terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Iniciação do Guerreiro

Paulo Guilherme Hostin Sämy

1. As iniciações

A literatura iniciática raramente se ocupa do guerreiro e de seu processo iniciático, enfatizando antes o estudo das iniciações chamânicas, considerando que o estágio ulterior e evolutivo conquistado pelos chamãs de todo o tipo, - feiticeiros curadores do corpo e da alma -, poderá colaborar mais intensamente à evolução individual de cada estudioso – outrora dito iniciado – envolvido em seu projeto iniciático.

Portanto, passa-se à margem do conhecimento a respeito desta iniciação, a do guerreiro, suplantada, em beleza aparente, pelas demais, cuja simbologia e cujo discurso, embora análogos, encantam vista e ouvido quando expressas em linguagem artística, quer verbal quer visual, todas estruturadas, contudo, sobre símbolos do inconsciente humano recolhidos ao longo de sua história, como adequadamente anotou Karl Gustav Jung, o psicanalista suíço em sua obra.

Mircéa Eliade (1907-1986) internacionalmente conhecido pelo estudo das iniciações e como ‘inventariante de mitos’, com conhecimentos adquiridos inicialmente na Índia, onde viveu de 1928 a 48, e posteriormente junto a tribos indígenas diversas, soube emoldurar a iniciação dos guerreiros, destacando-lhe seu universo iniciático, como na monografia ‘Nascimentos Místicos’ – ‘Naissances Mystiques’. À contracapa desta edição de ‘Éditions Gallimard’ de 1959, assim a resume o apresentador da obra: ‘É uma afirmação corrente que o mundo moderno, entre outras características, se distingue (do mundo antigo) pelo desaparecimento da iniciação. De uma importância capital nas sociedades tradicionais, a iniciação é praticamente ausente da sociedade ocidental de nossos dias.’ E mais adiante: ‘Com vistas a separar os diversos tipos de iniciação, o Autor (Eliade) estuda sucessivamente os ritos de puberdade dos primitivos, as cerimônias de entrada nas sociedades secretas, as iniciações militares e chamânicas, os mistérios greco-orientais, a sobrevivência de motivos iniciáticos na Europa cristã e, enfim, as relações entre certos motivos iniciáticos e certos temas literários.’

Sobre a iniciação, eis como se expressa Eliade: ‘Compreende-se geralmente por iniciação um conjunto de ritos e de ensinamentos orais, que persegue a modificação radical do estatuto religioso e social do sujeito a iniciar. Filosoficamente falando, a iniciação equivale a uma mutação ontológica do regime existencial. Ao fim de suas provas, o neófito goza de outra existência que a anterior à iniciação: tornou-se um outro.’ E mais adiante: ‘A iniciação introduz o neófito na comunidade humana e no mundo dos valores espirituais. Aprende comportamentos, técnicas e instituições dos adultos, como também mitos e tradições sagradas da tribo, nomes dos deuses e a história de suas obras: aprende, sobretudo as relações místicas entre a tribo e os Seres sobrenaturais assim como foram estabelecidas na origem dos tempos’. (págs. 10 e 11 da obra citada.)

E prossegue, na tentativa de expressar sua percepção sobre o tema: ‘É, pois aos conhecimentos tradicionais (da tribo) que têm acesso os neófitos. São longamente instruídos por seus tutores; assistem a cerimônias secretas, sofrem uma série de provas, e são, sobretudo estas que constituem a experiência da iniciação: o reencontro com o sagrado.’

Eliade assim começa sua Introdução na obra citada: ‘Tem-se afirmado muitas vezes que uma das características do mundo moderno é o desaparecimento da iniciação. De uma importância capital nas sociedades tradicionais, a iniciação é praticamente inexistente na sociedade ocidental de nossos dias.’ E mais adiante: ‘A originalidade do ‘homem moderno’, sua novidade em relação às sociedades tradicionais, é precisamente sua vontade de se considerar um ser unicamente histórico, seu desejo de viver num Cosmos radicalmente dessacralisado.’

Contudo à pág.253 deste livro diz: ‘Traços de antigos cenários iniciáticos são ainda reconhecíveis (atualmente) nos ritos específicos dos maçons e dos ferreiros, particularmente na Europa oriental.’ Reflexão interessante quando se considera que não nos brindou com estudos sobre a maçonaria, embora a mencione à pág. 270 desta mesma obra: ‘O único movimento secreto que apresenta uma certa coerência ideológica, que já possui uma história e que goza de um prestígio social e política é a franco-maçonaria. O resto das organizações com pretensões iniciáticas são, na maioria, improvisações recentes e híbridas’.

Já à pág. 266, no capítulo ‘Algumas Observações Finais’, diz Eliade: ‘Mas é preciso igualmente ter em conta o caráter meta-cultural da iniciação: encontram-se os mesmos motivos iniciáticos nos sonhos e na vida imaginária tanto do homem moderno quanto do primitivo. Para repetir, trata-se de uma experiência existencial constitutiva da condição humana. Eis porque é sempre possível reanimar esquemas arcaicos de iniciação nas sociedades altamente evoluídas.’

