Sessão e o direito dos demais ao uso da palavra não podem ser prejudicados por longos e quase sempre estéreis pronunciamentos; estes, lamentavelmente, sempre ocorrem, na palavra final de Sessões Magnas, por parte daqueles que, aproveitando a plagtéia, insistem em abrir seu leque de penas, pavoneando-se. A Maçonaria é uma escola de humildade e não comporta tais arroubos; o Maçom, ao falar (salvo nos casos excepcionais já referidos), deve ser breve e objetivio, não se perdendo em longas ponderações.
Laudatório (Louvação) – Embora a Maçonaria seja uma escola de humildade, onde a vaidade não deveria ter lugar, é comum encontrar-se, nela, práticas laudatórias, que nem sempre premiam o melhor, mas, sim, os detentores temporários de poder, ou aqueles que podem produzir dividendos sociais, ou políticos (embora a Instituição seja perfeita, os homens são altamente imperfeitos, embora perfectíveis); comuns são os longos discursos laudatários, dispensáveis – porque trabalhar pela Maçonaria é um dever do Iniciado – e que denotam subserviência ou bajulação, ambas altamente nocivas.
Tolerância - designa a qualidade de tolerante; a indulgência, a condescendência; a boa disposição dos que ouvem com paciência, opiniões opostas às suas. A tolerância é largamente citada como uma virtude que deve ornar o caráter do Maçom, mas é, ao mesmo tempo, largamente usada, para encobrir a inércia, a inoperância e a falta de coragem de dirigentes de Lojas e de Corpos maçônicos, quando têm que punir algum relapso contumaz. Evidentemente, a tolerância é necessária, em muitos casos, mas, quando chega ao exagero de querer relevar os erros repetidos de faltosos reincidentes, ela se transforma em ingenuidade, ou, o que é pior, em conivência.
Concluindo - Diz-se que a Iniciação faz o Aprendiz; o Aprendiz constrói o Maçom; o Maçom reflete uma nova Filosofia de vida!
Aprendiz! Seja paciente com tudo o que ainda não esteja resolvido no seu coração. E procure tratar suas dúvidas como se estivessem em salas fechadas, livros escritos numa linguagem desconhecida. Não procure por respostas que ainda não poderiam lhe ser dada, porque você não seria capaz de vivê-las. Procure, sim, viver tudo. Viva os problemas agora e com certeza então, gradualmente, sem perceber, passo-a-passo, será levado em direção às respostas.

Fontes de Consultas:
- Dicionário Etimológico Maçônico – José Castellani
- Editora Maçônica “A Trolha”.

"As Sete Ciências Liberais”