Esta última Observação, não só ratifica a pesquisa de Jung a respeito dos ‘símbolos transcendentes’ produzidos pela mente humana, quanto ainda deixa-nos pistas da iniciação do guerreiro através dos tempos, objetivo destes Apontamentos, sempre e, sobretudo um tributo a este grande Mestre e iniciador contemporâneo, objetivo último de sua obra.

2. A iniciação do guerreiro, segundo Éliade, em ‘Nascimentos Místicos’.

Em ‘Nascimentos Místicos’, Eliade, além de três capítulos onde estuda ‘ritos da puberdade’, acrescenta outro sobre ‘iniciações individuais e sociedades’ e, por fim, um quinto capítulo sobre ‘iniciações militares e iniciações chamânicas’, págs. 174 a 217.

‘Tornar-se berserkr’ou um guerreiro com uma capa ou ‘envelope’ – pele - (serkr) de urso, forte como um urso ou um lobo, era um objetivo de ‘sociedades de homens’ de antigas civilizações indo-européias, como a germânica. Fácil entender que o urso, por sua capacidade de sobrevivência no frio, através da hibernação, era um animal totêmico e referencial, sendo sua pele, em virtude das características de resistir ao frio, hoje conhecidas, um ‘envelope’ mágico a ser assimilado. Ademais, conhecedores e observadores do urso, ali identificavam um excelente caçador, quer em terra firme quer junto aos rios recolhendo peixes, qualidade, a da caça, essencial à sobrevivência nos longos invernos nevados.

Ensina Éliade: ‘Torna-se berserkr após uma iniciação, com provas especificamente guerreiras. Assim por exemplo, junto a tribos germânicas como os ‘Chatti’, nos diz Tácito (autor latino em ‘Germânia’) o postulante não cortava nem cabelos nem barba antes de haver matado um inimigo. Entre os ‘Taifali’, o candidato deveria abater um javali ou um urso, e entre os ‘Heruli’ deveria combater sem armas. Através destas provas, o postulante se apropriava d modo de ser de uma fera: tornava-se um guerreiro respeitável na medida em que se comportasse como uma fera predadora.’

Narra em seguida outro conto iniciático em que o postulante – um tal Sigmund – após provas de coragem e resistência a sofrimentos físicos, experimenta a transformação mágica em lobo, cuja metamorfose, ocorrida após o revestimento ritual de sua pele, constituía num momento essencial da iniciação nestas sociedades masculinas ou de homens, Männerbund.

Um filme americano de anos recentes – ‘Um homem chamado Cavalo’ – narra um interessante processo de transformação de um cidadão comum em guerreiro, em virtude dos muitos sofrimentos que enfrenta nas mãos de determinada tribo.

‘A prova guerreira por excelência, segundo nosso autor, era o combate individual, conduzido de tal maneira que culminava por liberar no neófito o ‘furor dos berserkir’. Não era questão de uma proeza puramente militar. Não se tornava berserkr unicamente por bravura, por força física ou por resistência, mas em seguida a uma experiência mágico-religiosa que modificava radicalmente o modo de ser de um jovem guerreiro’, e ‘que deveria transmutar sua humanidade por um acesso de fúria agressiva e aterradora, assimilada aos (animais) carniceiros enraivecidos’.

Ao longo da história medieval, podemos recolher as muitas imagens de animais selvagens incorporados à heráldica dos guerreiros, patronos ‘espirituais’ às suas atividades de combate.

A este furor do guerreiro está associada a liberação de um ‘calor’ interior, através da ingestão de variados alimentos capazes de provocá-lo, como o próprio fumo e plantas picantes, atividades que os chamãs também desenvolvem para aumentar o ‘calor’ interior, ‘um excesso de potência e, como acontece nos níveis arcaicos da cultura, toda potência é acompanhada de um prestígio mágico-religioso’. Por fim, ainda menciona as experiências chamânicas de ‘comer carvões brilhantes’, ou ‘tocar o ferro em brasa’, ou ‘marchar sobre o fogo’, experiências recolhidas por atores circenses ou mesmo de rua, e que expressam este domínio e incorporação do ‘calor’, de um certo calor mágico e iniciático, próprio dos guerreiros e cujo alcance os auxilia em sua transformação anterior, revelando-a por fim, ter ocorrido.

Experiências igualmente apresentadas por ‘filhos de santo’ nas religiões afro-brasileiras como as do candomblé ou da umbanda, em que o ‘médio’, sob a influência de determinadas entidades associadas a forças guerreiras, como a de Ogun e toda sua linhagem, entre em contato com o fogo e com o carvão em brasa, como manifestações daquela entidade em ação ou incorporada, com a qual justamente alega manter ou ter mantido contato espiritual, sem que apresente, ao cabo, fim da manifestação, lesões físicas expressivas em seu corpo, o que funciona como prova da qualidade da entidade manifestada.

3. Dominadores do fogo: alquimistas, ferreiros e guerreiros.

Em seu outro clássico ‘Ferreiros e Alquimistas’ – (‘Forgerons et Alchimistes’ – Ed. Flammarion, 1977)) - Éliade nos relembra a função mítica de heróis civilizadores que trouxeram o fogo ao homem para que pudesse ampliar seu poder sobre a matéria, e colocá-la sobre seu domínio e seu uso.

Com efeito, uma visita reflexiva ao interior da Terra, ao estado caótico e líquido em que se encontra ali a matéria, em elevada temperatura, - informação que os antigos não possuíam, embora conhecessem os vulcões – nos mostra que de seu gradual resfriamento surgiram os diversos metais. Portanto o fogo é o elemento dissolvedor capaz de, ao liquefazê-los, possibilitar não só novas combinações – sempre o alvo da alquimia – como ainda a sua moldagem, como tem sido a arte da metalurgia desde tempos primitivos.

Se a alquimia clássica ainda não estabelecera um elo mais intenso com o então primitivo complexo industrial-militar, mal grado a incorporação do uso da pólvora para o lançamento de projéteis dos canhões em torno do século XIV, a metalurgia, moldando armamentos e armaduras de todos os tipos, integra este referido complexo desde tempos imemoriais, havendo toda uma zona comum iniciática entre guerreiros e ferreiros na elaboração e construção dos arsenais ao longo da história.

Alquimistas e ferreiros são usuários do fogo de primeira hora, herdeiros dos heróis civilizadores que presentearam o homem, em vários cantos do planeta Terra, com este outrora quarto elemento sagrado, princípio só explicável pela química no século XVIII.

Mas os guerreiros, ao longo de sua história, foram gradualmente incorporando o fogo como arma de guerra, elaborando alternativas de lançá-los sobre seus inimigos e suas cidades, culminando ou com as grandes bombas atômicas como as lançadas sobre o Japão na 2ª Guerra Mundial, ou com os pequenos lança-chamas muito usados então, e por fim com as bombas incendiárias de ‘napalm’, usadas na guerra do Vietnã pelos norte-americanos.

Neste livro, Éliade, em capítulos como: ‘Meteoritos e metalurgia’, ‘Mitologia da Idade do Ferro’, ‘Terra Mater. Petra Genitrix.’, ‘Ritos e mistérios metalúrgicos’, ‘Simbolismos e rituais metalúrgicos babilônicos’, ‘Mestres do fogo’, ‘Ferreiros divinos e heróis civilizadores’ e ‘Ferreiros, guerreiros, mestres de iniciação’, busca recolher uma trilha para a história humana que encaixe vários elementos ígneos, a partir de raios, trovões e meteoritos caídos sobre a superfície da Terra a povoar a imaginação dos povos primitivos com divindades poderosas e dominadoras do fogo e respectivos herdeiros que, ‘naquele tempo’ mágico, introduziram o fogo como elemento civilizacional. Trilha que prossegue na História, com muitos seguidores nesta senda iniciática, construindo múltiplos artefatos a serviço do homem, na paz e na guerra, de crescente e redobrada importância nos dias atuais, justificando o estudo do contexto iniciático dos guerreiros e de seus parceiros fundamentais, os ferreiros.

No último capítulo supracitado diz, à pág. 82: ‘Numa versão egípcia, Ptah (O deus-oleiro) forja as armas que permitem a Horus vencer Set. Igualmente o ferreiro divino Tvashtri forja as armas de Indra quando de seu combate com o Dragão Vrtra; Hefaísto forja o raio graças a qual Zeus triunfará de Tifão; Tor mata a serpente com seu martelo, forjado pelos anões.’ E continua: ‘Mas a cooperação entre o Ferreiro divino e os Deuses não se limita a seu concurso no combate pela soberania do mundo. O ferreiro é igualmente o arquiteto e o artesão dos deuses. Kôshar constrói os arcos dos Deuses, dirige a construção do palácio de Baal, e equipa os santuários de outras divindades.’

No Alcorão, a importância do elemento ‘ferro’ é descrita no 25° versículo, da 57ª Surata, intitulada ‘Al Hadid’, conforme tradução disponível na Internet do Centro Cultural Beneficente Islâmico de Nova Iguaçu: ‘Enviamos os Nossos mensageiros com as evidências: e enviamos, com eles, o Livro e a balança, para que os humanos observem a justiça; e criamos o ferro(1601), que encerra grande poder (para a guerra), além de outros benefícios para os humanos, para que Deus Se certifique de quem O secunda intimamente, a Ele e aos Seus mensageiros; Sabei que Deus é Poderoso, Fortíssimo.’

Éliade identifica relações entre a habilidade do ferreiro e outras atividades intelectuais como a música, a cura, e os tiradores ou leitores da ‘sorte’, das tribos ciganas.