Autor:Jeffson Magnavita Barbosa Filho

As “Sete Ciências Liberais” da Antiguidade e sua significação Maçônica e, a Reminiscência Monástica Introduzida na Maçonaria.
Na Maçonaria se mencionam muito as sete ciências liberais da antiguidade: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. Os pedreiros-livres medievais enalteciam essas artes, nos seus regulamentos, envolvendo-as de lendas “secretas”. Numa época de menor divulgação da cultura, anterior à deste século, os maçons, ingenuamente, acreditavam também que essa arcaica seriação de ciências e artes fosse um mistério incomunicável a profanos, quer porque tivesse relação com o número sete, quer porque, de acordo com a opinião de “entendidos”, podiam representar os degraus que levam o maçom até o trono do Oriente, desde a Grade, como também poderiam ser o significado de certas escadas simbólicas.
A verdade é que as “sete ciências” ou “ artes” eram tudo quanto conheciam os antigos, ainda que os gregos se tivessem referido à física, à filosofia (Pitágoras) e a química fosse desconhecida, pois era praticada já no antigo Egito.
Ocorreu que Boécio (470-525), poeta e filosofo, secretário de Estado ou ministro do monarca ostrogodo Teodorico e, por ordem deste rei, condenado e decapitado, criou a divisão “trivium et quadrivium”, estabelecendo a seriação pela qual as três primeiras ciências deveriam ser a Gramática, a Retórica e a Lógica, e as quatro restantes a Aritmética, a Geometria, a Música e a Astronomia.
Boécio foi autor da “Consolação da Filosofia”, na qual ensinava a vencer as paixões, para conquistar a paz de espírito, a felicidade e a comunhão com Deus. Seu contemporâneo, o macróbio Cassiodoro (468-561 ou mais), depois de ser ministro de Teodorico, retirou-se para um convento que resolvera fundar numa sua propriedade da Apúlia, na Itália, e ordenou aos monges que passassem a copiar os manuscritos antigos e a estudar e praticar as “sete artes liberais”.
Essa prática passou a ser seguida pelos beneditinos, monges da Ordem de São Bento, fundada em 529, em Monte Cassino, cujo célebre mosteiro viria a ser destruído pelos lombardos, em 580.
Os beneditinos foram os principais divulgadores da cultura na Europa medieval. Dedicavam-se ao arroteamento de terras e a vários ofícios e, ao mesmo tempo, entregavam-se aos estudos e à religião. Construíam seus próprios conventos e assim a constituir a Maçonaria monástica (ver nota, mais adiante).
Quando passaram, em parte, a dedicar-se às construções, os beneditinos disseminaram a arte romântica. Depois criaram a própria arte beneditina. Congregando como irmãos (“frates”), nas oficinas que dirigiam os profissionais leigos da arte da construção, chegaram a monopolizar a edificação até o advento da arquitetura gótica, preferida para as catedrais.
A Ordem beneditina criou outras corporações monásticas.
Em 910, beneditinos dispostos a recuperar a severidade monástica, então em decadência, fundaram a célebre abadia de Cluny.
E, 1098 foi fundada a Ordem de Cister, no retiro de Dijon, perto de Citeaux, na França. Entre os monges cistercienses haveriam de surgir operosos construtores e seguidores do exemplo dos beneditinos, seus antecessores e fundadores. Ainda hoje há exemplos de monastérios construídos pelos atuais cistercienses, entre os quais há o Irmão Arquiteto.
Porém, os artistas leigos da construção, seguidores de uma profissão nobre e de velhíssima origem, não ficariam muito tempo sob a total dependência dos monásticos.
Entretanto, quando passaram a construir a Maçonaria-Livre, os profissionais da construção, católicos de religião, haveriam de conservar vários ensinamentos monásticos. Desse modo, as sete artes liberais continuaram a figurar nos seus códigos e regulamentos.
Quanto às sete artes, a Maçonaria atual conserva o simbolismo moral e disciplinar que a elas emprestavam os obreiros medievais.
A Gramática, sistematização dos fatos da linguagem, a Retórica, arte da boa expressão e norma de eloqüência, e a Lógica, ciência do método, ou da investigação da Verdade, ensinam que o maçom deve aperfeiçoar-se no falar e escrever, manifestar-se de maneira clara e dizer sempre a Verdade. Em suma, o maçom deve falar pouco e dizer muito.
A Aritmética, ciência das propriedades dos números e a Geometria, medida da extensão, ensinam ao maçom o dever de contar e medir as próprias ações e palavras. Essa regra se aplica principalmente àqueles obreiros que comparecem às Lojas para mostrar os seus dotes oratórios e cansarem a assistência com os seus discursos carregados de rançoso lirismo. Entre esses maçons há aqueles que se entregam a dar conselhos que ninguém pede e a recomendar aos aprendizes o dever de freqüentar as sessões. A Maçonaria não é qualquer instituição acaciana e, muito menos, uma ordem que precisa mendigar o comparecimento de seus obreiros.
A Música lembra, em primeiro lugar, a harmonia que deve reinar entre os obreiros e os acordes de consonância. Lembra, mais, que o som afinado corresponde a uma freqüência exata ou número certo de vibrações por segundo.
A Astronomia demonstra, antes de tudo, a perfeição da obra do Grande Arquiteto do Universo. Ensina, mais, o movimento aparente dos astros, a rotação e a translação da Terra, a lei da atração universal (Newton) e tudo quanto mais a ciência dos astros possa proporcionar ao simbolismo e ensinamentos maçônicos.
Nota – Fundação da Ordem de São Bento.
Fundada por São Bento, em 529, a Ordem Beneditina teve por berço o afamado mosteiro de Monte Cassino, na Itália. A própria Ordem construiu o mosteiro que em 580 viria a ser destruído, pela primeira vez, pelos lombardos.
A cultura medieval é, de um modo geral, privativa das ordens monásticas, principalmente a dos beneditinos, havidos como os “únicos eruditos” da Idade Média.
Os beneditinos mais versados sempre se distinguiram nas letras e nas ciências e depois nas artes, inclusive a de construir. Os demais se dedicavam ao arroteamento de terras e ao plantio.