À pág. 89 ensina: ‘As sociedades de homens guerreiros, na Europa, na Ásia Central e no Japão, desenvolviam ritos iniciáticos onde o ferreiro e o ferrador de cavalos tinham seu lugar. Sabe-se que após a cristianização da Europa nórdica, Odim e a ‘caça furiosa’ foram assimiladas ao Diabo e às hordas de ‘danados’. Deu-se grande passo para a assimilação do ferreiro e do ferrador ao último. O domínio do fogo, comum ao mundo mágico, como ao do chamã e ao do ferreiro, foi considerado no folclore cristão como obra diabólica: uma das imagens populares mais freqüentes apresenta o Diabo cuspindo fogo em chamas. Talvez tenhamos aqui a última transformação mitológica da imagem arquetipal do ‘Mestre do Fogo.’

E à pág. 90, que nos serve como conclusão deste capítulo: ‘É esta intimidade, a simpatia com o Fogo que tornam convergentes experiências mágico-religiosas tão diferentes e solidarizam vocações tão díspares entre si como as do chamã, do ferreiro, do guerreiro e do místico.’

No Brasil, como mencionamos acima, os ritos do candomblé e da umbanda oferecem este espetáculo do relacionamento de seus adeptos com as divindades protetoras do ferro e do fogo.

4. De Tubal-Cain a Adoniran ou Hirã Abif: linhagem mítica

Em seu livro ‘Viagem ao Oriente’, publicado em edição definitiva em 1851, o autor Gerard de Nerval (1808-1855), intelectual francês e igualmente tradutor da primeira versão francesa do ‘Fausto’ de Goethe – portanto conhecedor deste plano cultural alquímico – narra, num curioso conto intitulado ‘Uma Lenda num Café’, a história que diz ter ali ouvido a respeito da visita da Rainha de Sabá a Salomão, envolvendo a participação de Hirã Abif, mito e herói da Bíblia e da maçonaria, durante os festejos havidos para comemorar tal visita.

Pois nesta visita, Salomão exibiria à Rainha, uma ‘corrida’ de estanho fundido – a rigor teria sido bronze – no momento em que saía da fornalha para preencher os diversos moldes dos objetos e estátuas em produção pelo admirável mestre Adoniran e sua equipe de obreiros maçons. Traído e sabotado por três companheiros, que haviam misturado pedras combustíveis às pedras de sua fornalha, que se rompeu – insucesso de Adoniran neste dia, fruto da sabotagem – provocando uma corrida desordenada daquele ‘mar’ líquido de bronze, ou estanho, culminando com sério acidente que lhe desgostou profundamente. Acabrunhado e desolado Adoniran, sentado ao lado do local do acidente, recebe a visita de um espírito que diz ser o antepassado primeiro de sua linhagem de ferreiros – Tubal-Cain – que vai guiá-lo numa viagem ao centro da Terra, ao Mundo Subterrâneo, para iniciá-lo no conhecimento da saga de seus descendentes e antepassados de Adoniran-Hirã. Ao cabo desta visita, Adoniran-Hirã recebe um martelo de Tubal-Cain, para desmontar a estrutura destruída pela ‘corrida’ frustrada do metal líquido. Um conto longo, mas que merece ser lido pelos estudiosos de Hirã, arquiteto mas igualmente ferreiro, descendente mítico portanto, segundo esta tradição recolhida à cultura árabe, de uma linhagem de ferreiros que alcança Caim.

5. A arte da guerra dos chineses: de 500 a.C. a Mao Tsé-Tung

Guerras e guerreiros cobrem toda a história dos homens. Na China, 500 anos A.C., um pensador e estrategista militar, Sun Tzu, anotou seus pensamentos sobre a atividade da guerra e a dos guerreiros num sucinto livro, um clássico sobre a matéria, redescoberto no Ocidente por um missionário jesuíta em Pequim, Padre Amiot, que o publicou em 1772 em Paris, mas que só ganhou a posição de ‘best-seller’ neste último século.

A edição através da qual tomei contato com a obra, foi a da Flammarion, 1972, traduzindo, por seu turno, os comentários do General Samuel B. Griffith, cujos conhecimentos de cultura chinesa e de estratégia militar possibilitaram-no elaborar monografia introdutória à mesma. Diz que a ‘tentativa de Sun Tzu é a primeira conhecida com vistas a estabelecer um fundamento racional para a planificação e a conduta de operações militares.’ ‘Acreditava que a estratégia hábil deve ser capaz de submeter o exército inimigo sem engajamento militar, de tomar cidades sem sitiá-las e de derrubar um Estado sem ensangüentar as espadas’. Segundo este autor, a ‘Arte da Guerra’ de Sun Tzu exerceu uma profunda influência ao longo da história da China, bem como sobre o pensamento militar japonês, tendo ainda sido fonte de teorias estratégicas desenvolvidas por Mao Tsé-Tung.