Foram os beneditinos que transcreveram, traduziram e interpretaram as obras gregas e romanas, bem como escritos e documentos do Oriente. Disseminaram a cultura medieval européia e serviram de exemplo a outras ordens religiosas que surgiriam posteriormente. Encarregaram-se da missão de converter “pagãos” por toda a Europa. Na arte de construção, passaram a monopolizar e a dirigir a maçonaria operativa. Começaram pelo estilo românico. Depois implantaram na arquitetura as próprias características beneditinas e, mais tarde, também se dedicaram à Arquitetura Gótica. Associados aos pedreiros e canteiros fundaram autênticas organizações fraternais, as quais, por ordenamentos, costumes e certas cerimônias, seriam uma espécie primitiva de Lojas maçônicas.
Foi em 597 que os beneditinos se dirigiram à Inglaterra, (chamada Ilha dos Santos) e fundaram a abadia (não a catedral gótica) de Cantuária (Canterbury). No século VII, espalhando-se pela Alemanha, fundaram a abadias de Ettenheim, Lauresheim, Prüm, Monse, Hirschfeld, Fulda e outras. Da Alemanha passaram à Dinamarca, depois à França, pátria do estilo gótico e, enfim a quase toda Europa.
OS CISTERCIENSE – A Ordem de Cister, instituída, em 1098, foi fundada pelo abade De Molésme, no retiro de Citeaux, perto de Dijon, França. A princípio os cistercienses, como os beneditinos, seus inspiradores, se dedicaram ao ensino gratuito e à agricultura. Posteriormente, por seus mestres e arquitetos, passaram a erigir grandes catedrais e grandes construções, seguindo o exemplo dos beneditinos, seus mestres e fundadores.
AS CATEDRAIS – Na Idade Média a catedral não era uma simples sede religiosa ou uma igreja comum. Era realmente o centro das comunicações. Quase sempre abrangia uma escola gratuita, biblioteca e até uma sede de câmara municipal. O povo contribuía para a construção de grandes igrejas e havia, entre os habitantes de várias cidades, a emulação no sentido de construir catedrais maiores, mais altas e mais imponentes do que as outras.
Nota ao Aprendiz – Na Maçonaria atual ainda se preconiza o exemplo das antigas catedrais. Recomenda-se às Lojas para que se esforcem no sentido de se tornarem o centro social de todos os assuntos de seu “Oriente”.
USOS, COSTUMES, TRADIÇÕES E ANTIGAS OBRIGAÇÕES DA MAÇONARIA MEDIEVAL RELEMBRADOS NA MAÇONARIA ATUAL.
Entre os maçons medievais, o segredo era norma respeitada e sujeita à juramentos sobre a Bíblia ou os Evangelhos. O mesmo se dava com a promessa de não revelar a estranhos os sinais, toques e palavras de reconhecimento mútuo entre os companheiros. O compromisso envolvia a obrigação de cumprir os regulamentos, as tradições e as regras de fraternidade exigidas pela agremiação.
Quando as corporações medievais chegaram a adquirir maior importância política e econômica, até as representações teatrais passaram aos seus domínios. Os dramas da época, as antigas peças gregas, por vezes mal traduzidas, outras deturpadas, eram representadas para os associados. Os temas referentes a cada profissão eram enaltecidos ao gosto dos congregados e assistentes levados ao sentido épico. Até os antigos “mistérios” eram declamados ou encenados, ao lado das narrativas e passagens de religião.
Cada corporação tinha o seu santo padroeiro e protetor. Os maçons operativos veneravam São João Batista, ou este santo e João Evangelista, aos quais dedicavam reuniões e festas especiais.
Os obreiros de Estrasburgo se chamavam Irmãos de S. João.
Nota ao Aprendiz – A Maçonaria operativa ignorava a existência de São João de Jerusalém, ou S. João Esmoler ou Hospitaleiro, lendária figura de príncipe, filho do rei de Chipre, no tempo das Cruzadas. Conta-se que ele teria renunciado aos seus direitos de herdeiro do trono, com o propósito de se dedicar à caridade, socorrer guerreiros e peregrinos. Teria fundado também um hospício.
A figura desse lendário santo foi levada à Maçonaria especulativa por maçons que quiseram impor a idéia de que a Sublime Instituição seria originária dos Cruzados. O Barão de Tschoudy viria a adotar S. João de Jerusalém, no seu Rito Adoniramita.
Outros maçons passaram a identificar S. João Hospitaleiro com S. João d’Escócia, figura que jamais existiu, embora seja sempre referida em rituais do escocismo, por diversas conjeturas.
Maçons do passado, magoados com os insultos e perseguições clericais, principalmente partidas dos jesuítas, repeliam a norma de se admitir João, o Batista, como padroeiro da Sublime Instituição. A verdade é que estavam a repelir a realidade histórica e uma tradição haurida dos antigos Pedreiros-Livres e Canteiros.
Essa represália pouco adiantou. João, o Batista, continua sendo o padroeiro, com o seu par tradicional, que é João Evangelista. E em toda parte do mundo o dia 24 de junho é uma data maçônica e o verdadeiro dia da Instituição.
A Maçonaria operativa medieval possuía também os Quatro Coroados, santos da profissão, os quais eram Severo, Severiano, Carpóforo e Vitorino. Contava-se que esses quatro santos teriam sido mortos a vergastadas, por ordem de Diocleciano, eis que se teriam recusado a esculpir imagens destinadas à adoração pagã. A Igreja chegou a confundi-los com outros cinco mártires – Cláudio, Castor, Sinforiano, Simplício e Nicostrato, artistas que teriam repelido a imposição do mesmo imperador, que encomendara a imagem de um ídolo. Os cinco artífices, por esse motivo, teriam sido condenados e asfixiados dentro de um barril carregado de material pesado e atirados ao mar (ano de 237).
Outras lendas de enaltecimento da profissão eram contadas pelos maçons medievais e havidas como patrimônio da corporação.
Como ensina a psicologia social, todo agrupamento humano definido tende a ser enaltecido por seus próprios componentes. Os maçons medievais, naquela época, pouco esclarecidos, não fugiram à regra. Acreditavam que a Maçonaria vinha dos tempos de Adão e que este havia ensinado a Geometria a seus filhos. Mal fundados em vários textos da Bíblia e maus conhecedores da história, fantasiavam uma complicada narrativa da profissão, envolvendo reis, patriarcas, sábios, filósofos e geômetras. Desse modo, chamavam de “maçons” a Abraão, a Nemrod, o rei caçador, a Nabucodonosor, a Pitágoras (“Peter Gower”, como diziam), a Euclides e outros. Até as épocas das narrativas eram desencontradas.
Nota ao Aprendiz – Ainda hoje há irmãos maçons que costumam sustentar mitos semelhantes, pretendendo levar a origem da Maçonaria a tempos imemoriais. Outros procuram convencer que toda e qualquer personalidade ilustre seja ou tenha sido maçom.
Já no século passado, os estudos de Findel e outros abalaram todos os mitos pelos quais a Maçonaria seria originária do Egito, da Grécia, do Templo de Salomão, dos Essênios, dos cretenses e de outras fontes “antiguíssimas”.
A maioria dos Corpos Maçônicos deste século já não admite as supostas “derivações” da Maçonaria, muitas delas engendradas pelos “maçons aceitos” de quando iniciou a Maçonaria especulativa.
Por esse motivo, e também por apresentarem como “segredos” muitas lições vulgares da história da filosofia, muitas instruções anexas a rituais foram abolidas.
A regra a cumprir, para com os maçons iludidos ou mitômanos, é a tolerância, mas sem prejuízo do constante esclarecimento.
A par de tais lendas que liam para os recipiendários, os maçons operativos mantinham seus regulamentos profissionais e tradições.
As “obrigações” (“old charges”) deviam ser integralmente respeitadas, bem como os preceitos da ética do oficio. Várias dessas obrigações se conservaram até na Maçonaria especulativa e se tornaram “landmarks” ou lindeiros. A palavra “landmark” significa limite entre países ou territórios, mas entre os maçons veio a significar marco ou regra instransponível e imutável.
A legitimidade das antigas obrigações foi revelada mediante referências históricas, leis, bulas, papeis, inclusive decretos governamentais e clericais que tinham por escopo perseguir os maçons e proibir as reuniões das Lojas. Além desses recursos da história, havia os antigos “manuscritos”. Vários desses documentos eram reproduções ou cópias de escritos mais antigos. Outros eram realmente falsificados. A “velha Constituição de York, do ano de 925”, outorgada numa Convenção convocada pelo príncipe Edwin, filho do rei Athelstan, não passou de mistificação, que o maçom Findel e outros viriam a desmascarar. Porém, por esse fato não há que negar os maçons operativos narravam a lenda de Athelstan e seu filho Edwin. Essa lenda consta, por exemplo, do livro conhecido por “Poema Régio”, mas cujo nome verdadeiro e “Hic Incipiunt Constitutiones Artis Geometriae Secundum Euclydem” (aqui principiam as constituições da arte da geometria, de acordo com Euclides, ou Princípios Constitucionais da Arte etc). James O. Halliwel, 1840, encontrou esse livro, escrito em pergaminho, na Real Biblioteca, do “Brstish Museum”. Atribui-se a obra ao século XV. Trata-se de uma “constituição” à maneira adotada pelas fraternidades e organizações profissionais da época. O poema contém 794 versos, nos quais se constam as lendas da fraternidade de pedreiros, as regras morais da “boa geometria”, os deveres dos companheiros nas suas relações mútuas e para com os senhores e proprietários. Euclides, “por inspiração de Cristo”, teria ensinado as sete ciências e, certa vez, teria sido contratado para ensinar a Geometria aos jovens da nobreza do Egito. A “arte” se espalharia pelo mundo e teria chegado à Inglaterra (Ilha dos Santos). Certa vez, o rei-arquiteto Athelstan teria promovido uma convenção, na qual se teriam promulgado quinze principais artigos e quinze pontos fundamentais. O documento menciona o martírio dos “Quatro Coroados”, santos conhecidos por essa denominação que, por sua vez, viria a ser um atributo da “arte” (“Ars Quatuor Coronatorum”). Seguem-se as lendas da Torre de Babel, “construída muito depois do dilúvio e, em certa ocasião, dirigida pelo rei Nabucodonosor”. “Os construtores da torre se tornaram tão vaidosos que o Senhor os castigou, enviando-lhes um anjo que lhes confundiu a linguagem”. Consta do documento os significados morais das sete ciências e as regras da fraternidade.
Outro documento relevante, embora de tradução infiel, é o dos regulamentos profissionais da Fraternidade de Pedreiros (talhadores e escultores de pedra) de Estrasburgo. Esses estatutos teriam sido aprovados em Spira, em 1464 e ratificados em Ratisbona cinco anos depois, trata-se de uma verdadeira constituição da Ordem, na qual se consignam as regras de ética profissional, a admissão dos aprendizes, o tempo de aprendizado, o respeito aos planos e aos contratos de obra. Na confraria só podiam ser admitidos homens livres e de boa formação moral e familiar. Era proibido aos mestres confiar trabalhos aos companheiros que viesse amancebado ou passasse “a viver desregradamente com mulheres”, ou fosse jogador a tal ponto que dele se pudesse dizer “que havia apostado as próprias vestes”.
O dever religioso, inclusive os de confessar e comungar, era imposto aos obreiros.
Outro “documento”, a chamada “Carta de Colônia”, atribuída ora aos jesuítas, ora a Frederico de Nassau, não passa de mistificação.
Entre os demais documentos citados pelos historiadores maçônicos, podem mencionar-se a lei do Conde de Santo Albano (1663), o manuscrito Harley (1670), existente no Museu Britânico e escrito por Randle Holmes e o “Velho Manuscrito”, assinado por William Bray e escrito por Robert Cleark (1686).
Os Estatutos Shaw, da Maçonaria Escocesa, foram publicados no final do século XVI (1598-1599).
Do confronto de todos os documentos e regulamentos e, mais, do que se pode concluir das referências históricas, resulta uma síntese de várias regras que se impunham aos maçons, entre as quais:
I – a de cumprir os mandamentos da Igreja, respeitar os sacramentos e confessar e comungar periodicamente;
II – a de respeitar as leis e as autoridades constituídas e de nunca tomar parte em sedições;
III – a de seguir os preceitos da “moral da boa Geometria”, de modo a viver de acordo com os bons costumes, a não se entregar ao jogo e a outros vícios, a mulheres de vida fácil, ao adultério e ao concubinato;
IV – a de somente admitir nas corporações e confrarias candidatos livres, de boa família (no sentido moral) e de bons costumes e boas referências (“good reports”);
V – a de não se admitirem jamais candidatos portadores de defeitos físicos ou doentes;
VI – a de os obreiros cumprirem os contratos de construção, de modo a contentar os proprietários e senhores, seguindo-lhes as ordens e condições combinadas e cuidando de terminar e entregar a obra no tempo ajustado;
VII – a de não se admitirem novos companheiros sem a licença do mestre da circunscrição e sem prévia comunicação às lojas da região, mediante a fixação de um pergaminho a uma prancha ou tábua colocada de modo ostensivo;
VIII – a de dar conhecimento à assembléia geral dos fatos que interessavam à fraternidade, inclusive admissões;
IX – a de comparecer periódica ou anualmente à assembléia geral, para tomar conhecimento das resoluções e receber conselhos e instruções sobre a Arte, sobre os salários a serem pagos e sobre a maneira de bem servir aos mestres, aos senhores e aos proprietários;
X – a de eleger mestres entre os companheiros mais experimentados e mais versados na Arte;
XI – a de cumprir as regras de fidelidade e fraternidade entre os companheiros e reservar “troncos” para os necessitados;
Nota – De certos regulamentos se vislumbra que o “tronco” se referia também a honorários pagos na conclusão das obras.
XII – a de os aprendizes serem sujeitos a prestar serviços aos mestres durante um determinado número de anos (na Alemanha se exigiam cinco anos e na Inglaterra sete); e a de os companheiros (aspirantes) praticarem o ofício em várias obras (três, pelo menos) e viajarem, antes de conseguirem a plenitude de seus direitos.
Nota – Referências históricas demonstraram cabalmente que esses prazos não eram iguais em todos os lugares e que a habilidade profissional era levada em consideração, de modo a se encurtarem os “interstícios”. Porém, houve época em que os mestres das diferentes profissões artísticas prolongavam, a seu bel-prazer, o tempo de aprendizado e faziam outras exigências, aproveitando-se da situação privilegiada de que desfrutavam como principais contratantes nas encomendas, e das condições regulamentares para aprovar a concessão, de cartas, licenças ou franquias. Certos regulamentos exigiam que o companheiro, para ser admitido ao trabalho, exibisse ainda a carta de apresentação de mestres e companheiros experimentados.
Por outro lado, revela considerar a tradição universitária que a Maçonaria herdou no que tange ao seu humanismo e à sua filosofia. Os estudantes da Idade-Média também se reuniam em corporações. Pagavam os professores, contratavam os mestres e os despediam. Desse modo é que fundaram as universidades.
Na Itália, na Espanha e no sul da França, as universidades seguiam o padrão de Bolonha. Nessas instituições se ensinavam o “trivium” (Gramática, Retórica ou Dialética e Lógica) e o “quadrivium” (Aritmética, Geometria, Música e Astronomia), mais ou menos na seriação secular instituída por Boécio. Para o estudante conseguir a carta de “mestre” era exigido um curso que durava sete anos ou pouco mais, pois o “trivium” exigia quatro ou cinco anos e o “quadrivium” o tempo restante.
As sete ciências, porém, não tinham o sentido atual. O seu ensinamento era filosófico e humanístico, isto é, mais ou menos como ocorre na Maçonaria.
As sociedades secretas estudantis resultam de tradições das universidades. A Maçonaria, por sua vez, contém muita coisa das tradições das universidades, quer por se inspirar nas práticas dos antigos Pedreiros-Livres, para os quais a Geometria era também uma ciência moral, quer porque os maçons mais versados do passado, e depois os “aceitos”, cuidariam de manter os melhores princípios das corporações, inclusive os das universidades.
Essa conclusão resulta de qualquer livro de história, como, por exemplo o de McNall Burns, 1º vol., Parte 4.
Constituída a Grande Loja Inglesa, em 1717, os seus principais fundadores cuidaram de reunir os velhos regulamentos, as lendas e tradições dos maçons e as antigas “obrigações” (old charges).
Em 1718 Jorge Payne é eleito Grão-Mestre da Grande Loja e manda consolidar os regulamentos, usos e obrigações constantes de velhas cópias. Em 1719 é eleito Grão-Mestre o reverendo João Teófilo Desaguliers, que ao lado de James Anderson, fora um dos principais fundadores da Grande Loja.
George Payne, novamente eleito para o grão-mestrado em 1720, manda completar as compilações iniciadas em 1718. Surgem e se definem, por conseguinte, as Trinta e Nove Regras Gerais (“General Regulations”) condensadas nos conhecidos Regulamentos Gerais.
No mesmo ano, por motivos que se ignoram, foram queimados preciosos manuscritos da antiga Maçonaria. O fato foi lamentável, embora existissem velhas cópias nos museus e velhos documentos nas Lojas que ainda não pertenciam à Grande Loja Inglesa.
Nota – Vários maçons autênticos, inclusive os que não eram católicos, atribuíram essa queima de documentos à preocupação de se ocultar a origem clerical da Maçonaria, pois os fundadores da Grande Loja Inglesa eram protestantes, na sua maioria. Não há muito fundamento em tal suposição. No mais, seria impossível ocultar que os Pedreiros-Livres e Canteiros eram católicos e que a primeira fase da Maçonaria operativa medieval pertencia aos monásticos. Isso não quer dizer que a Maçonaria seja uma derivação de Igreja Católica, eis que releva ponderar muito mais as tradições das corporações e fraternidades do que as circunstâncias em que essas organizações vicejaram.