O comentarista General Griffith funda sua monografia em seis capítulos: o Autor; o texto; os Reinos Combatentes (daquela época); a guerra ao tempo de Sun Tzu; a guerra em sua ótica e Sun Tzu e Mao Tsé-Tung. Busca sintetizar o texto: ‘As doutrinas estratégicas e táticas expostas na ‘Arte da Guerra’ são baseadas na astúcia, na criação de aparências enganadoras para mistificar o inimigo, no avanço por vias inesperadas, na faculdade de adaptação instantânea à situação do adversário, na manobra leve e coordenada dos elementos de combate distintos e na rápida concentração (de força) em pontos fracos.’ E mais adiante: ‘Aquele que se fez mestre na arte da conquista desarma os planos de seu inimigo, deslocando suas alianças. Cavando um fosso entre soberano e ministro, entre superiores e inferiores, entre chefes e subordinados. Seus espiões e agentes atuam em todos os lados, recolhendo informações, semeando a discórdia e fomentando a subversão. O inimigo era isolado e desmoralizado, sua capacidade de resistência quebrada. Assim, sem combate, seu exército seria conquistado, suas cidades tomadas e seu governo derrubado. Somente quando não fosse possível destruir um adversário por esses meios, é que se recorreria à força armada para triunfar’.

Em sua obra, Sun Tzu apresenta treze famosos capítulos: Aproximações; A conduta da guerra; A estratégia ofensiva; Disposições; Energia; Pontos fortes e fracos; Manobra; As nove variáveis; Marchas; O terreno; As nove espécies de terreno; O ataque pelo fogo; A utilização de agentes secretos.

Sun Tzu ao longo de cada um destes capítulos discorre sobre pontos a serem assimilados pelo guerreiro caso queira chegar a bom termo em suas campanhas militares, clamando sempre por prudência – qualidade hoje em desuso - e objetividade analítica, ambas fundamentais a quem se dedique à arte da guerra. A rigor um texto essencial à iniciação do guerreiro, sintético e permanecendo vivo ao longo de 25 séculos, uma das ferramentas de estudo que possibilitou a Mao Tsé-Tung, através de guerrilhas, conquistar o poder central da China em 1949, governando-a a partir de então e criando as bases da China moderna e de seu espantoso crescimento atual. Embora conhecendo muitas derrotas deste o início de sua Marcha em 1935, até a conquista do poder, Mao explicava sua estratégia: "A revolução chinesa será feita com longas e complicadas guerrilhas de gente do campo estabelecendo posteriormente áreas liberadas que se tornarão cada vez mais extensas".( site: http://br.share.geocities.com/fusaobr/mao.htm)

6. Guerreiros da Suíça moderna (também existem!)

Em interessante obra ‘A Praça da Concórdia Suíça’, o jornalista americano John McPhee, então do ‘New Yorker’, narra a sua experiência em treinamentos militares naquele país.

A contracapa do livro, na edição traduzida ao francês de 1986, sintetiza: ‘A Suíça não tem um exército: a Suíça é um exército. Ela não fez guerra depois de quinhentos anos, mas seiscentos e cinqüenta mil homens podem ser mobilizados em menos de vinte quatro horas. Fenômeno único no mundo, este exército reconstitui em sua estrutura secular todas as características sociais, psicológicas e mesmo culturais da sociedade que tem por missão defender’.

Extraí algumas observações do livro em questão, sendo as mais significativas: a) 10% da população suíça é treinada para a defesa de seu território através da estratégia de guerrilha, atuando não só na floresta, como em túneis e em subterrâneos diversos; b) treinamento de sua milícia feito ao longo de trinta anos, por curtos períodos a cada ano, possibilitando à tropa ampliar gradualmente seu conhecimento do terreno nacional para operações de defesa; c) convocação individual, para encontro em pontos específicos identificados pelos comandos; d) adestramento de mobilidade da tropa, carregando armas leves e pesadas, por diversos meios de locomoção; e) desenvolvimento de uma estrutura de defesa contra invasões nas fronteiras, com o apoio de foguetes; f) desenvolvimento de táticas de guerrilha em caso de invasão; g) defesa da população civil em túneis, subterrâneos e porões dos edifícios contra bombas e foguetes; h) utilização de túneis e subterrâneos para armazenagem de bens, alimentação e de equipamentos militares.

Portanto pode-se inferir que tal treinamento do guerreiro suíço se aproxima das técnicas de guerrilha moderna, como demonstrou o exército do ‘Hezbollah’ no Líbano em 2006, ao rechaçar o ataque do exército israelense: mobilidade dos guerrilheiros, frente de combate em contínua mutação e utilização de foguetes de médio alcance, versão moderna do velho ‘ataque pelo fogo’ dos chineses, integrando capítulo específico da ‘Arte da Guerra’ de Sun Tzu, supracitado.

O livro suiço oferece inúmeras observações interessantes, destacando-se apenas as relevantes para identificar o perfil do guerreiro ali forjado. Por outro turno, o livro não aprofunda conceitos referentes aos conhecimentos tecno-científicos que os soldados devam alcançar, mas menciona o treinamento rigoroso experimentado pelos integrantes de seu Estado Maior (pág. 94), bem como a conexão de muitos deles com expressivas empresas e bancos suíços.