O ilustre maçom autêntico Albert Lantoine, autor de “Lês Societés Secretes actuelles em Europe et en Amérique” (Paris 1940), é um dos que abonam a insinuação.
As Regras gerais viriam a ser aprovadas na data de S. João de 1721.
Aos 17 de janeiro de 1723 foi aprovado pela Grande Loja Inglesa o tradicional LIVRO DAS CONSTITUIÇÕES, impropriamente conhecido por Constituição de Anderson, pelo fato de este fundador da Grande Loja haver-se dedicado ao projeto e compilado as velhas lendas, usos, costumes e “antigas obrigações”, tudo acrescido às “Regras Gerais”.
Do confronto histórico resulta que o trabalho de Anderson não foi muito fiel a tudo quanto revelaram as velhas cópias. As lendas do passado, mais ou menos alteradas, se acrescentaram outras, principalmente aquelas inspiradas na Bíblia, como conviria a bons ministros e pastores protestantes.
Contudo, a modificação foi salutar, pois a Bíblia é um dos maiores monumentos morais do mundo.
A chamada Constituição de Anderson se impôs como padrão de qualquer organização maçônica regular, isto é, fundada nos princípios da Maçonaria Universal, da qual a Grande Loja da Inglaterra é a “alma mater”.
Cumpre lembrar que no tempo de Anderson ainda havia uma corrente católica, mais ligada à antiga Maçonaria Escocesa. Essa corrente era também política, pois era partidária dos Stuarts.
O Cavaleiro Ramsay pertencia a essa corrente.
Mais tarde se operou a unificação da Maçonaria inglesa.
O atestado mais definido dessa unificação é o tradicional RITO DE YORK, condensado num livro denominado “Landmarks”, Leis Básicas e Cerimônias dos Três Graus Simbólicos da Arte Maçônica, chamada, às vezes, RITO DE IORQUE, por terem compiladas, elaboradas e organizadas por representantes de todas as Lojas consideradas regulares reunidas na cidade de Iorque, na Inglaterra, em 1815, tais como foram aprovadas, confirmadas e sancionadas pela Grande Loja da Inglaterra, em 1815. O ritual também é, chamado de Ritual dos Maçons Antigos, Livres e Aceitos.
Em 1813 já havia ocorrido a formal unificação da Maçonaria inglesa, com a constituição da Grande Loja Unida (27 de dezembro de 1813, data de S. João Evangelista). A união das Grandes Lojas inglesas governadas pelos duques de Kent e de Sussex tinham sido preparadas desde o começo daquele ano. O duque de Kent renunciou ao grão-mestrado, para facilitar a unificação. Assim se consumou a união de “Antigos” e “Modernos”.
Já então a Maçonaria se havia espalhado pelo mundo, com suas Lojas, algumas abraçando regras mistas e outras seguindo ou escolhendo entre regras da Grande Loja da Escócia e as regras da Grande Loja Inglesa.
Surgiram, por sua vez, vários ritos e rituais.
A Grande Loja da Escócia foi fundada aos 15 de outubro de 1736, em Edimburgo.
O Grande Oriente de França foi fundado oficialmente aos 24 de dezembro de 1772, mas a Maçonaria francesa já existia desde muito antes, quer sob a égide da Grande Loja Inglesa, quer de maneira independente. Sabe-se que em 1730 já existia a “Grande Loja Inglesa de França”. Em Paris havia a “Ordem dos Franco-Maçons do reino de França”, fundada aos 27 de dezembro de 1735.
Na Alemanha, as Lojas trabalhavam sob o sistema da Grande Loja da Inglaterra. Em, 1766, um mágico profissional hábil, prestidigitador, artista genial e homem culto de nome Schröder, funda o “Capítulo de Antigos e verdadeiros Franco-Maçons” e, depois, cria o belíssimo rito que tem o seu nome, com os três graus do simbolismo e mais quatro para a ciência da magia, da alquimia e da filosofia (teosofia), sob o nome de “Rito Retificado de Rosa-Cruz”.
Em suma, a Maçonaria se pratica por vários ritos ou métodos.
De um modo geral, esses métodos conduzem o maçom ao mesmo resultado de aperfeiçoamento moral. Como afirmava Pascal, os homens se aperfeiçoam e conquistam a verdade seguindo os ritos.
As Lojas do mundo os congregam em Grandes Orientes ou Grandes Lojas, governadas pelos respectivos Grão-Mestres. Por sua vez, esses Altos Corpos se relacionam como as nações, por meio de troca de representantes, correspondências, tratados de amizade e confirmações de relacionamento mútuo. Não há poder maçônico internacional. As reuniões universais se efetuam por meio de Congressos e Convenções.
O TEMPLO DOUTRINÁRIO DA MAÇONARIA – Dir-se-ia, pois, que o Templo Maçônico foi erguido com o melhor material produzido pela humanidade. Ergueu-se com os alicerces da História. Suas paredes foram levantadas com tijolos e pedras iguais, que representariam a manifestação do espírito humano e o denominador comum de todas as crenças. Todos os componentes do edifício maçônico se entendem ligados com a argamassa da comunhão universal. Enfim, os ornamentos do Templo completariam a síntese de todas as idéias dirigidas para um mundo melhor.
E o melhor paradigma para o Templo Maçônico não podia ser outro que não o Templo de Salomão.
A Davi, que manchara as mãos de sangue, não fora concedido erguer o Templo (Crônicas, 28/3), de cuja obra possuía os projetos (Crônicas, 28/11 a 21 e Cap. 29). A tarefa haveria de caber a seu filho Salomão, que apelou para Hirão, rei de Tiro, monarca suzerano e aliado a Davi.
O rei Hirão enviou a Salomão o artífice, metalista e arquiteto Hirão Abi, filho de uma viúva da tribo de Neftáli (Reis, I, caps. 5, 6 e 7 e Crônicas ou Paralipômenos, caps, 2, 3 e 4).
Observação: No Rito Adoniramita (Adon-Hiramita) é preferido Adonirão e Hirão-Abi (V. I-Reis, 5/14).
Assim, foi edificado o Templo de Jerusalém, com pedras já preparadas nas pedreiras, de maneira que nem martelo, nem machado, nem instrumento algum de metal se ouviram na casa, enquanto a construíam (I, Reis, 6/7).
O mesmo se dá com a Loja maçônica dedicada à construção do mundo melhor. O seu trabalho não se ouve lá fora.
Bibliografia:
Ritual do Aprendiz Maçom
Edição de junho/2006.
Curso de Maçonaria Simbólica – (I Tômo)
Theobaldo Varoli Filho
Editora – A Gazeta Maçônica
Jeffson Magnavita Barbosa Filho