7. Mas os ferreiros continuam produzindo!

‘A industrialização da Inglaterra no século XVIII, uma modificação de estruturas econômicas e sociais, prepara a revolução industrial, conceito introduzido por Blanqui em 1837 e por F. Engels em 1845’.(Atlas Histórico da Stock, 1968, pág. 317).

Uma sucessão de novas invenções: emprego do coque na metalurgia (Darby, 1735), máquina a vapor (Watt, 1769), ateliê têxtil (Cartwright, 1785 e Jacquard, 1804) e conseqüentes revoluções na indústria têxtil e dos meios de transporte: navio a vapor (Fulton, 1807), locomotiva (Stephenson, 1814), acabou por transformar a Inglaterra no ‘ateliê industrial do mundo’. (idem, pág. 305)

Descobertas científicas diversas nos séculos XVII e XVIII - na matemática, na física, na biologia e na química - tornaram possíveis as novas invenções, possibilitando à Inglaterra ser o núcleo desta Revolução, inda que com uma população relativamente pequena para os padrões atuais – 13 milhões em 1780 e 27,4 milhões em 1851 – embora já com sua ampla rede de províncias-mercado. (‘The Oxford History of Britain’, 1994, pág. 425)

‘O desenvolvimento industrial não seguiu uma predeterminada ou previsível rota para o sucesso. O processo foi gradual e casual. Adam Smith olhava a indústria com suspeição; mesmo nos anos de 1820, economistas duvidavam que a tecnologia pudesse melhorar os padrões usuais do viver. Em 1688 mineração, manufatura e construção produziam 20% da renda nacional, e em 1800 a manufatura figurava com 25% e comércio e transporte com 23%’. (idem, 424).

Portanto, titubeante a princípio e mesmo criticada, a Revolução Industrial inglesa se espalhou pelo mundo como um novo padrão de produção na história humana, trazendo benefícios muitos e alguns malefícios, entre os quais a otimização das guerras com a introdução final das armas atômicas de destruição em massa, como as bombas jogadas pelos americanos sobre as populações civis de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945, dizimando-as.

Mas a indústria da guerra, derivada da Revolução Industrial, não eclode com tanta força antes da 1ª Grande Guerra Mundial de 1914/18 que permite testar, além dos armamentos adiante citados, igualmente o uso de gases químicos e até mesmo o principiante avião. O Atlas Histórico supracitado, à pág. 339, cita os principais progressos do século XIX e respectivos inventores: 1835: revólver, Colt; 1836: fuzil à agulha, Dreyse; 1850: submarino, Bauer; 1866: torpedo, Whitehead; 1867: dinamite, Nobel; 1833: metralhadora, Maxim; 1911: carro de assalto, Burstyn.

Da 1ª à 2ª Guerra Mundial, a Revolução Industrial colaborou intensamente, ampliando o poder de fogo à distância, culminando com as bombas atômicas. Viabilizou-se o deslocamento de tropas, com transportes sofisticados, em terra, mar e ar, e ampliou-se o poder de destruição e de morte. E por fim surgem o avião e depois o foguete, novas e sofisticadas formas tecnológicas da guerra pelo ar, cujo protótipo na Antiguidade eram as flechas de fogo e serão amanhã foguetes de todo tipo, com carga nuclear, capaz de infectar alguns quarteirões ao redor de sua queda ou toda uma cidade.

Se ciência e tecnologia, vetores fundamentais da Revolução Industrial, otimizaram a vida do homem sobre a Terra, ampliando-lhe idade média e melhorando sobrevivência e bem estar - alimentação, habitação, transportes, comunicação, saúde e educação – de outro lado, como um verdadeiro ‘eixo do mal’, ciência e tecnologia alimentaram a capacidade de destruição em massa de homens, famílias, cidades e respectiva riqueza, como a recente destruição do Iraque perpetrada pelos Estados Unidos da América nos exibe diariamente na televisão.

Liberado o poder de destruir, restam aos homens e às sociedades nas quais vive, a construção de estratégias de defesa contra o suposto e inesperado ataque alheio, como ensina a ‘História da estratégia militar depois de 1945’ de André Collet, em ‘Que sais-je?’, de 1994, defesas ancoradas mais e mais na capacidade tecnológica e industrial. Ao lado de sintetizar fundamentos da estratégia na história recente, o autor narra a evolução desta doutrina nos principais países do globo: Estados Unidos, União Soviética posteriormente Rússia, China e França.

Sintetiza André Collet as evoluções da doutrina estratégica americana entre 1945 e 1992, a saber: 1947 - ‘Construção de diques’, doutrina do presidente Truman; 1954 - ‘Represálias massivas’, início da dissuasão nuclear, Doutrina John Foster Dulles, adotada pela OTAN; 1962 - ‘A resposta gradual’, General Maxwell Taylor, posteriormente adotada pela OTAN; 1965-74 - ‘Corretivos à resposta gradual’ – ‘Destruição mútua assegurada’ (MAD, 1965), posteriormente doutrina James Schlesinger (janeiro 1974) e Harold Brown; 1976 - ‘A defesa por antecipação’: Conduta de operações explicitada pela Manual de Campanha FM 100-5 Operations; 1982 – Batalha Aéreo-terrestre: nova conduta às operações explicitadas no Manual de 1976, doutrina Rogers própria à Europa; 1990 – Novas Orientações Estratégicas: Presidente Bush, pai, em 1990.