A Essência da Sabedoria da KABBALAH

A essência da sabedoria da KABBALAH

Autor: Rabbi Yehuda Ashlag

A Kabbalah ensina a correlação entre causa e efeito de nossas fontes espirituais. Estas fontes se interligam de acordo com regras perenes e absolutas objetivando gols maiores - o entendimento do Criador por todas suas criações que existem neste mundo.

De acordo com a Kabbalah, ambos, a humanidade como um todo e cada uma das pessoas que a compõem devem alcançar o seu ponto mais alto na compreensão do objetivo e do programa da criação em toda a sua plenitude. Em cada geração houveram pessoas que por constante auto determinação e treinamento alcançaram determinados níveis espirituais. Em outras palavras, enquanto ainda subiam a escada, conseguiram chegar ao topo.

Esteja em quaisquer dos mundos, do micro ao macro, qualquer objeto material e suas correspondentes ações são controladas pelas forças espirituais que permeiam todo nosso universo. Pode-se representar figurativamente como se o universo se apoiasse sobre uma rede tecida por essas forças.

Para exemplificar, tomemos o menor dos organismos vivos, cujo único objetivo é manter a sua existência por um tempo suficientemente longo para procriar a próxima geração. Quantas forças e complexos sistemas agem neste organismo! E quantos destes sistemas o olho do homem e sua limitada experiência deixou de tomar conhecimento. Multiplicando estas forças pelo número enorme de criaturas vivas que existiram em nosso mundo - significando o universo e os mundos espirituais - obteremos apenas uma vaga e remota idéia sobre as forças e vínculos espirituais que nos controlam.

A grande variedade de forças espirituais podem ser imaginadas como dois sistemas iguais e interligados. A única diferença entre eles é que o primeiro sistema vem do Criador e desce através todos os mundos até chegar ao nosso. O segundo sai do nosso mundo e sobe todo o caminho de acordo com as regras já estabelecidas e que agiram sobre o primeiro sistema.

O primeiro sistema é chamado pela Kabbalah de "A Ordem da Criação dos Mundos e do Espírito". O segundo é chamado " A Compreensão ou os Passos da Profecia e Espirito". O segundo sistema supõe que aqueles que querem alcançar o pináculo deverão agir de acordo com as leis do primeiro sistema, e é exatamente o que é estudado na Kabbalah. Porém, no mundo espiritual o principal fator do descobrimento e entendimento não é o tempo, mas sim a pureza do espírito, do pensamento e do desejo.

No mundo material há muitas forças e fenômenos que não sentimos diretamente. Por exemplo, eletricidade, ondas magnéticas, etc. O efeito de suas ações, seus nomes, são corriqueiros até para as crianças. Apesar de nosso conhecimento sobre a eletricidade ser limitado, nós apreendemos a valer-nos deste fenômeno para suprir algumas de nossas necessidades. Nós o chamamos pelo nome com a mesma familiaridade como chamamos o pão de pão e o açúcar de açúcar.

Analogamente, todos os nomes na Kabbalah parecem dar-nos uma noção real (material) para um objeto espiritual. Mas se pensarmos a respeito, não é somente a respeito do objeto espiritual que não temos nem mesmo a mais vaga idéia; não temos a menor noção sobre o Criador em Si, assim como não temos noção sobre qualquer objeto, mesmo aqueles que sentimos com nossas próprias mãos.

O fato é que não sentimos o objeto em si, mas sim as nossas reações a sua ação e influência. Estas reações nos dão o que parece ser conhecimento, apesar de que o objeto em si, sua essência permanece oculta. E ainda mais, não conseguimos compreender a nós mesmos!! Tudo o que sabemos sobre nós mesmos restringe-se apenas as nossas ações e as nossas reações.