Tais evoluções ou alterações doutrinárias, muito antes de serem alterações correlacionadas a terreno, tropa, gestão ou tipo do ‘inimigo’, são ajustes derivados da evolução tecnológico-militar, novo padrão oriundo da Revolução Industrial, crescentemente explorado pelos países na vanguarda tecnológica.

Mas se outrora se dizia que a guerra era responsável por progressos tecnológicos diversos, como por exemplo, os da ciência médica – para o que, aliás, colaboram igualmente desastres de trânsito – e nos últimos 50 anos os da Guerra Fria, o simples preparo para hipotéticas guerras introduziu uma cunha na Revolução Industrial, fazendo surgir e sistematizando o complexo industrial militar, hoje no poder das grandes potências, essencial para facilitar a transferência de recursos para seu desenvolvimento.

Em ‘Postmodern War’ - ‘The New Politics of Conflict’, publicado em 1997, Chris Hables Gray, Ph.D. em Ciência e Tecnologia na Universidade de Great Falls em Montana, EUA, narra a atualidade das guerras e usos da ciência, as primeira e segunda guerras mundiais, as pós-modernas, - Vietnã ou Golfo -, a hipótese da 3ª guerra mundial, esboçando por fim o futuro, com crescente colaboração entre cientistas e militares, que devem adquirir especializações científicas diversas, num estágio contínuo de pré-guerra, desenhado pelo ‘complexo industrial militar’.

8. Guerreiros e cientistas.

No capítulo à pág. 219, ‘Projeto ‘Forecast II: Força Aérea do Século XXI’ cita tendências desta Força, ensinando que ‘nos projetos futuros o papel de civis independentes têm continuamente declinado, enquanto a importância do pessoal militar com graduação científica trabalhando diretamente com o Departamento de Defesa aumentou proporcionalmente’, acrescentando ainda o ‘significante treinamento de oficiais em disciplinas técnicas e científicas’.

Mudou o padrão duas vezes: o complexo industrial militar se apropriou da Revolução Industrial, tornando-se sua força motriz, e os militares começam a se apropriar deste novo complexo, impulsionando sua performance, para muito além das estratégias doutrinárias clássicas: transformando agora o progresso científico militar na própria estratégia militar, doravante calcada neste progresso.

Assim deve ser entendida e ensinada a Revolução Industrial nas escolas: mudança de padrão, avanço tecnológico e sua transformação última no complexo industrial militar.

No Cap. VII da monografia sobre ‘Guerras Pós-modernas’, Chris Gray abordando ‘Guerra Futura: Planos Militares Americanos para o Milênio’, (págs. 212 a 226) cita o Gen. Hap Arnold, pai da Força Aérea americana, ao dizer que a ‘aliança entre os militares e a ciência era tanto política quanto estratégica’. E acrescenta Gray: ‘Começando em 1945 com ‘Rumo a Novos Horizontes’, os militares americanos iniciaram estudos para entender futuras guerras em termos de futuras tecnologias, juntando, numa série de conferências, futuristas, cientistas, escritores de ‘science fiction’, oficiais militares e burocratas civis’ (pág. 216). Muitos destes estudos se transformaram em parcela da ideologia norte-americana de guerra, transposta ao cinema nestes últimos quarenta anos.

Mas como mencionou Gray neste capítulo, a Força Aérea já busca treinar ‘significante número de oficiais em disciplinas técnicas e científicas’, uma nova iniciação do guerreiro, dentro de um conjunto de reformas para estabelecer a ciência dentro da Força Aérea, entre as quais aponta: ‘estabelecer um Quadro de Assessoria Científica e escritórios de ciência em comandos como os de inteligência; investir num largo programa de Pesquisa e Desenvolvimento com conexões a universidades e laboratórios industriais e fundar novos laboratórios de pesquisa para a Força Aérea, além do treino de oficiais em ciência (pág. 217).’

E conclui: ‘A Força Aérea tem liderado o caminho para institucionalizar a guerra pós-moderna, especialmente o papel da ciência e a inovação da inovação’.

Da pele do urso ou do javali, aos uniformes tecnológicos do ‘cyborg’, o impulso do guerreiro se sofistica e se transmuta, alquimicamente, mas é o mesmo padrão cultural que percorre esta história pouco conhecida entre nós: a da iniciação do guerreiro.