Ciência, como instrumento de pesquisa sobre nosso mundo é divida em duas partes; o estudo das propriedades da matéria e o estudo de sua forma. Em outras palavras não há nada em nosso universo que não consista de matéria e forma. Por exemplo, se tomarmos uma mesa, como combinação de matéria e forma, então a matéria é a madeira e o portador da forma é o formato de uma mesa. Um outro exemplo; a palavra mentiroso, onde a matéria é o homem que transporta a forma, a mentira.

A parte da ciência que se dedica ao estudo da matéria é baseada em experiência. Alicerçada nas experiências científicas, chegas-se a conclusões. Porém a parte da ciência que estuda a forma, sem a ligação com a matéria, em especial com as formas que nunca tiveram ligações com a matéria (por exemplo, comunismo como um ideal) não pode ser baseada em experiências. Isto porque, em nosso mundo, não ha tal coisa como forma sem matéria

A separação entre forma e matéria somente é possível em nossa imaginação. Portanto, neste caso, todas as nossas conclusões são baseadas apenas em premissas teóricas. Toda a alta filosofia pertence a esta categoria de ciência e a humanidade tem freqüentemente sofrido por causa das conclusões sem fundamento. A maioria dos cientistas contemporâneos desistiram de usar esta metodologia de estudo pois não ha certeza quanto a veracidade de suas conclusões.

Explorando o mundo espiritual o homem por si descobre que estes mesmos sentimentos são somente desejos divinos para que ele se sinta desta forma. Ele se sente como um objeto de existência isolada e não como uma parte integrada ao Criador, e que tudo no mundo que o circunda não passa de uma ilusão da ação das forças espirituais sobre nós.

Esclarecerei este ponto através de um exemplo:

Era uma vez um homem pobre que vivia num pequeno vilarejo. Ele tinha uma carroça com uma parelha de cavalos, uma casa e uma família. De repente um infortúnio se abateu sobre ele. Os cavalo caíram, a mulher e os filhos morreram e a casa desabou e, por causa de seus pesares e tristeza, ele morreu logo após. E aí a decisão a ser tomada na corte suprema; o que dar para esta alma sofrida e atormentada para assegurar a sua felicidade. Decidem então dar-lhe a impressão que está vivo, que tem sua família junto a si, sua casa e seus cavalos. Fazem com que ele sinta-se feliz com seu trabalho e com sua vida.

Estes sentimentos são sentidos da mesma forma como sentimos um sonho; tudo o que vivenciamos num sonho, durante o mesmo, aparenta ser verdadeiro. É somente nossos sentimentos que criam a imagem daquilo que nos circunda. Então como é que podemos distinguir ilusão da realidade....

Kabbalah como ciência mundana também é dividida entre estudo da matéria e da forma. Possui porém, uma qualidade notável que demonstra a sua superioridade sobre as demais metodologias científicas. Aquela parte que trata do estudo da forma sem matéria é totalmente fundamentada em controle experimental, de sorte que pode ser testada e verificada.

O Kabbalista, tendo ascendido ao nível espiritual do objeto estudado, se atina à todas as qualidades do objeto em questão. Donde, dentro dele, ele sente uma plena compreensão e pode tratar praticamente com os diferentes tipos de forma antes que de sua corporificação material. É como se ele estivesse observando todas nossas ilusões como um observador externo.

A Kabbalah, assim como qualquer outra ciência, vale-se de certos símbolos e terminologia para descrever objetos e ações. A força espiritual, o mundo, a sfira são chamadas pelo mesmo nome que é usado para o mesmo objeto controlado por esta força em nosso mundo. Já que toda força ou objeto material tem uma correspondente força ou objeto espiritual que controla suas ações, há um ajuste perfeito entre o nome utilizado no mundo material e sua raiz espiritual - a fonte. Donde, dar um nome à objeto espiritual é somente possível à um Kabbalista que tenha alcançado um alto nível de percepção.

Alcançando o mesmo nível do objeto espiritual e ele pode ver as influências e a maneira que este influi em nosso mundo. Os Kabbalistas escrevem seus livros e transmitem o seu conhecimento usando esta linguagem. Essa linguagem é extremamente precisa. É baseada na fonte espiritual do objeto material e não pode ser alterada. A ligação entre o objeto e sua fonte espiritual e imutável. Esta forma é bem diferente do nosso uso quotidiano da linguagem. Nossa língua mundana, de uso quotidiano, está gradualmente perdendo sua precisão, pois é ligada somente à forma externa. A simples compreensão primária da linguagem não é o bastante. Mesmo se soubermos o nome de um objeto material de nível mais baixo, ainda assim não conseguiríamos entender sua forma espiritual mais elevada. Somente se soubermos a sua forma espiritual podemos compreender e ver a sua implementação material; a sua ramificação.

Isto nos traz a conclusão. Primeiramente é essencial compreender a fonte espiritual do objeto material. Temos que estar ciente de sua natureza e propriedades. Somente então podemos passar às ramificações em nosso mundo e estudar a sua interação. Esta é a única forma de verdadeiramente compreender a linguagem da Kabbalah.

Porém aí então levanta-se uma pergunta natural. Como pode um principiante dominar esta ciência quando não consegue nem mesmo compreender seu professor. A resposta é muito simples. Somente é possível quando nos alçamos espiritualmente acima deste mundo. E isto é somente possível se nos livrarmos de todos os traços de egoísmo material e aceitarmos os valores espirituais como os únicos. Somente o desejo e paixão pelo espiritual em nosso mundo; esta é a chave para o mundo mais elevado.