9. Mitos iniciáticos dos guerreiros

Os mitos continuam vivos, auxiliando a compor a iniciação do guerreiro no campo ético e emocional. O Ocidente é farto destes mitos desde os lendários Cavaleiros da Távola Redonda, reunidos em torno do Rei Artur, na remota ou mítica Inglaterra de seu tempo primordial, reatualizados nos tempos das Cruzadas – séculos XII e XIII – com a saga dos Templários, conservada na tradição maçônica de origem quer inglesa quer escocesa, saga a que se seguem os muitos heróis de guerra – e não foram poucos na História Moderna, a partir do século XVI – até, por exemplo, o atual James Bond, um surpreendente J:.B:., guerreiro moderno, com resistência física e intelectual surpreendentes, carregando consigo a ‘licença imperial para matar’ os inimigos do reino britânico, equipado com armas e tecnologia de vanguarda, cristalizando em si o máximo de performance a que um guerreiro, atuando quase que isoladamente, logra alcançar.

Os mitos continuam vivos em diversos graus maçônicos – Cavaleiro Templário, Cavaleiro de Malta, Cavaleiro Rosa Cruz, Cavaleiro da Cruz Vermelha de Constantino – para citar apenas os mais conhecidos, contudo sempre relembrados e suscitando sua contínua reelaboração, uma forma iniciática teórica.

10. Concluindo: a contínua e evolutiva iniciação do guerreiro

Ao início destes Apontamentos, mencionávamos a expressão de Eliade sobre a iniciação: ‘um conjunto de ritos e de ensinamentos orais, que persegue a modificação radical do estatuto religioso e social do sujeito a se iniciar. Filosoficamente falando, a iniciação equivale a uma mutação ontológica do regime existencial. Ao fim de suas provas, o neófito goza de outra existência que a anterior à iniciação: tornou-se um outro.’

O neófito que se submeteu à iniciação do guerreiro, gradualmente a assimilará, transpondo os muitos estágios culturais e civilizacionais que a expressaram ao longo da História, até o momento atual, marcadamente técnico em sua forma de ser, mas nem por isto menos mítico.

E mítico porque, como ensina Eliade: ‘A iniciação introduz o neófito na comunidade humana e no mundo dos valores espirituais. Aprende comportamentos, técnicas e instituições dos adultos,’ - por exemplo a História das guerras, de suas técnicas e respectivos armamentos –‘ como também mitos e tradições sagradas da tribo, nomes dos deuses e a história de suas obras: aprende, sobretudo as relações místicas entre a tribo e os Seres sobrenaturais assim como foram estabelecidas na origem dos tempos’.

Medita continuamente sobre os heróis guerreiros de seu povo, de sua tribo ou de sua História, por leitura, narração, ou pelo cinema que, ao trazer à tela os muitos heróis do passado – Cavaleiros do Rei Artur, Templários e James Bonds – desempenha um papel suplementar de iniciador simbólico ao mito de guerreiro.

E por fim ensina Eliade: ‘É, pois aos conhecimentos tradicionais (da instituição guerreira a qual se filia) que têm acesso os neófitos. São longamente instruídos por seus tutores; assistem a cerimônias secretas, sofrem uma série de provas, e são, sobretudo estas que constituem a experiência da iniciação: o reencontro com o sagrado.’

No caso em pauta, o reencontro com o mito do guerreiro, da forma em que este mito possa ser reassumido a cada momento histórico: na Grécia de Alexandre o Grande, com determinado formato; na Roma de Júlio César, outro. E assim, reencarnando-se e se atualizando continuamente através da História: na Idade Média, com as Cruzadas e os Templários; na Renascença, com conquista do Novo Mundo e do Oeste americano, pelos invasores europeus; depois com a iniciação nos exércitos regulares e nas muitas guerras que se sucederam, como as I e II mundiais e, por fim, hoje neste preparo para guerras inimagináveis com amplo suporte tecnológico.

A evolução das técnicas da atividade do guerreiro, a exigir doses menores de esforço físico, em benefício de crescente esforço intelectual, tal evolução se faz a partir, de um lado, de uma iniciação básica que desvenda, à cada época, o verdadeiro guerreiro, que se apossa de sua mitologia com plena consciência de seu processo iniciático, fatores determinantes para sua transformação interior e seu reencontro com o sagrado, arcanos que lhe compete assimilar.

A iniciação do guerreiro, por novos e inesperados caminhos, continua a se fazer na história do homem, apenas acrescida de novos padrões quando comparada à iniciação ‘daquele tempo’ ancestral, hoje enriquecida, inda que como sempre recôndita e enigmática.


2 comentários:

Eduardo Corrêa disse...

Sempre tenho dito que a maçonária é uma escola de reeducação, é a utilização de simbologia como a da iniciação é fundamentalpara isso, é uma pena que no mundo moderno estes valores não tem importancia, somos educados para vencer mas devemos lembrar que a derrota também faz parte da vida, mais uma vez parabens ao Ir.'. André pelo blog.

Aissar disse...

Parabéns mais uma vez, querido Ir.'. André, pela postagem. Principalmente pela pertinência do artigo. Receba o meu T.'. F.'. A.'. carinhoso.